Continuando com a série Autobiografia de Um Novo Líder, baseada no livro “Quem Não Comunica Não Lidera”, de minha autoria, a vez agora é da voz. Irei mais fazer perguntas do que apresentar soluções, pois penso que mais importante do que a apresentação de respostas, é a formulação de perguntas que suscitam reflexões, põe o povo a pensar e pode te ajudar a reforçar o que já faz bem, mas também alertá-lo (a) a tomar decisões e fazer mudanças, caso necessário.

A primeira pergunta é: você já ouviu a sua voz em um gravador? Creio que sim, em especial com o advento dos smartphones e toda tecnologia à nossa disposição. Aproveito para questionar: Qual foi a sua sensação? Gostou? Percebeu algum ponto que chamou a sua atenção? Achou-a estranha? Horrível? (Curiosamente, a maioria das pessoas que conheço e para as quais perguntei responderam: minha voz é horrível!).

Mas… afinal, como é formada a nossa voz? Qual é essa mágica do nosso corpo que nos permite, a partir de sons, músculos, respiração, pausas, utilizando a língua e os dentes nos comunicarmos?

Tudo começa com o ar que aspiramos e na expiração, acionamos as cordas vocais que, comprimidas, formam uma massa de ar sonora que será modificada pela quantidade de ar e pelo controle que delas fazemos, gerando um som mais grave ou mais agudo. A partir daí, esse som passa a ser modificado pela nossa boca, formando as vogais, com a movimentação da nossa língua, abrindo mais ou menos a boca, usando os dentes formando as consonâncias, que junto a outras, formam as palavras que, por sua vez, conectadas a outras, formam as frases e os períodos portadores de ideias e pensamentos, em conformidade com um código gramatical, vocabulário e regras. Além disso, conforme a maneira que utilizamos a nossa voz, expressamos as nossas emoções, encantando, provocando alegria, tristeza, entusiasmo, ou melancolia, raiva e calma.

A boa utilização da nossa voz na fala trata-se do mais poderoso recurso da nossa capacidade de comunicação, pois por meio dela todas as relações acontecem, aprendemos, ensinamos, somos influenciados e influenciamos, educamos e somos educados, compramos, vendemos, nos relacionamos, brigamos e fazemos as pazes.

Ressalto que não pretendo, com esse artigo, fazer um tratado filosófico sobre a voz humana, mas, em conformidade com artigos anteriores, propor uma reflexão sobre dimensões da comunicação com o objetivo de trazer à sua consciência a importância desses recursos, te apoiando a mensurar e reconhecer os pontos positivos, desenvolvidos por alguma razão, ou por intuição, orientação, osmose, não importa, e também para você perceber o que precisa e pode ser melhorado e com isso possa melhor impactar outras pessoas nas mais diversas situações de contato pessoal e profissional: conversas, reuniões, vendas, negociações, atendimento a clientes, liderança, proferindo discursos ou palestras, dando aulas e, por que não, naquelas conversas informais que ocorrem na sua vida.

Após este preâmbulo, como você avalia a sua voz? As perguntas seguintes tem a intenção de gerar esse questionamento e te ajudar a aprimorar ainda mais este valiosíssimo instrumento, a exemplo de um instrumento musical, precisa estar sempre afinado e pronto para o uso.

 

Você acha que a voz é um simples processo mecânico ou tem influência psicológica? Você acha que o estado emocional pode influenciar na voz? Alguma vez foi fazer um agradecimento ou cumprimentar uma pessoa e se emocionou a ponto de não conseguir falar? Como você encararia um profissional que se emociona ao falar a ponto de ter que interromper sua fala?

Escreva o que acha sobre a sua voz hoje. Tem alguma característica que chamou mais a sua atenção? Qual é? De 1 a 5, que nota daria à sua voz? Procure gravar a sua voz enquanto conversa com alguém ou ao atender a um telefonema. É muito importante que você grave a sua fala espontânea, pois ela lhe mostrará características fundamentais para serem trabalhadas, caso seja necessário. Ouça a gravação e escreva o que achou. A sua opinião é a mesma do início desse texto? Depois de ouvir a gravação, escreva o que achou. Ah, sim, dê novamente uma nota de 1 a 5. Anote as principais características da voz gravada: você foi claro ao pronunciar as palavras, ou seja, é possível perceber cada palavra? Como você classificaria o volume da sua voz: baixo, alto ou médio? Sua voz é grave ou aguda? Sua respiração foi ouvida na gravação? Sua fala é lenta ou rápida? Você fala direto sem parar ou usa pausas? Algumas pessoas, ao gravar, consideram que têm voz infantilizada ao falar. Você acha que sua voz e modo de falar estão de acordo com a sua idade?

De agora em diante, preste atenção na voz e na maneira das pessoas falarem. Aprenda a perceber a “música” de cada voz. Escreva sobre isso.

Quando vai a palestras, observa a voz e a forma como o palestrante fala? Cite palestrantes que se destacam, na sua opinião. Analise-os sob o ponto de vista da voz e da fala. Qual o diferencial que eles apresentam? Na sua opinião, por qual razão eles conquistaram alta qualidade nessa área?

Muitos comerciais de rádio e TV apresentam vozes cativantes de profissionais que não conhecemos, mas que chamam a nossa atenção. Algumas podem ser referência para o seu estilo de voz e de expressão. Existem sites que disponibilizam vozes de profissionais nacionais ou internacionais. Faça uma pesquisa. Caso prefira, você pode acessar uma boa lista de profissionais da voz, aqui.

Outra experiência importante é a de ler discursos. Existem livros com discursos clássicos que servem como um bom exercício. Mesmo distantes no tempo, eles podem auxiliar para treino de ritmo, entonação, ênfase e dicção.

Aconselho que faça isso usando um gravador e depois registre aqui o resultado dessa experiência. Poemas, textos para teatro, notícias e romances também podem ser interpretados para treinar vários estilos de leitura.

Fica um pensamento que sempre me ocorre quando ouço alguém dizendo que não gosta da sua voz ou a acha horrível, que repense e olhe para cima e agradeça ser possuidor desse recurso extraordinário, que é a voz humana, que é melhor percebido e valorizado quando ficamos afônicos ou com alguma dificuldade para falar.

Reinaldo Passadori, Professor de Oratória e Escritor, Mentor, fundador e CEO da Passadori Comunicação, Liderança e Negociação. Adaptação do seu livro ‘Quem Não Comunica Não Lidera’ – Ed. Passadori. É um dos colunista do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.