Estreita-se, cada vez mais, o espaço para a manutenção de empresas racistas! Elas estão ficando sem “ar”.

Em nossa matéria de janeiro de 2021, destacamos a importância e urgência de “Negros e Brancos, Juntos”, tomando por base o ano de 2020, um ano de muita ação, pleno de inovação, aprendizagem e oportunidade de finalizações pelas organizações empresariais, impulsionadas pelas catástrofe sanitária e moral, esta última, representada por comportamentos negacionistas.

Alertamos para o fato de não continuarmos errando quando o assunto fosse a Inclusão da Diversidade Racial no mundo corporativo, pois é o trabalho que propicia a vida com a dignidade, devida aos seres humanos.

Alertamos para as evidências:

  • Aquele que exclui, paga o custo da exclusão e assim sendo,
  • Excluir é no mínimo, uma ação autofágica!

Falamos que tínhamos pressa. Precisávamos de ações com resolutividade, para ontem. (Lembrando as palavras do Emicida em Amarelo).

2022

Continuamos sob o manto do negacionismo, machismo, lgbtfobia, capacitismo e de crimes de ódio em quantidade crescente, mesmo e por causa do isolamento social, decorrentes de todas as expressões de preconceito existentes na sociedade, com reflexo nas corporações.

Mas, temos cada vez mais pessoas nos níveis de decisão nas organizações, C-Level, empunhando a bandeira da inclusão racial e a este contingente, ainda bem, juntam-se mais e mais seres assemelhados a “Theo van der Loo e Heloiza Trajano”.

Oportunidade Para os Profissionais de Recursos Humanos

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Trago uma estratégia de avanço: o “Selo Minha Cor S.A” (Avon).Trata-se de uma oportunidade de conexão entre talentos negros e o mercado de trabalho. Existe demanda de empresas que querem desenvolver estratégias de atração focadas na inclusão racial, como ação afirmativa, e para essas demandas, basta clicar no “Selo” que você, profissional de Recursos Humanos, terá indicação de alternativas – talentos negros, para atender as demandas das lideranças. https://avon.mkt.tools/MinhaCorSA

Uma fala que vinha, por décadas, se arrastando: “… até queremos contratar negros, mas não encontramos pessoas qualificadas!”, ficará cada vez mais sem sentido.

Às precursoras como Patrícia Santos, EmpregueAfro, que muito contribuíram para esse avanço, nosso reconhecimento.

Representatividade

É o que as pessoas de visão estão promovendo, para que seja eliminado o constrangedor resultado do “teste do pescoço”, que ficará no passado, inutilizado e as futuras gerações não nos identificarão como protagonistas dessa prática. Temos pressa, é tudo para ontem.

Mulher Negra

O “Selo Minha Cor S.A” vai impactar a mulher negra, que representa 28% da população brasileira, mas que ainda ocupa menos de 1% de cargos de liderança nas “500 maiores empresas do Brasil”, segundo o Instituto Ethos e tem salário aviltante, em um mundo que pretende humanizar as relações no trabalho.

Segundo o INSPER, Instituto de Ensino e Pesquisa: “ o salário de mulheres negras é 159% menor que o de homens brancos, com a mesma escolaridade e formação universitária.

Quantas negativas ouvimos em entrevistas de seleção, por causa da cor da pele?  Somente nós, mulheres negras – pretas e pardas, sabemos. Eu sei, pois vivenciei esse constrangimento em minha primeira busca, de estágio em uma multinacional. Mas fui admitida.

Aos profissionais de Recursos Humanos que ainda não conhecem essa oportunidade de captação, “Minha Cor S.A”, busquem-na com urgência, pois é importante para todas as organizações humanas que acreditam no RH Estratégico..

Por que precisamos formar uma empresa Antirracista?

Porque como vimos, mulheres negras, ainda representam menos de 1% de cargos de liderança nas “500 maiores empresas do Brasil” e temos pressa, pois, “ Se seguirmos o ritmo dos últimos 20 anos, somente em 2089 é que as pessoas negras ganharão o mesmo salário que as brancas” (Oxfam Brasil – Oxford Committe for Famine Relief – Comitê de Oxford para Alívio da Fome)

Empresa Antirracista – Pessoas Antirracistas

Empresa antirracista é aquela que age contra o ódio, o preconceito, a discriminação racial, o racismo sistêmico e a opressão estrutural de grupos marginalizados racial e etnicamente.

Empresa antirracista é uma organização humana, constituída por pessoas antirracistas. A PF, pessoa física, vem antes de PJ, pessoa jurídica, mas por vezes em nome da PJ , a PF justifica o injustificável.

É o fim da era: “ A empresa não admite…”

São pessoas racistas, que imbuídas de poder, impedem a entrada. Olhemos essa questão de frente, sem culpa, pois: “Sei que não vai dar para mudar  o começo, mas se a gente quiser dá para mudar o final” Eliza Lucinda.

Branquitude. Por que não?

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Porque,

  • Quando falamos em raça, automaticamente, relacionamos à raça negra e nunca, à raça branca.
  • Não falamos sobre  branquitude.
  • Não falamos sobre o colorismo branco. Não falamos do branco, do branquíssimo. …
  •  “ Branquitude é uma construção social e histórica produzida pela ideia “fake” de superioridade racial branca, e que resulta, nas sociedades estruturadas pelo racismo, em uma posição em que os  identificados como brancos adquirem privilégios simbólicos e materiais em relação aos não brancos…
  • … o branco tem uma ideia de que ele é normal. Ou seja, ele é a norma e o outro, diferente. Logo, o branco já tem, de partida, um privilégio muito grande: ele não carrega sua raça.
  • Pessoas tem dúvida: como devem falar: preto, negro, eu digo: identifique a pessoa pelo nome.
  • Nunca, falamos: o ladrão, fulano de tal, branco, mas com certeza falaríamos: fulano, negro…”

Fonte: Entre o ‘encardido’, o ‘branco’ e o ‘branquíssimo’: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana”. Dra. Lia Vainer Schucman.

O racismo foi e está enraizado na mente da sociedade, via estratégias de desqualificação, da raça negra: da sua cultura, crença, capacidade intelectual, versus supervalorização do físico e sexo.

Letramento Racial – Por Que?

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Letramento Racial, uma alternativa para cessar esse ciclo vicioso: Poder, Ódio, Medo da Perda de Poder e mais Ódio

Estudos da McKinsey apontam que empresas com diversidade étnica têm 35% mais rentabilidade, enquanto o Instituto Ethos informa que os negros são 58% dos aprendizes e trainees, mas na gerência eles são 6,3% e no quadro executivo, a proporção é ainda menor: apenas 4,7%.

Como podemos alavancar esses resultados? Uma alternativa que destaco é a do ensino: Letramento Racial.

Segundo France Winddance Twine, socióloga, etnógrafa, artista visual negra e indígena americana e documentarista, letramento racial é uma estratégia para responder individualmente às tensões raciais, lado a lado com respostas coletivas, por meio de políticas públicas. Envolve negros, brancos, amarelos, vermelhos, a humanidade enfim.

Ratifico e acrescento: Desconstruir o racismo, a partir da Reeducação.

Uma demonstração que é importante e urgente recontar a verdadeira história que o ensino formal, tradicional, nos ocultou é o sentimento relatado por :

“Michelle Obama, em seu livro Minha Vida, conta como teve de lutar para não se deixar destruir, quando seu marido decidiu candidatar-se à presidência dos Estados Unidos. No caminho para a conquista do pioneirismo como primeira mulher negra a se tornar primeira dama dos Estados Unidos da América, matriarca da primeira família negra a morar na Casa Branca, até de racista e terrorista ela foi acusada

Nem a largura de seus quadris ou seu visual foi deixado de lado. A dúvida, registrada na imprensa americana, sobre seu modo de vestir, de apresentar-se ao mundo, foi: “Majestoso ou Intimidante”? E em tudo estava implícita a estratégia de invalidá-la.

https://www.juicysantos.com.br/indivisibilidade/vozes-pretas/letramento-racial/

Trazendo o tema para a nossa realidade – Brasil:

Já na primeira semana de 2022, dois vereadores negros denunciaram que foram alvos de violência. No dia 07/01 a vereadora de Niterói (RJ) Benny Briolly relatou que foi ameaçada de morte por agentes do Estado. Já o vereador Matheus Gomes, de Porto Alegre (RS), recebeu uma ameaça via e-mail.

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B3 adere ao Pacto de Promoção da Equidade Racial

Com o objetivo de incentivar a adoção de ações afirmativas por parte das empresas, a B3, a Bolsa do Brasil, adere ao Pacto, tornando-se uma instituição apoiadora do programa que será  um guia para as empresas que querem evoluir em equidade racial.

O objetivo é incentivar que a questão racial seja trazida para o centro do debate econômico brasileiro.

ANBIMA, Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro,  FEBRABAN, Federação Brasileira dos Bancos  e FECOMÉRCIO darão apoio institucional, reforçando o compromisso coletivo de incentivar que o mercado avance no tema.

https://www.b3.com.br/pt_br/noticias/b3-adere-ao-pacto-de-promocao-da-equidade-racial.htm

E, quando a área financeira se move , a transformação é mais rápida.

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Conheçamos os nossos direitos e acompanhemos o cumprimento das Leis.

Dia 11 de janeiro de 2022, foi publicado no Diário Oficial da União, o Decreto Nº 932, que promulga a “Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância”, firmado pela República Federativa do Brasil, na Guatemala, em 5 de junho de 2013 (!)

http://www.in.gov.br/web/dou/-/decreto-n-10.932-de-10-de-janeiro-de-2022-373305203

Todos precisamos conhecer esse conteúdo, que nos leva a crer que há luz no fim do túnel.  Mas, como diz a canção “Divino Maravilhoso” de  Gilberto Gil e Caetano Veloso : “é preciso estar atento e forte…”

Por Jorgete Lemos, sócia fundadora da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços – Consultoria. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.