O Brasil, finalmente, acelerou a vacinação. Com mais gente vacinada, caiu muito o número de pessoas contaminadas, hospitalizadas e de mortes. Com isso, a atividade econômica foi normalizada e a economia cresceu mais. A julgar por países mais adiantados na vacinação e normalização da economia, esta recuperação deve continuar forte nos próximos meses.

Depois de muito tempo com mobilidade limitada e preocupadas com saúde e economia, as pessoas consomem mais quando se sentem mais seguras. Principalmente, o consumo de produtos e serviços não essenciais e de lazer cresce muito.

Infelizmente, países mais adiantados na vacinação e reabertura também mostram que, se muita gente opta por não se vacinar, como em Israel e EUA, com mais contato social, algum tempo depois, também voltam a subir as mortes, o que causou novos lockdowns.

Por outro lado, nos Emirados Árabes Unidos e em Portugal, os dois países mais vacinados do mundo, onde o percentual dos que não se vacinaram é bem menor, não houve uma nova onda da pandemia, ao menos não até agora.

Pesquisas indicam que, no Brasil, a porcentagem dos que não querem se vacinar é baixa, mas o Presidente tem questionado a necessidade de vacinação. Talvez, menos brasileiros se imunizem por isso. Caso o percentual não imunizado seja grande, corremos o risco de termos novas medidas de restrição econômica.

Um passaporte de vacinação evitaria isso. As pessoas tiveram o direito de escolher não se vacinar. Agora, deveriam ter de lidar com as consequências da decisão. Em Israel, EUA e Reino Unido, mais de 98% das mortes têm sido de pessoas não imunizadas. Um passaporte de vacinação cuidaria, ao mesmo tempo da saúde e da economia, mas o governo federal já se pronunciou contra.

Sem um passaporte de vacinação, um novo fechamento de atividades econômicas é o primeiro risco entre o final deste ano e a primeira metade do ano que vem.

Infelizmente, não é o único. A alta da inflação exigiu sucessivas elevações dos juros, que ainda assim, ainda não conseguiram controlar a inflação até aqui. Por isso, os juros subirão mais. A taxa Selic pode até voltar a dois dígitos em 2022, se o cenário eleitoral for conturbado.

Além disso, confirmadas as previsões dos meteorologistas, faltará água nos reservatórios das usinas hidrelétricas do sudeste e centro-oeste do país, exigindo mais altas do preço da energia elétrica e, eventualmente, até racionamento.

Por fim, o cenário internacional, que ajudou muito a recuperação da economia brasileira até aqui, está piorando. Dificuldades da Evergrande deixaram claro que medidas do governo chinês para desaquecer o mercado imobiliário podem quebrar incorporadoras muito endividadas, causando grandes perdas para bancos na China, EUA e Europa. Isto pode, eventualmente, ser o gatilho de uma nova crise financeira global.

Enfim, aproveite os próximos meses, com mais empregos e crescimento econômico, mas esteja preparado para um 2022 mais desafiador, inclusive, infelizmente, até com risco de nova recessão.

Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection, economista mais influente do Brasil segundo a Forbes e Influenciador nº 1 no LinkedIn.