Apresentar-se em público já é, para muitos, uma tarefa repleta de desafios. O temor de errar, a pressão de ser compreendido e o desejo de causar uma boa impressão podem gerar ansiedade. Quando somamos a isso a necessidade de se comunicar em outro idioma, esse medo pode se intensificar consideravelmente.
Profissionais que, em sua língua materna, dominam a arte de falar em público, muitas vezes se veem inseguros e vulneráveis ao precisar fazer o mesmo em uma língua estrangeira.
Mas essa barreira, embora difícil, pode ser superada com as abordagens certas.
Recentemente, acompanhei essa trajetória de perto com uma mentorada. Ela, como tantos outros profissionais, enfrentava o desafio de apresentar um projeto importante em inglês, idioma que não dominava com total fluência. Seu medo de cometer erros e de não ser bem compreendida quase a paralisou, tornando o processo de preparação extremamente difícil. Esse tipo de ansiedade é comum, e muitas vezes se manifesta de maneira intensa, especialmente quando os profissionais sentem que sua imagem e reputação estão em jogo.
Por que esse medo é tão frequente?
O medo de falar em outro idioma tem várias origens. Em primeiro lugar, há o receio natural de ser julgado pelos outros, sobretudo quando se trata de colegas ou líderes de outros países. A insegurança sobre o próprio nível de fluência, o medo de errar a pronúncia de palavras ou de não compreender perguntas também aumentam a ansiedade. No caso da minha mentorada, essa pressão foi ampliada pela necessidade de utilizar termos técnicos em um campo que exige precisão. Ela temia que seu sotaque ou pequenas falhas de linguagem comprometessem sua credibilidade.
No entanto, há formas eficazes de superar esse bloqueio e adquirir confiança para realizar apresentações em outro idioma. Trabalhamos juntos em algumas estratégias que foram fundamentais para mudar seu mindset e ajudá-la a vencer essa barreira.
Estratégias para vencer o medo
A primeira etapa crucial foi a preparação minuciosa. Ensaio é a chave. Minha mentorada começou a praticar sua apresentação em voz alta, gravando-se para identificar pontos de melhoria e ganhar familiaridade com as palavras e expressões que usaria. Compartilhar essas gravações com colegas de confiança e pedir feedbacks ajudou-a a perceber que, na maior parte do tempo, seus erros eram mínimos e não impactariam a mensagem final. A repetição também ajudou a tornar o processo mais automático, reduzindo a ansiedade natural.
Em seguida, discutimos a importância de focar na mensagem e não na perfeição. Quando se apresenta em outro idioma, muitas pessoas se concentram demais em pequenos detalhes, como a pronúncia exata de uma palavra ou a estrutura gramatical perfeita. Isso pode ser um obstáculo. O mais importante é transmitir a ideia com clareza e gerar conexão com o público. Mesmo que erros gramaticais ocorram, o que realmente conta é a efetividade da comunicação. Ao mudar o foco do “erro” para o “resultado”, minha mentorada começou a se sentir mais confortável com a apresentação.
Outro recurso valioso foi o uso de ferramentas de apoio. Slides bem estruturados, gráficos e até vídeos serviram como guias visuais que não apenas ajudaram a manter a apresentação organizada, mas também funcionaram como suporte para ela. Essas ferramentas oferecem ao apresentador um certo alívio, já que o conteúdo não depende exclusivamente de suas palavras faladas. Além disso, reforçam a mensagem e permitem que o público acompanhe o raciocínio mesmo que haja pequenas falhas linguísticas.
A importância da prática em ambientes reais
Outro ponto crucial foi encorajá-la a participar de ambientes internacionais. Isso significa, sempre que possível, buscar interações em que o segundo idioma seja falado.
A exposição constante ao idioma em situações reais — seja por meio de reuniões, eventos internacionais ou até mesmo conversas informais com colegas de outras partes do mundo — ajuda a reduzir o medo de errar em público. Esse contato constante é um processo de familiarização que, com o tempo, torna o ato de falar em outro idioma mais natural e menos intimidador.
Empatia com o público e autoconfiança
Um dos aspectos mais transformadores dessa jornada foi a compreensão de que o público está mais interessado no conteúdo do que na perfeição da forma. Durante o processo de mentoria, discutimos a importância de ter empatia com o público e de entender que pequenos erros linguísticos são normais e aceitos.
Quando o apresentador adota uma postura aberta, amigável e até mesmo transparente ao lidar com seus próprios erros, isso pode até fortalecer sua conexão com o público, humanizando a apresentação. Afinal, ninguém espera que alguém que não é nativo em um idioma seja perfeito.
A experiência da minha mentorada foi um exemplo claro de como enfrentar o medo e sair da zona de conforto pode trazer um crescimento profissional significativo. Ao final, ela não apenas conseguiu realizar sua apresentação com sucesso, como também ganhou uma confiança renovada para desafios futuros. Dominar a arte de apresentar-se em outro idioma não é apenas uma questão técnica, mas uma oportunidade de expansão profissional e pessoal. E em um mercado de trabalho cada vez mais globalizado, essa habilidade é extremamente valorizada.
E você, já passou por essa situação? Como superou o medo de se apresentar em outro idioma? Compartilhe suas experiências nos comentários!
Profa. Dra. Fátima Motta, Sócia-Diretora da FM Consultores. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.
Se você está buscando desenvolver suas habilidades de comunicação em um segundo idioma ou precisa de apoio para vencer esse medo, entre em contato. Vamos trabalhar juntos para desbloquear seu potencial e superar essas barreiras. Não deixe que o medo impeça você de crescer! Entre em contato para mais informações: WhatsApp e pelo site.