Um dos maiores desafios de um executivo/líder é ter equilíbrio. E para ter equilíbrio o primeiro passo é reconhecer e aceitar o que está desequilibrado. Infelizmente, muitos executivos simplesmente se negam a olhar de perto como está a sua vida, tanto pessoal como profissional, a partir de uma lente mais humana, como para a sua saúde física e mental (muito importante), seus relacionamentos, sua motivação e propósito, seu bem-estar, sua capacidade de inspirar os outros a serem mais equilibrados, entre vários outros aspectos. A maioria esconde dos outros, e de si mesmo, qualquer coisa que não seja, aos seus olhos, perfeita. Ou subestima a importância e o impacto delas e de outros aspectos difíceis da sua realidade.

Quatro elementos necessários

De forma resumida, para sermos capazes de olhar de frente os nossos desequilíbrios é preciso humildade, vontade, atenção e auto-observação.

Humildade e vontade são fundamentais para tudo, mas poucos líderes desenvolvem estes dois aspectos de forma natural. A maioria só os adquire após situações bem difíceis. Lembro de Stephen Covey, no seu livro “First Things First”, que mostrava que os executivos geralmente só mudam de estilo de vida após uma situação de grande sofrimento, como morte de uma pessoa próxima, doença ou acidente.

A humildade e a vontade também podem ser apreendidas com o desenvolvimento da atenção e da auto-observação.

Atenção e Auto-observação

A auto-observação é a atenção dirigida intencionalmente para dentro de si mesmo, para o que e como pensamos, sentimos, falamos e fazemos. É a pesquisa sobre o nosso mundo interno, sobre a forma como decidimos, e o motivo destas decisões.

A atenção é a capacidade de direcionar o foco a algo e mantê-lo durante o tempo desejado. É requisito básico para a auto-observação. Muitas pesquisas científicas mostram a importância e os impactos (do treino) da atenção.

Como ter equilíbrio não é algo estático, mas sim dinâmico, a atenção e a auto-observação constantes são fundamentais para sua (re)obtenção.

Como sensibilizar os executivos

Primeiro é importante usar o repertório deles, ou seja, trazer objetividade. Existem escalas bem testadas que ajudam a trazer objetividade para a atenção e para situações que os executivos vivem, como os riscos de doenças mentais, muitas vezes fruto de desequilíbrios.

Vejo que executivos muito pressionados a obterem resultados tendem a pensar com uma objetividade “distorcida” – onde “só existe o que vejo” -, que serve como argumento para a sua negação, já que existem muito pontos cegos. Infelizmente esta percepção reduzida elimina do campo de visão aspectos fundamentais, como sentimentos de satisfação, conexão com amigos, familiares e colegas, horas de trabalho e do dia, entre outros. Então, o caminho é ampliar esta percepção.

Conversas francas, compartilhamento, dinâmicas, relatos de dificuldades/desafios, questionários, uso de escalas, mentoria, experiências evolutivas e experiências disruptivas são algumas das formas de ampliar o campo de visão. O uso combinado destas formas amplia a probabilidade de sucesso. E esta é uma forma objetiva de ajudá-los. Vamos?

Eduardo Farah é sócio da Invok e professor na FGV. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.

Para aqueles que querem desenvolver a atenção  e a auto-observação, o Retiro de Atenção e Auto-observação é uma boa oportunidade, realizado no meio da natureza, em um espaço gostoso, com boa alimentação, pessoas legais e de maneira acessível… Fica o convite!