Está em efervescência o processo de mentoria. Houve a época das consultorias, depois do coach e, agora, o recurso mais utilizado é a mentoria. É um tal de mentor daqui, curso de formação para mentores dali, com os diversos tipos de mentorias, por exemplo, mentoria para valorização das mulheres, para executivos, para jovens, para transição de carreiras, para escolha de profissões, mentoria de carreira, pessoal, empresarial e tantos outros temas que tem mobilizado milhares de mentores e respectivos mentorados, quer seja contratados por empresas ou particulares em função de suas dores, necessidades ou expectativas.
Um mentor é alguém que adquiriu, ao longo do tempo, uma experiência suficiente para poder orientar outras pessoas que estão em fase de transição, ou incomodadas por um desconforto ou pela indecisão de quais poderiam ser as melhores alternativas ou porque precisam de recursos para uma nova fase da vida, quer seja no âmbito pessoal ou profissional. Normalmente ocorrem em sessões individuais ou em grupos, a depender das condições e necessidades de quem busca esse tipo de serviço
Apesar de se ter construído uma sistemática formal de mentoria, com cursos, formação, técnicas, com sua capilarização para diversos segmentos, há outras formas de se estabelecer relações de mentoria, tais como a mentoria sigilosa ou secreta, na qual o mentor não se identifica como mentor e o mentorado. Ocorre, por exemplo, quando um professor orienta seus alunos em atividades e comportamentos além da grade escolar ou um líder que inspira seus liderados com exemplos.
Há aquelas vinculadas ao ensino-aprendizado, por exemplo quando um jovem aprendiz está sob a tutela de um colaborador mais experiente que assume a missão de ajudar o jovem no aprendizado de tarefas, explicando, corrigindo, ajustando comportamentos e recursos, acompanhando a evolução desse aprendizado.
Há, no entanto, uma em especial que é o mote dessa reflexão, que é a automentoria, na qual o próprio autor assume a responsabilidade de estabelecer uma meta e buscar recursos para a sua realização, sem a necessidade de alguém de fora para esse processo de transição.
Antes de oferecer o “pulo do gato”, ou seja, um recurso para você ser o seu próprio mentor, quero apontar os benefícios que uma pessoa adquire quando participa de um processo de mentoria:
- Aumento da Autoconfiança
- Agilização e segurança na tomada de decisões
- Assertividade e ponderação na resolução de problemas
- Construção de estratégias e respectivas ações
- Network
- Realização pessoal e felicidade
Para te apoiar nesse processo de mentoria, vou me valer de um método de transformação pessoal que desenvolvi para o desenvolvimento dos nossos alunos ao longo de mais de trinta anos, por meio dos nossos cursos de comunicação para executivos e profissionais em geral.
É a Metodologia F.A.L.A.R., na realidade um acróstico que define as fases desse processo de transformação pessoal. Significa: F- Finalidade, A – Análise, L – Lapidação, A – Avaliação e R – Resultado. Tem sido um sucesso nos nossos cursos e sugiro que perceba o quão poderá ser interessante e útil para o seu processo de evolução pessoal, ou seja, a automentoria.
A primeira fase, é a letra F – Finalidade. É o objetivo, é o sonho, é o desejo de onde se quer chegar, é o outro lado da ponte que se quer atravessar. Como em toda mentoria, a primeira fase é a definição do que se pretende conquistar, mesmo que não esteja tão claro num primeiro momento, mas há um desconforto ou algo que se percebe que precisa ser modificado.
A sugestão, como em todo processo de mentoria, é a identificação de algo que merece atenção para ser melhorado. Podemos imaginar algumas situações, tais como:
- Reposicionamento profissional
- Resgatar uma vida mais equilibrada, próspera e feliz
- Decidir diante de alternativas, quer seja na vida pessoal ou profissional
- Mudanças de toda ordem, a partir de desconfortos ou infelicidade
- Estratégias para influenciar pessoas
Além desses desafios, mais amplos, há tantos outros mais pontuais, que poderiam ser motivo desse esforço, pois vivemos em constante processo de transformações, exigindo-nos novos modelos de atuação e adaptação às novas realidades, tais como inteligência emocional, gestão de tempo, como trabalhar em equipe, desenvolver a arte da empatia, equilíbrio na vida financeira, ter clareza do seu propósito ou como se sair de uma enrascada na qual se meteu, resgatar sua saúde, sua paz de espírito, um relacionamento, lidar com perdão, planejamento de uma vida mais prazerosa e significativa…
O único cuidado, ao se propor a fazer esse trabalho, é a escolha, pois se houver confusão no objetivo, no nosso caso, a Finalidade, não avançaremos, tendemos a ficar em looping de variáveis, perdidos diante de tantas possibilidades. Pode ser, se isso ocorrer, que pode fazer um processo para decidir qual o tema a ser tralhado em primeiro lugar por meio desse sistema de mentoria.
Definida a finalidade, é o momento de partir para o outro estágio: A- Avaliação, momento no qual se fará um verdadeiro diagnóstico sobre aspectos favoráveis e desfavoráveis que possam facilitar ou dificultar o atingimento da finalidade. Pode ser também chamado dos prós e contras, com algumas perguntas facilitadoras para se estabelecer essa realidade, por exemplo:
- Quais os itens já existentes e consistentes que facilitam a consecução do objetivo?
- Quais as forças e fraquezas que existem e precisam ser eliminadas?
- Que ou quais são os recursos e conhecimentos que precisarão ser adquiridos?
- Quem poderá contribuir com esse projeto? É individual? Exige a participação de mais pessoas?
Com essas informações definidas, fica mais fácil se estabelecer um plano de ação, atuando nas fraquezas e limitações para a viabilização dessa realização.
Plano de ação é o próximo passo. Significa ter clareza do que se quer, o reconhecimento das competências existentes e os gaps a serem trabalhados. Tem como pano de fundo algumas questões que merecem a atenção de quem está nesse processo:
- Quem é que está buscando esse desenvolvimento ou esse objetivo. É você? Envolve mais alguém?
- O que precisa ser feito? O que tem de forças e oportunidades? Quais as fraquezas e riscos?
- Como serão feitas essas mudanças, esse aprendizado, essa busca de recursos?
- Quando cada etapa estará concluída? Quando o projeto estará totalmente finalizado?
Colocado tudo isso em perspectiva, é só praticar e desenvolver, aprender e treinar, reformular conceitos, adquirir habilidades considerando o objetivo atingido.
A penúltima etapa do processo é a A – Avaliação, momento no qual se irá testar o que foi desenvolvido na fase da lapidação. Normalmente é a fase mais prazerosa porque o autor já adquiriu novas ferramentas e habilidades para atuar em um outro nível, embora não tenha ainda a fluidez e naturalidade que virão, naturalmente, com a prática.
Testa-se, avalia-se cada etapa e se, porventura, se detectou algum ponto ainda a ser trabalhado, volta-se para a lapidação para corrigir esse item que ainda não está satisfatório, aprende-se novamente, se prática e volta para avaliar outra vez.
Se deu tudo certo, se o nível esperado foi conseguido, atinge-se um novo estágio que é o último, o R – Resultado. É o momento da celebração e de se estabelecer estratégias para a perpetuação do novo patamar conseguido, programando exercícios de aperfeiçoamento ou correção para não se acomodar, nem regredir.
Por que a automentoria? Quais são os benefícios para a nossa vida?
Creio que somos dotados de todas as habilidades que precisamos para evoluir. Se precisamos de conhecimento, buscamos, pois hoje ele é commodity, ou seja, está disponível e facilmente encontrado. Mais importante do que o conhecimento, é a sabedoria, a forma inteligente de o utilizarmos na nossa vida prática.
Para utilizar essa metodologia F.A.L.A.R., sugiro ainda considerar um outro recurso, chamado Ordenador Mental, de origem da Holos mentoria, desenvolvidos pelo Sistema ISOR, que estabelece nove passos para um processo de mudanças, que compartilho de forma resumida:
- Estabelecer o tema, o objetivo e o foco da mudança a ser implementada
- Coletar as informações relacionadas à dimensão da realidade
- Fazer um diagnóstico, pontos fortes e fracos, o que existe e o que falta
- Levantamento das necessidades. Pode-se usar um brainstorming, técnica geradora de alternativas para se levantar possibilidades de solução diante das dificuldades.
- Futurição e viabilidade, na qual se vislumbra como será no futuro com o problema resolvido
- Decisão, escolha das alternativas para se implementar as mudanças necessárias.
- Plano de ação, ou seja, o que deverá ser feito, as ferramentas e as prática a serem exercitadas.
- Implementação, é o momento de realizar, o fazimento, de colocar o plano em ação
- Acompanhamento para eventuais correções de rota e busca de novos recursos complementares.
Esse é o melhor sistema de transformação pessoal? Posso fazer de outro modo?
Claro, respondendo a essa questão, o ideal é contratarmos um mentor, alguém especializado em mudanças de atitudes e comportamentos de pessoas, alguém que adquiriu experiência suficiente para identificar características, apontar caminhos, oferecer recursos e estimular as mudanças necessárias, passo a passo. No entanto, de algum modo, adquirimos essa habilidade de processarmos mudanças sem a necessidade de outros apoiadores.
É o ideal fazermos as mudanças sozinhos?
Não, claro que não, mas não podemos, nem temos tempo, creio que também nem tantos recursos para contratarmos especialistas a cada vez que precisamos ou queremos mudar. Como sugestão sugiro que deixe para os especialistas aqueles casos mais sérios, mais difíceis e escabrosos, que exigem recursos que você não dispõe atualmente. Verá que já faz isso, mas sem um processo, sem uma metodologia, sem uma sequência. Começa aqui, vai por alí, daí a pouco muda, avança um pouco, mas agora, com um processo que funciona, verá que a sua vida de mudanças e desenvolvimento pessoal ganhará um novo patamar, uma nova dinâmica, tornando você uma pessoa que evolui e se adapta às mudanças do mundo mais rapidamente, conseguindo realizar, também com maior facilidade, os seus sonhos e objetivos para a vida pessoal e profissional.
Reinaldo Passadori, Professor de Oratória e Escritor, Mentor, fundador e CEO da Passadori Comunicação, Liderança e Negociação. Adaptação do seu livro ‘Quem Não Comunica Não Lidera’ – Ed. Passadori. É um dos colunista do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.