Temos muito mais do que um problema de saúde pública, na realidade enfrentamos uma equação com múltiplas incógnitas, cujos fatores saúde, economia e política atingem todas as pessoas.
A primeira incógnita é sobre quando voltaremos a ter segurança sanitária para atuarmos socialmente com naturalidade. Isto é, quando o risco de contaminação pela COVID-19 será mínimo, e as pessoas poderão regressar às atividades produtivas e interagir naturalmente, sem medo de adoecer ou contaminar seus entes queridos.
Os cientistas estão trabalhando em busca de uma vacina preventiva e medicamentos eficazes no tratamento das doenças causadas pelo vírus da vez, mas a conclusão dos estudos e testes toma muito tempo, principalmente para vencer os entraves econômicos e políticos em disputa.
A politização da pandemia aumenta a insegurança das pessoas, potencializando depressão, pânico, ansiedade, e outras síndromes que vão marcando o psiquê social, tornando mais difícil a recuperação socioeconômica. Os meios de comunicação de massa se encarregam da difusão doentia e irresponsável de dados alarmistas para obter audiência, com consequências imprevisíveis, como se não bastassem os verdadeiros problemas existentes.
Outra incógnita é o estrago que essa pandemia vai causar na economia em geral. As empresas de médio e pequeno porte e, as atividades autônomas não possuem reservas financeiras para sobrevier à paralização e ao ritmo lento da retomada das atividades. O índice de desemprego, que já não era pequeno, tenderá a aumentar gerando mais miséria e empobrecimento da classe média, agravando os problemas sociais.
O isolamento imposto acelerou a adoção de novos modelos operacionais como as lojas digitais, home office, ensino à distância, robotização, entre outras mudanças que, embora previstas, seriam implantadas de forma lenta e paulatina, na velocidade da absorção do mercado. Certamente essas mudanças vieram para ficar, e vão afetar requisitos profissionais exigidos para novos cargos, eliminando ou reduzindo precocemente a demanda por outros.
A queda do PIB trará consequências desastrosas para a administração pública; o que já era ruim, vai piorar. Não haverá disponibilidade financeira para estender saques e ajuda social por muito mais tempo. O volume de recursos que normalmente vem no final do ano foi antecipado e gasto em sobrevivência no período de isolamento compulsório, o que certamente reduzirá recurso para as compras de natal e ano novo, provocando queda no consumo e afetando toda a cadeia econômica.
Outra incógnita é a estabilidade institucional do Brasil. A conquista do poder executivo por um político não alinhado com a caterva existente, provocou forte reação contrária dos poderes legislativo e judiciário ao novo Presidente. As forças que sempre se locupletaram com as benesses do poder, promovem obstrução e ataques sem tréguas, onde o bem comum foi totalmente esquecido, e o objetivo é retomar o poder.
A velha política ainda dominante desfecha diariamente ataques midiáticos e fomentam manifestações violentas para destruir a imagem e desmoralizar o presidente eleito. O Congresso mal dissimula um bloqueio destrutivo, e o Judiciário, extrapolando sua missão de defensor da constituição, invade a competência dos demais poderes, liberta e ameniza a punição dos corruptos já condenados.
Governadores, prefeitos, câmaras estaduais e municipais afrontam o poder central com o apoio do STF; malversam descaradamente os recursos públicos liberados devido as emergências sanitárias, enquanto milhares ou milhões de funcionários agraciados pelos governos anteriores resistem à moralização dos serviços públicos em geral.
Por sua função natural como mediador entre o Capital e o Trabalho, o RH pode exercer uma influência enorme na solução dos problemas sociais decorrentes dos fatores mencionados, pois as pessoas empregadas nas médias e grandes empresas representam uma quantidade significativa e influente da população.
O RH é, ao mesmo tempo, representante do poder econômico que dá emprego e estabilidade, e parte dos trabalhadores nas empresas, o que lhe outorga credibilidade e isenção. Compete, pois, ao RH. ajudar a estabelecer a harmonia possível entre os interesses dos empregados e dos empregadores, buscando amenizar os impactos inevitáveis da crise atual.
Felizmente, a flexibilização das leis trabalhistas mencionadas em artigos anteriores oferece oportunidades legais para ambas as partes negociarem as melhores soluções possíveis. A preservação da força de trabalho para a eventual recuperação das atividades econômicas no futuro justifica, em termos de custos, eventuais sacrifícios dos empregadores, bem como, a manutenção do emprego, mesmo com uma renda menor, justifica economicamente algumas perdas dos empregados.
Quando não for possível evitar redução de quadros, pode-se estabelecer um plano de demissão voluntária, priorizando os casos de menor impacto social, como por exemplo, os casos de empregados que já tenham direito a aposentadoria, pessoas com menores responsabilidades sociais, e assim por diante.
Por outro lado, o RH pode estimular projetos de voluntariado para aproveitar socialmente o tempo ocioso, gerando autoestima e valor social, obtendo em adição melhoras no clima organizacional. Diga-se de passagem, que algumas empresas já estão fazendo isso, com efeitos bastante positivos no ambiente interno, e na própria imagem pública.
Nas carreiras que incluem planos de Treinamento e Desenvolvimento, pode-se antecipar cursos e seminários, estágios em outras unidades no país ou no exterior, bem como, patrocinar cursos de autoestudo para adequar as qualificações profissionais às novas exigências do mercado, bem como, elevar o nível de conscientização política das pessoas.
O sistema de comunicações internas deve ser utilizado estrategicamente para levar informações pertinentes e estimulantes para os funcionários e seus familiares, reforçando o moral pessoal e alentando para dias melhores. O endomarketing é igualmente um meio de promover a conscientização política, social, moral e ética dos funcionários, reforçando os princípios democráticos de liberdade individual e de mercado, neutralizando os efeitos negativos da doutrinação comunista presente em outros meios de comunicação de massa.
Capital e Trabalho possuem interesses comuns, e não antagônicos.
Vamos ajudar o Brasil a vencer a crise e permanecer democrático.
Por Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.