A pandemia do coronavírus e a reinvenção das carreiras e das empresas

Todo momento difícil abre espaço para encontrarmos novos caminhos e novas oportunidades. O mundo, suas crises e as novas tendências trazem picos e vales, e estamos passando por um vale.

Sair deste lugar vai requerer de nós e de nossas empresas esforço extra, sabedoria, reinvenção, empatia, coletividade, paciência, inovação, ousadia e coragem, mas aqueles que trilharem esta jornada vão elevar o seu patamar ampliando a sua maturidade e a perspectiva de enxergar mais agilmente novos horizontes.

Acredito que para conseguir capturar estas novas oportunidades, seja mercadológica no caso das empresas e de carreira no caso das pessoas (ambas andam juntas), é fundamental aproveitarmos a fase do vale e nos darmos tempo para refletir com maior profundidade.

Esta reflexão deve responder inúmeras perguntas, mas seria importante responder algumas que destaco abaixo, e que vieram após a leitura do artigo da Mckinsey intitulado de Boards of directors in the tunnel of the  coronavirus crisis – (https://www.mckinsey.com/business-functions/strategy-and-corporate-finance/our-insights/boards-of-directors-in-the-tunnel-of-the-coronavirus-crisis) compartilhado comigo por um colega que é conselheiro de empresas:

  • Como podemos nos manter atualizados sobre a resposta à crise levando em consideração as agendas já cheias de todos?
  • Quais atividades específicas os profissionais e empresas podem exercer para aumentar a capacidade de gerenciamento deste momento?
  • Qual deve ser o plano estratégico da organização e o plano de carreira das pessoas, para o mundo pós-crise e como alinhar as decisões em uma clara direção?

E eu só escrevo este texto com muita fluência e tranquilidade, pois há alguns meses venho respondendo estas três perguntas, estudando, lendo, me conectando com diferentes pessoas no mundo, criando novos planos de carreira e agindo com a abertura de novas perspectivas de vida.

Uma das minhas linhas de estudos está conectada com o futuro, e por isso comecei a fazer o Programa FRIENDS OF TOMORROW da Aerolito, do querido amigo e futurista Tiago Mattos.

Ambiente do Friends of Tomorrow

Foi nesse excelente programa que me deparei com o termo FUTURISMO. O termo futurismo é muito abrangente, e não representa estudo do futuro ou ainda futurologia. Futurismo é uma disciplina que investiga e explora caminhos futuros, por isso futurismo não profetiza.

Em momentos como o da crise que estamos vivendo, o que mais existe são profetas de whatsapp.

Um primeiro passo, para começarmos a ter mentalidade de futurista é deixarmos a posição de ignorante sofisticado, que a de dono da verdade, que acredita ter a capacidade de enxergar todos os cenários e que a sua direção (e conhecimento) é a melhor.

Num mundo como o de hoje, achar que você sabe e domina tudo é burrice, e cria nas empresas algo que o colega Márcio Fernandes sempre comenta a BURROCRACIA.

Partindo desta perspectiva colocada por Mattos, precisamos neste mundo dinâmico e fluído sermos eternos IGNORANTES CONSCIENTES. Um bom ignorante sabe o que ele sabe, sabe o que ele não sabe (e corre atrás), mas também não sabe o que ele não sabe (esta é a loucura!).

Com isso o ignorante consciente tem clareza que só ter muito conhecimento, repertório não basta mais. Ele tem que saber fazer boas perguntas, ter boas conexões.

O mundo se estruturou em rede… qual o poder da sua rede? A sua rede é hierárquica, setorial, regional, nacional, internacional, é genuína, ativa?

O pensamento futurista e do ignorante consciente, se distancia do modo operante que leva a maioria dos profissionais e empresas a executarem as coisas no “piloto automático”. Esta execução e pensamento estão mais conectados ao sistema “industrial” antigo, porém muito presente, que se baseia em traços lineares e previsíveis, além de não ser digital.

 

É inevitável, quem está inserido neste sistema “industrial” antigo, possui também plano linear e previsível de carreira. É tão linear e previsível que brincamos que hoje existem cargos de Vice Presidente de Apertador de Parafusos, pois o profissional que ocupa esta posição no passado foi um apertador de parafusos júnior.

O mundo está mudando, a pandemia impulsionou ainda mais estas mudanças, o que fazemos hoje não caberá mais no retorno da mesma, e com isso não podemos esquecer que estamos passando por uma fase de inovação, e esta não combina com previsibilidade.

O impacto em nossas carreiras como disse é inevitável, a colisão já aconteceu. Temos que rever ou criar novos planos a partir de hoje (sem pressa e loucura, mas com tração reflexiva), assim teremos a oportunidade de conectar ainda mais o nosso propósito a todo este movimento.

Este novo contexto futuro é ainda mais: não linear, conectado, unidimensal, multidisciplinar, exponencialmente e imprevisível.

A primeira dica que eu dou a todos seria começar não fazendo mudança em um ponto específico, mas sim mudando a conexão entre os pontos. Para isso revisitaria e se necessário reformularia a estratégia das redes de contatos e conexão que você tem ou não tem, e ativaria a mesma. Ela trará excelentes insights por qual ponto começar.

Ser um profissional do futuro exige ter mais de uma “bala” com mais de uma cor no tambor.

A segunda dica que eu dou, e que também trouxe do Programa Friends of Tomorrow, seria a de descobrir qual é a sua orientação temporal. Você é um profissional orientado ao passado, ao presente ou ao futuro.

Não existe orientação certa ou errada, pois temos um pouco de cada uma delas em nós, mas você deve ter uma inclinação para uma delas e manter um ser equilíbrio com capacidade de olhar para o futuro seria ótimo.

A terceira dica que eu dou é se aproxime das tecnologias (presentes e futuras). Sim, elas vão e estão mudando a sua vida e sua empregabilidade, não adianta negar, experimente, teste, conheça e movimente a sua carreira e seus planos em função delas.

Espero ter estimulado a todos vocês a entender por que as oportunidades chegam para aqueles que pensam e agem como futuristas. Obrigado Tiago Mattos e Aerolito pelo programa e insights.

Uma frase dita no passado por um automobilista coube como uma luva para fechar este texto: “Se você está guiando e esta tudo sobre controle, você não está rápido o suficiente”.

Grande abraço.

Gustavo Mançanares Leme – Executivo de RH, Conselheiro e Mentor de Startups, com experiências em processos de transformações culturais e turn around de modelo de negócios. É um dos colunistas do Rh Pra Você. Foto: Divulgação. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.