No mundo do trabalho, onde convivem pessoas com contratos em tempo parcial, terceirizados, prestadores de serviços (PJ) e funcionários contratados, quem seriam, afinal, os “colaboradores”?

Esta discussão fica mais relevante com a discussão, no Congresso Nacional, da proposta de mudança de jornada de trabalho 6×1. Muitos empresários e políticos defendem a manutenção da atual jornada (enquanto na Europa se fala na semana de 4 dias), pois a possibilidade de os “colaboradores” terem dois dias de folga afetaria seriamente a sua produtividade.

Não podemos nem dizer que foi influência da língua inglesa, pois ela utiliza, adequadamente, os termos “employee” e “worker”.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) utiliza o termo trabalhador, assim como outras normas trabalhistas, pois há uma relação de subordinação (verticalizada). Por outro lado, colaborar tem o significado etimológico de trabalho lado-a-lado em uma relação horizontalizada.

Nada mais falso, pois o trabalhador não é um sócio da empresa, e sim tem uma condição de subordinação. A tentativa de suavizar a condição de subordinação com o uso do termo “colaborador” é acentuada com algumas práticas de recursos humanos para dar a impressão de que todos são parceiros e laboram conjuntamente. Inclusive, realizando programas, atividades e benefícios para os “colaboradores” e deixando de lado os terceirizados, os prestadores de serviços, os estagiários e demais trabalhadores.

Quando observamos os posicionamentos da Organização Internacional do Trabalho, observamos que, mais importante do que o termo utilizado, é termos empresas que tenham transparência nas suas práticas, que cuidem da saúde e segurança de forma legítima, previnam e abordem de maneira firme todas as formas de assédio e discriminação.

Tal questão pode ser considerada de menor importância, mas no mundo globalizado, com novas formas de trabalho, em constante mudança com a introdução da inteligência artificial, as relações da empresa com os trabalhadores devem ser feita de maneira genuína, sem eufemismos ou subterfúgios.

Alberto Ogata, presidente da Associação Internacional de Promoção de Saúde no Ambiente de Trabalho (IAWHP). É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.