O sucesso de uma organização está diretamente ligado à sua capacidade de identificar e resolver problemas de maneira eficaz. Em um mundo onde as mudanças ocorrem a uma velocidade exponencial, essa habilidade se torna ainda mais crucial. A neurociência e o mindset criativo oferecem ferramentas poderosas para aprimorar essa competência, combinando o pensamento divergente e convergente com técnicas práticas de análise e solução de problemas.
A criatividade, muitas vezes vista como uma habilidade inata, é, na verdade, fruto de uma sinergia complexa entre diversas áreas do cérebro. Quando nos deparamos com um problema e buscamos uma solução inovadora, os pensamentos divergente e convergente são fundamentais. O pensamento divergente, que é associativo e flexível, permite a geração de múltiplas soluções para um único problema, encorajando a exploração de possibilidades diversas e inovadoras. Por outro lado, o pensamento convergente é focado e lógico, essencial para a seleção da melhor solução dentre as opções geradas.
Esses dois tipos de pensamento não são apenas complementares; eles formam um ciclo contínuo que alimenta o processo de resolução de problemas.
O uso de técnicas de pensamento divergente e convergente podem ajudar a abordar problemas comuns, como mal-entendidos e falhas de comunicação, suportando a resolução de conflitos e outros temas críticos em gestão de pessoas. E para ilustrar isso, consideremos a técnica dos “5 Porquês”, uma abordagem simples que pode ser usada para conectar pensamento divergente e convergente e explorar um problema em profundidade. Vamos imaginar que uma empresa enfrenta dificuldades na retenção de talentos:
1. Por que o problema ocorreu?
Porque os funcionários não se sentem valorizados.
2. Por que os funcionários não se sentem valorizados?
Porque a empresa foca exclusivamente em metas e desempenho.
3. Por que a empresa foca exclusivamente em metas e desempenho?
Porque os gestores não são treinados para reconhecer e recompensar seus subordinados.
4. Por que os gestores não são treinados?
Porque não existem estruturas e processos de reconhecimento.
5. Por que não existem estruturas e processos de reconhecimento?
Porque a empresa possui uma cultura hierarquizada que valoriza apenas as conquistas da alta liderança.
Esta técnica pode ser utilizada, por exemplo, em sessões de feedback ou na revisão de estratégias de engajamento de equipe. Ela promove a curiosidade e incentiva a exploração de camadas mais profundas do problema, facilitando uma compreensão mais completa das causas raízes ajudando a evitar decisões superficiais, além de impulsionar uma abordagem mais sistêmica; ou seja, enxergando a organização como um organismo vivo, onde cada parte está interconectada e as ações de um departamento ou indivíduo impactam o todo.
Para complementar essa visão, outra técnica poderosa que estimula o pensamento divergente, é a técnica dos “6 Chapéus” de Edward de Bono. Essa metodologia permite que as equipes analisem um problema sob diferentes perspectivas, representadas pelos seis chapéus, cada um simbolizando um modo distinto de pensar:
– Chapéu Branco: Fatos e informações, focando em dados objetivos.
– Chapéu Vermelho: Emoções e sentimentos, permitindo a expressão de intuições.
– Chapéu Preto/Cinza: Riscos e problemas potenciais, avaliando pontos negativos.
– Chapéu Amarelo: Benefícios e oportunidades, destacando vantagens.
– Chapéu Verde: Criatividade e novas ideias, fomentando soluções inovadoras.
– Chapéu Azul: Controle e gestão do processo, orientando a aplicação dos outros chapéus.
Por exemplo, ao avaliar a implementação de um novo sistema de gestão, o uso dos “6 Chapéus” ajuda uma equipe a considerar tanto aspectos emocionais quanto práticos e inovadores, garantindo uma análise abrangente e colaborativa. Tente imaginar a riqueza das discussões geradas a partir destas diversas perspectivas trazidas, e as inúmeras reuniões que seriam evitadas ao provocar as pessoas a ampliarem suas visões neste tipo de prática.
Aplicando princípios de neurociência e mindset criativo na identificação de problemas, as organizações podem não apenas solucionar desafios, mas também cultivar uma cultura de inovação. Técnicas como os “5 Porquês” e os “6 Chapéus” ampliam as perspectivas, resultando em decisões mais informadas e equilibradas. No final, essas abordagens promovem o desenvolvimento contínuo das habilidades criativas e analíticas, essenciais para o sucesso organizacional, e os profissionais de recursos humanos também podem impulsionar a inovação adotando uma postura mais criativa na gestão de talentos, retenção e engajamento, por exemplo.
E como você pode ser pioneiro na implementação dessas abordagens, aplicando o pensamento criativo em seu dia a dia?
Mesmo sem perceber, estamos constantemente utilizando pensamentos divergentes e convergentes em nossas decisões cotidianas, desde a escolha da roupa para o trabalho até a imaginação de novas soluções para clientes. Quando esses tipos de pensamento se conectam de forma prática, surgem soluções originais e de grande valor, impulsionadas pela criatividade latente em cada um de nós.
Andréa Dietrich, Cofundadora da Ambidestra, estrategista de transformação digital Linkedin Creator, podcaster e palestrante. Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra, podcaster e speaker, consultora e mentora em estratégia, inovação e transformação. São colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.