A introdução da inteligência artificial no setor de RH está transformando como os processos de recrutamento, seleção e treinamento são realizados. Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey, 67% das companhias nos Estados Unidos que implementaram tecnologias de IA no recrutamento disseram que houve uma diminuição significativa no tempo necessário para ocupar vagas. Já de acordo com estudo da Global Talent Trends, realizado pela Randstad Enterprise, provedora global de soluções de talento, 97% das instituições afirmam que a adoção das IAs aumentou a atração, comprometimento e retenção de talentos em 2024.

Com ela, é possível, entre outras coisas, automatizar e otimizar processos como triagem de currículos, análise de desempenho e engajamento dos funcionários. De acordo com estudo da Deloitte, empresa de consultoria, 58% das organizações que usavam IA para a gestão de desempenho registraram aumento na precisão das avaliações e engajamento dos colaboradores. Ainda segundo a pesquisa, 45% dessas companhias viram uma melhora na retenção de talentos, impulsionada pela personalização das estratégias de desenvolvimento com base nos insights gerados pela IA.

Ainda que tenha se popularizado há menos de dois anos, a evolução da ferramenta tem sido rápida e contínua. Inicialmente, a automação envolvia tarefas simples e repetitivas. Hoje, a IA pode lidar com tarefas mais complexas, como análise de sentimentos e predição de comportamentos – porém, vale destacar que o olhar humano nesses aspectos também é fundamental.

No mercado de trabalho, a IA está mudando a forma como as empresas analisam os currículos, e também como os candidatos se inscrevem para as vagas. Isso porque ela pode correlacionar habilidades e experiências de candidatos com as necessidades das ofertas de forma precisa e eficiente, o que reduz o tempo e o custo dos processos de recrutamento.

Atualmente, há cada vez mais o uso da tecnologia pelos dois lados – o que tem gerado discussões nas redes, como X (antigo Twitter) e LinkedIn, sobre o quão efetivas são as análises dos currículos realizadas pelas empresas, e o quão verdadeiros são aqueles criados a partir da análise da IA sobre as oportunidades em questão.

Além disso, o uso crescente de IA no RH também tem levantado algumas questões éticas, visto que envolve a privacidade dos dados dos trabalhadores, e os impactos de decisões automatizadas na vida das pessoas, sendo pontos de atenção que precisam ser abordados cuidadosamente. A tecnologia, apesar de seus benefícios, deve ser implementada com transparência e responsabilidade para garantir que os resultados do seu uso sejam justos e não discriminatórios.

Penso que o caminho certo nunca deve ser negar a inovação e frear o seu desenvolvimento e avanço, mas sim entender ao máximo os impactos que ela vai trazer e implementá-la de uma forma consciente e positiva, levando em consideração o que é benéfico para a sociedade a médio e longo prazo. No caso da IA, ainda estamos no meio do furacão, e mesmo que muitos acreditem que ela vai apenas substituir os humanos e torná-los “inúteis” para o mercado, acredito, na verdade, que ela vai transformar o futuro do trabalho e criar novas oportunidades – só precisaremos compreender como aproveitá-las.

*Gustavo Caetano é fundador da Samba, especialista em soluções digitais simples, inteligentes e eficazes que impactam significativamente os resultados, proporcionam vantagens competitivas e perpetuam com maturidade os clientes no mercado. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.