Sintonizando a nossa vibe

Trago três posicionamentos que são pilares nesta abordagem:

Falar sobre Branquitude para entender a Negritude - Texto I

 

 

Combinado?

Falar Sobre Branquitude Para Entender a Negritude

O título pode ser instigante, pois pouco ou quase nunca esse tema é abordado.

Esta matéria é uma oportunidade para retirar mais um tema que mantido submerso, fortalece preconceitos crenças discriminatórias sobre as pessoas negras.

Vamos combinar também:

  • Não vamos esperar 167 anos, até 2190, para equidade racial acontecer. Por quê? A pauta racial é nossa. Também é sua! 
Falando sobre Branquitude –  Que Histórias Nos Contaram?

Lia Vainer Schucman, em seu livro "Entre o encardido o Branco e o Branquíssimo", fala sobre a Branquitude e o poder na cidade de São Paulo.

Para Lia, branquitude é “a construção sócio-histórica produzida pela ideia falaciosa de superioridade racial branca, e que resulta, nas sociedades estruturadas pelo racismo, em que os sujeitos identificados como brancos adquirem privilégios simbólicos e materiais em relação aos não brancos”.

“...  o branco tem uma ideia de que ele é normal. Ele é a norma e o outro, diferente."

"Assim sendo, o branco já tem de partida um privilégio muito grande: ele não carrega sua raça. Se ele roubar, vão falar ‘aquele homem, o João, roubou a loja’. Nunca será ‘o branco’ roubou” - Lia Vainer Schucman.

Não posso deixar de mencionar outra obra imperdível de autoria da Profª Dra. Maria Aparecida Bento: “O Pacto da Branquitude”.

“É um pacto não verbalizado de preservação de um grupo nos melhores lugares sociais.

A branquitude se expressa em uma repetição ao longo da história, de lugares de privilégio assegurados para as pessoas brancas, mantidos e transmitidos para as novas gerações”, Cida Bento

"Quem herda o privilégio não deve sentir-se culpado por isso, mas ao identificar que detém oportunidades que são negadas a outros seres humanos, deve assumir a responsabilidade de agir para “mudar o final dessa história”.

Como ocorreu a construção da “ideia falaciosa” da superioridade branca?

Comecemos pelo conceito de raça, termo impróprio para seres humanos, baseado no fenótipo, traços observáveis, mensuráveis em relação a outros grupos raciais.

Já na Inquisição Espanhola, a “pureza de sangue” passou a segregar e matar judeus e mouros, perseguidos com base na imposição da teoria do Monogeísmo: humanidade constituída de uma única espécie, descendente de um ancestral comum; Adão e Eva, representados por pessoas brancas.

Escravização pela Raça

"Escravizado" refere-se à pessoa que foi submetida à escravidão, sendo assim, ser escravizado consiste em ser obrigado a trabalhar contra sua vontade e em condições indignas e degradantes de trabalho.

A escravização pela raça ocorreu nos séculos XVI e XVII, com a expansão marítima e invasão do continente americano pelos europeus, culminando com o genocídio dos povos nativos e a escravização.

Os europeus agregaram mais um elemento para a escravização do homem: a cor da sua pele. Estava criada a escravização racial.

O domínio do “novo mundo”, o genocídio dos povos nativos e a escravização sistêmica de povos africanos geraram um movimento de tentativa de justificação de tais relações de poder por uma suposta hierarquia das raças.

Brasil quase quatro séculos e 5 milhões de escravizados

Os europeus consideravam que povos de origem europeia nata seriam mais inteligentes e capazes para dominar e prosperar, enquanto os negros e indígenas foram, por muitas vezes, considerados animais, sem alma. 

Negro é Raça... Preto é Cor

Raça é uma classificação inapropriada de seres humanos, a partir do fenótipo.

No Brasil, negros constituem mais de 57% da população preta e parda. E onde estão os negros? Nas empresas continuamos em posições subalternas. No ambiente físico da sociedade, delimitados, geograficamente, pelo racismo ambiental.

O que é Negritude?

Foi Aimé Cèsaire, em 1935, quem criou este termo, surgido como crítica social e reivindicação da identidade negra e sua cultura, perante a cultura francesa dominante e opressora.

Epistemicídio – Estratégias de Apagamento

Ao longo da história, ocorreu o “epistemicídio” ou apagamento dos saberes, da história e da cultura das pessoas negras e no Brasil. Tivemos 8 Atos que estruturaram, normalizaram o racismo.

Hoje

Movimentos negros, historiadores e sociólogos entendem negritude como:

  • Valorização de uma cultura de matriz africana;
  • Processo de aquisição de uma consciência racial;
  • Estilo artístico; Filosofia de vida;
  • Uma bandeira de luta;
  • Conscientização do valor e riqueza cultural dos negros e
  • Base da ação política do movimento negro organizado.

Por Jorgete Lemos, CEO da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços – Consultoria Organizacional. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Arquivo ABRH SP Seccional Av. Paulista.