Aposto que vocês já ouviram – ou até mesmo repetiram – o ditado que diz que “dinheiro não traz felicidade”. De fato, a maioria das alegrias da vida são resultado de simples prazeres. Entretanto, precisamos encarar uma verdade: dinheiro pode não trazer felicidade, mas a falta dele costuma causar preocupação e até problemas mais sérios, como estresse e doenças.  

Uma pesquisa feita pela Onze revelou que 81% das pessoas ficaram mais estressadas durante a pandemia. O motivo? 67% apontaram o dinheiro como a principal causa desse estresse – à frente de questões como trabalho, saúde, política e família. Então, sim, há uma relação clara e direta entre vida financeira e saúde mental.

Seja pela carga excessiva de trabalho, pela falta de proximidade com familiares e amigos ou por qualquer outra razão particular, quase todos tiveram a saúde mental afetada durante os últimos meses. Para piorar, a maioria ainda precisou lidar com as questões financeiras, que se tornaram ainda mais desafiadoras. E é justamente dentro desse contexto que se torna imprescindível discutir a relação entre saúde mental e financeira

O ponto de partida para entender essa ligação é reconhecer que falar de dinheiro ainda é um dos maiores desafios para as pessoas, assim como falar sobre saúde mental também é um dilema. Um estudo realizado nos Estados Unidos pelo banco Wells Fargo revelou que conversar sobre dinheiro é mais difícil do que falar sobre sexo, morte, religião e política. 

Não falar sobre dinheiro não faz as preocupações financeiras desaparecerem, pelo contrário, muitas vezes elas se multiplicam e a apreensão se torna ainda maior. Boa parte das necessidades humanas dependem de dinheiro para serem atendidas, desde os recursos para cuidar do corpo e da mente até as condições para melhorar a sociabilidade. A falta dele, por outro lado, não apenas limita o acesso a uma vida mais saudável, como causa problemas de saúde.

Os problemas financeiros afetam negativamente a saúde como um todo, tendo impacto ainda mais profundo na saúde mental dos indivíduos. Uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil mostrou que 8 em cada 10 inadimplentes sofrem com impactos físicos e emocionais por conta das dívidas atrasadas. 

Entre as consequências do endividamento estão: ansiedade (63,5%), estresse e irritação (58,3%), tristeza  e desânimo (56,2%), angústia (55,3%), insônia (42,8%), alterações no apetite (32,3%), agravamento de vícios (28,2%), improdutividade e baixa performance (30%). 

E assim como a saúde financeira afeta a saúde mental, a recíproca é verdadeira. Funciona como um ciclo, no qual pessoas muito estressadas sentem maior dificuldade em administrar suas finanças, pois os sentimentos de medo e preocupação são intensificados e prejudicam a tomada de decisões.

Para resolver esse problema, o primeiro passo é identificar o que veio primeiro: o desequilíbrio emocional ou o problema financeiro. Entendendo isso, é hora de buscar ajuda para a origem do problema. 

Um ponto importante de frisar é que saúde financeira não é sobre ter ou não dinheiro. O conceito vai muito além. Uma pessoa saudável com suas finanças é organizada, consegue suprir suas necessidades essenciais, ter momentos de lazer e poupar para realizar seus planos. Além disso, ela tem uma reserva financeira que a protege de emergências e se prepara para a aposentadoria.

Desta forma, se o problema for financeiro, o ideal é buscar aprender mais sobre educação financeira. Certamente, ela vai proporcionar conhecimento para tomar decisões mais assertivas e equilibradas. Se a origem for outra, o ideal é conversar com alguém de confiança e buscar ajuda de um profissional especialista.

A saúde mental e financeira são pilares fundamentais da qualidade de vida de qualquer pessoa – e é importante conciliá-los para que estejam em equilíbrio. Por isso, a sensação de segurança, equilíbrio e tranquilidade que a saúde financeira pode trazer são essenciais para que se tenha saúde física, mental e também social, já que a relação com as pessoas próximas tende a ser mais leve.

Antonio Rocha, CEO e cofundador da Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.