Você já parou para pensar se a tecnologia está facilitando ou limitando sua bolha? Será que a inteligência artificial, que parece adivinhar nossos desejos e necessidades, está realmente nos ajudando a crescer? Ou será que ela está nos aprisionando em uma bolha confortável, mas perigosa?
Quantas vezes você aceitou uma sugestão de playlist no Spotify sem questionar? Ou seguiu a recomendação de um filme na Netflix simplesmente porque era parecido com algo que você já viu? E se, no meio de tantas facilidades, você estivesse perdendo oportunidades de expandir seus horizontes e aprender algo novo? Será que estamos ficando cada vez mais presos ao que nos é familiar, vivendo uma rotina previsível e segura, sem nos desafiar?
Essa comodidade, oferecida pela inteligência artificial, é como uma mãe superprotetora que antecipa todas as necessidades do filho. Ela nos poupa do desconforto, das frustrações e até dos erros. Mas será que esse excesso de previsibilidade está nos impedindo de crescer?
A IA sabe muito bem o que gostamos. Ela nos mostra vídeos que já aprovamos, recomenda produtos baseados em nossas compras anteriores e até molda nosso feed de notícias para confirmar nossas crenças. Parece um sonho, não é? Mas é justamente aí que mora o perigo. Ao nos cercar apenas de coisas que nos confortam, a IA está criando uma bolha invisível, onde só o familiar tem espaço. Assim, sem perceber, estamos perdendo oportunidades de aprendizado, crescimento e amadurecimento, ficando à mercê do previsível e nos afastando da inovação.
Todos nós sabemos que o desconforto é parte essencial do crescimento. Na vida, são os desafios que nos fazem aprender. O problema com a bolha criada pela IA é que ela afasta o desconforto, limitando nossas chances de enfrentar o novo, o incerto e o imprevisível. E isso vale tanto para a nossa vida pessoal quanto para a vida profissional. Quando ficamos presos ao que já conhecemos, perdemos a oportunidade de sair da nossa zona de conforto e explorar novas ideias, habilidades e caminhos. O medo de errar é, muitas vezes, o que impede a inovação e, sem ele, nos tornamos vulneráveis ao fracasso a longo prazo.
Assim como na vida pessoal, as empresas também correm o risco de se prender à bolha criada pela IA. Quando as decisões empresariais são baseadas apenas em dados históricos e nas preferências já conhecidas dos consumidores, o espaço para inovação se estreita. E o que pode ser confortável no curto prazo – ao manter o status quo – pode ser fatal no futuro. O mercado muda rapidamente, e as empresas que não arriscam, que não exploram o novo, ficam para trás. A chave para o sucesso empresarial é justamente a capacidade de olhar além dos dados e explorar territórios desconhecidos.
A primeira coisa que precisamos fazer para romper essa bolha é reconhecer que estamos presos nela. A IA nos dá conforto, mas precisamos ser proativos em buscar o desconhecido. Na prática, isso significa questionar os algoritmos, sair da zona de conforto e abraçar o novo. Para pessoas, pode ser aprender novas habilidades, consumir conteúdos diferentes ou se expor a ideias que desafiem suas crenças. Para empresas, isso significa fomentar a cultura da inovação, permitindo que as equipes experimentem, testem novas ideias e aceitem o risco como parte do processo criativo.
A inteligência artificial veio para facilitar nossas vidas, mas não podemos deixar que ela nos transforme em prisioneiros de nossos próprios gostos e preferências. O verdadeiro crescimento, seja ele pessoal ou profissional, está no equilíbrio entre o conforto e o risco. Precisamos aprender a usar a IA como uma ferramenta, mas sem nos acomodarmos em suas facilidades. Assim como uma mãe que precisa deixar seu filho experimentar o mundo para crescer, nós também precisamos sair da bolha e explorar o que está além do nosso alcance imediato.
No final, o que nos faz avançar são os desafios que enfrentamos e as experiências que acumulamos fora da nossa zona de conforto. Esteja sempre disposto a desafiar a IA e, principalmente, a desafiar a si mesmo.
Por Leila Navarro, Palestrante Motivacional, Conselheira da Felicibilidade e da Futurabilidade, Nexialista & Gestão Biodigital É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Blog. Foto: Divulgação.