Com o aumento significativo de pessoas trabalhando em esquema home office nos últimos anos, principalmente devido à pandemia, começaram a surgir discussões tanto nas empresas quanto na esfera pública relacionadas à regulamentação desse modelo de trabalho. Recentemente, foi publicada no Diário Oficial da União uma medida provisória (MP) que regulariza o trabalho remoto e questões como auxílio-alimentação, modelo de contratação e regras relacionadas ao local de trabalho.

Ainda que esse formato tenha aberto portas para novas maneiras de enxergar e exercer o ofício e permitido uma maior flexibilização da jornada como um todo, ele também acabou criando algumas dinâmicas não tão saudáveis e sustentáveis, tanto para os empregados quanto para os empregadores.

O que pudemos observar no período da crise sanitária é que as pessoas passaram a trabalhar até depois do horário com muito mais frequência do que ocorria no modelo presencial, seja pela facilidade de apenas continuar executando diversas tarefas por já estar em casa e não precisar se locomover para nenhum outro lugar, seja pela dificuldade de colocar limites entre a vida pessoal e laboral.

De acordo com uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA), quando o assunto é atingir e superar expectativas de resultados, 94% das organizações brasileiras afirmaram que com o home office puderam vivenciar esse cenário. Em contrapartida, um estudo realizado pela Microsoft, em parceria com a Universidade Harvard, com seis mil trabalhadores de oito países aponta que 44% dos brasileiros que atuam remotamente se sentem exaustos e insatisfeitos com a quantidade de reuniões e ligações durante o expediente e as trocas de mensagens fora do horário.

Ou seja, ainda que do ponto de vista das empresas os níveis de produtividade com o home office estejam satisfatórios, para as equipes há um esgotamento e cansaço muito maiores resultantes justamente dessa dificuldade em estabelecer limites.

E o fato é que a situação chegou a um ponto que era necessário criar regras para que a prática, inovadora e com potencial de permitir que os colaboradores montem suas rotinas de trabalho de forma mais leve, não acabasse sendo considerada algo negativo.

É importante para as companhias entenderem que a busca por mais resultados e produtividade é muito positiva, mas precisa ser realizada de uma maneira que não prejudique a saúde mental dos times. E o home office, quando bem aplicado, é capaz de criar uma dinâmica que permite não apenas melhores e mais rápidas entregas por parte dos colaboradores, como também um ambiente no qual eles se sintam mais motivados e felizes, pois conseguem ter uma rotina mais flexível e não precisam perder tempo indo e voltando do escritório.

A publicação dessa MP é um sinal de que estamos caminhando em busca desse cenário ideal, regulamentando a situação para que nenhum lado seja prejudicado e possamos continuar a desfrutar das diversas vantagens do trabalho remoto.

Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.