Com o avanço da digitalização nas empresas, tivemos muitas mudanças de comportamento tanto dos líderes e gestores, quanto dos colaboradores. Antes dessa transformação protagonizada pelo universo corporativo, que foi fortemente impulsionada pela pandemia, já estávamos caminhando para um movimento de valorização das hard skills – e isso só se intensificou de lá para cá.

Isso porque nos últimos dois anos as organizações tiveram que reinventar muitos de seus processos e produtos, e a tecnologia foi essencial para que tivessem sucesso nessa tarefa. Sem a adoção de novas ferramentas e profissionais qualificados que soubessem usá-las, não teria sido possível que companhias de todos os portes e segmentos encontrassem formas de seguir no mercado e até alavancar seus negócios durante a crise sanitária.

Um levantamento realizado pelo Linkedin mostra que os empregos da área de tecnologia que mais vão se destacar este ano são engenheiro(a) de dados, engenheiro(a) de confiabilidade de sites (Site Reliability Engineer – SRE) e recrutador especializado em tecnologia (Tech Recruiter), o que dialoga totalmente com as novas demandas do mercado de trabalho e expectativas das empresas para os próximos tempos.

Porém, existe um outro tipo de profissional que começou a ser muito visado pelo mercado de 2020 para cá: aqueles com habilidades comportamentais, que se destacam por sua postura social e emocional ao lidar com o trabalho e com os colegas. De acordo com uma pesquisa produzida pelo Infojobs, 77,2% dos profissionais de RH afirmaram que hard skills, conhecidas como aptidões técnicas, e soft skills são decisivas no momento de contratação.

Segundo outro estudo realizado pelo Linkedin sobre competências comportamentais, 92% dos recrutadores declararam que elas são tão ou mais importantes do que as hard skills, e para 89% deles o fator principal para que uma contratação não aconteça é justamente a falta delas. Já o relatório The Future of Work 2021: Global Hiring Outlook, produzido pelo Monster, site de empregos global, aponta que colaboração, flexibilidade e confiabilidade são algumas das principais soft skills visadas pelos empregadores.

O mais interessante desse cenário é que apenas alguns anos atrás tínhamos uma noção completamente diferente do que era essencial para o funcionamento e desenvolvimento dos negócios, e dificilmente a valorização das habilidades sociais e emocionais entrava nessa lista. Agora, por outro lado, já não conseguimos imaginar a evolução do mundo corporativo sem líderes e gestores que contem com essas aptidões – o que considero extremamente positivo.

Acredito que de agora em diante viveremos em um contexto no qual cada vez mais os profissionais precisarão contar com ambas as qualidades, utilizando-as de forma complementar para realizar o melhor trabalho possível e ter uma relação mais saudável com os colegas de trabalho.

Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.