Com base na cesta mais cara, que, em maio de 2024, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.
Assim sendo, o DIEESE define que em maio de 2024, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.946,37 ou 4,92 vezes o mínimo de R$ 1.412,00. Em abril, o valor necessário era de R$ 6.912,69 e correspondeu a 4,90 vezes o piso mínimo. Em maio de 2023, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.652,09 ou 5,04 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.320,00.
Nos cinco primeiros meses de 2024, o custo da cesta básica aumentou em todas as cidades, com destaque para as variações do Nordeste: Natal (15,11%), Recife (14,94%), João Pessoa (14,45%), Fortaleza (12,61%), Aracaju (12,04%) e Salvador (11,10%).
Esses picos, nada condizentes com os índices oficiais do INPC e IPCA, talvez sejam desprezados nos dados oficiais ao final do ano.
Considerando os dados acima, podemos imaginar o impacto na qualidade de vida da maior parte dos trabalhadores, cujos vencimentos foram ajustados em janeiro deste ano, principalmente daqueles que ganham menos do que cinco salários-mínimos.
Certamente esse tema não entra na pauta dos congressos internacionais, nem no modismo temático dos grandes palestrantes de RH, mas afeta diretamente o estado emocional e motivação da força de trabalho no “chão da fábrica”, portanto, é pauta compulsória dos gestores de pessoas. O estômago fala mais alto do que os índices divulgados.
Convém ao RH acompanhar a real evolução econômica e assegurar-se de que tais correções sejam previstas no Planejamento Financeiro e administradas pelos Recursos Humanos. Quando possível, usar o dólar americano como referência econômica mais estável.
Os que passaram por períodos de inflação elevada sabem bem do que estou falando, e é bom ter uma política de cargos e salários adequada ao rumo que está tomando nossa economia real.
Para amenizar as perdas com a inflação, pode-se dar aumentos como antecipação da correção salarial, abono extraordinário, ou mesmo doação de cestas básicas para compensar as perdas durante o ano, independentemente de aumentos de méritos e promoções.
Aos que desejarem, serei mais que feliz em enviar gratuitamente uma sugestão de como apurar a erosão salarial com a inflação e a cotação do dólar, e exemplo de política de gestão de cargos e salários para enfrentar esse problema. Basta solicitar pelo e-mail.
Certamente, esse suporte financeiro vai trazer um enorme retorno em termos de engajamento, redução de turnover e clima organizacional.
Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.