Sempre acreditei que podemos aprender sem precisar cometer os mesmos erros que outros já cometeram, seja em casa com nossos pais ou criadores, como também com amigos, colegas de trabalhos e líderes.

Nos últimos meses, temos acompanhado o drama da Guerra entre a Rússia contra a Ucrânia, onde dois homens se tornaram destaque no mundo: Vladimir Putin, o presidente da Rússia, e o corajoso Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, exemplos de governança completamente distintos. Enquanto, aplaudimos as condutas de Zelensky, pela coragem, pelo posicionamento e por enfrentar de frente um dos maiores desafios de sua vida, temos também o exemplo de Putin, uma gestão violenta, prepotente e egocêntrica, que deve ser evitada pelas organizações e pelos líderes.

Baseado neste acontecimento, vou tentar retratar uma visão ainda que muito restrita e míope sobre cada ação e estratégia negativa adotada pelo presidente da Rússia em termos de liderança.

  1. Exagero de autoconfiança – Para especialistas do departamento de inteligência dos Estados Unidos, como por exemplo, Mike Rogers: “O presidente russo, se excedeu e confundiu o sucesso tático com sucesso estratégico”. Apoderar-se da Geórgia sem enfrentar consequências fez com que ele acreditasse que pudesse fazer qualquer coisa em nome de uma Rússia ressurgente.
  1. Comunicação violenta – O conceito de comunicação não violenta de Marshal Rosenberg, intitulou de linguagem “Chacal”, toda comunicação: agressiva, que gera punição, recompensa, culpa, medo e violência. Esta é a linguagem que Putin adota para com seus vizinhos/oponentes, a mesma comunicação agressiva que utilizou (e teve êxito) em suas campanhas políticas repletas de fake News nos territórios Europeus, causando divisão na União Europeia. E apesar de Putin se mostrar autoritário, agressivo e bastante violento, todos (o público) permitiram que ele acreditasse estar em uma posição mais poderosa do que realmente estava. O excesso de confiança leva qualquer líder à ruína. A soberba sempre precede a queda de qualquer liderança prepotente.
  1. Grupo restrito e isolado – Quando um líder deseja inculcar uma ideia e convencer um grupo de pessoas a realizar determinadas ações que vão contra a ética, os valores e direitos humanos, os grupos se tornam bastante restritos e isolados. Por exemplo, quando as democracias liberais se juntaram diante a Putin, o russo foi obrigado a retornar aos dias em que lembrava ao mundo que possuía armas nucleares e que não tinha receio de usá-las. Na medida em que se tornou mais forte, o círculo de liderança de Putin ficou menor ainda, além de mais isolado, o que o fez perder enormes oportunidades de modernizar a economia da Rússia”, afirma Mike Rogers.

Sabemos que o autoritarismo e agressividade são contrárias a uma liderança assertiva, e notamos que Putin sempre se mostrou obstinado pelo poder. Um líder com tais características e propensão ao autoritarismo eliminam o espaço para uma gestão que promove pessoas, forma e capacita profissionais. Lideranças apoiadas no autoritarismo dificilmente sobrevivem por muito tempo.

A autora da obra Flight Lessons: Navigating Through Life’s Turbulence and Learning to Fly High” (Lições de Voo: Navegando por entre as turbulências da vida e aprendendo a voar alto), de Barbara Bell, também capitã aposentada da marinha dos Estados Unidos, atualmente professora de liderança garante: “Poder sem liderança ética leva à catástrofe”.

A falta de autonomia individual para o colaborador pode minar a equipe, assim como está acontecendo com a nação russa e a Ucrânia. Quando a liberdade individual é ofuscada todos pagam o preço. Observando as notícias, as redes sociais e os canais de comunicação, vemos que o desejo do povo tem sido ignorado, mas uma liderança de sucesso não desconsidera o desejo de seu time.

Para finalizar, assim como os líderes egocêntricos, Putin tem os seus bajuladores, uma suposta torre de marfim, e conselheiros néscios. Isso nos remete a pensarmos sobre as pessoas que estão a nossa volta. Será que estamos cercados de pessoas que apenas dizem “amém” para tudo o que decidimos ou temos ao nosso lado colaboradores que sabem argumentar e divergir de opinião quando necessário?  Eu costumo dizer que a responsabilidade de tomar decisões é minha, mas não as faço sem antes conversar com o time e ouvir a opinião dos mesmos, pois muitas vezes (na maioria), eles sabem mais do que eu sobre determinado assunto.

Putin se nega a ouvir as pessoas (liderados), pelo contrário! Tem reprimido ativamente as vozes e opiniões divergentes, minando a criatividade, a inteligência e principalmente as habilidades.

Será que existe alguma semelhança com as corporações e organizações em que atuamos?

Por fim, Putin age de forma independente, autoritária e agressiva. Não existe concordância ou apoio nem mesmo entre os seus líderes sêniores. Trata-se de um líder totalitário, e as previsões de inúmeros especialistas é que uma liderança neste formato não prevalece e nem dura por muito tempo no poder, mas infelizmente faz grandes estragos durante o tempo em que ali estiver.

Se você é um líder, que tal se examinar?

Será que a sua liderança tem sido uma gestão estilo Putin?

Está na hora de refletirmos.

Abraço e até a próxima!

Por Marcelo Simonato, executivo, escritor, palestrante e especialista em Liderança e Gestão de Pessoas. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação

Saiba mais sobre o meu trabalho como Executivo, Conselheiro de Empresas, Mentor de Líderes, Escritor e Palestrante, Especialista em Liderança Humanizada na Prática. Site.