Voluntariado empresarial: de “trabalhar de graça” a elemento fundamental dos princípios ESG

Não é de hoje que as empresas buscam desenvolver programas de voluntariado corporativo. No Brasil, a tendência, que foi ganhando força a partir da década de 90, se consolidou e tornou-se uma regra para aquelas empresas que querem oferecer mais valor para os seus colaboradores e estabelecer relacionamentos comunitários genuínos com pessoas e organizações das suas áreas de influência.

O voluntariado entrou no mundo corporativo a partir de uma associação com as estratégias de filantropia. Essa visão, mais básica, ainda encontra eco nas cabeças de muitas pessoas. Pensou em ação de voluntariado, logo vem a pergunta: “o que vamos doar?”.

Aos poucos, o conceito de voluntariado começou a ser mais disseminado e o trinômio “tempo”, “trabalho” e “talento” passou a delimitar de forma mais precisa o que é ser voluntário. Mais ou menos nesse período, as empresas que já haviam experimentado formas mais simples de engajamento interno, começaram a buscar a estruturação de programas perenes, que passam a contar com políticas e estratégias próprias.

Ganhando mais legitimidade, os programas de voluntariado empresarial crescem e aparecem. Algumas empresas começam a prever um número de horas por ano para a realização de atividades junto à comunidade. O engajamento é reconhecido e as áreas de gestão de pessoas entendem que a oferta do serviço voluntário é mais um aliado no desenvolvimento de competências, aumento do sentimento de pertencimento, melhoria de clima organizacional e estímulo a uma participação cidadã.

Outras tendências vão emergindo e algumas empresas que já desenvolviam ações há mais tempo, começaram a alinhar a sua atuação social ao negócio, à problemas sociais mais complexos e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Em certos contextos, o voluntariado empresarial passou a ser parte fundamental da estratégia para garantir a licença social para operar.

Indo um pouco mais além, a busca por transformação social entra na pauta do dia. A partir desse momento, o desenho dos programas passa a ser mais ambicioso. Sendo visto como um Investimento Social Privado, a ordem do dia passou a ser a busca por indicadores de impacto.

Seguindo essa linha evolutiva, até parece que engajar voluntários nas empresas foi ficando cada vez mais fácil. É evidente que não! Mesmo onde encontramos os programas mais evoluídos, muitas pessoas ainda entendem o voluntariado como algo lateral ao negócio.

Visto dessa maneira, o programa não é prioridade e os colaboradores não se sentem confortáveis para encontrar janelas de tempo que assegurem sua participação. Além disso, em meio a tantos programas e projetos ligados ao negócio, o voluntariado não encontra muitos espaços na comunicação interna e tem orçamentos muito limitados.

Mesmo com todos os benefícios que carrega, o voluntariado empresarial ainda precisava de um impulso para sair das margens do que a empresa faz para ocupar um lugar como parte integral do negócio.

Eis que chegamos à era ESG e, com ela, um novo impulso à pauta social nas empresas. Iniciativas como os programas de voluntariado corporativo começam a ser vistas como grandes aliadas para implementação dos princípios ESG.

O voluntariado empresarial tem a capacidade de desenvolver engajamento interno, promover o relacionamento comunitário e ainda permite que a empresa trabalhe sua reputação junto a clientes, fornecedores e o mercado em geral.

Se antes a realização de atividades voluntárias era vista por muitos como algo sem relação com os resultados corporativos, agora essas ações passam a ser parte integral da estratégia de negócios.

Assim como a ONU enxerga no trabalho de voluntários uma força fundamental para se atingir os Objetivos Desenvolvimento Sustentável, os programas de voluntariado corporativo passam a ser vistos como elementos chave para a concretização de compromissos das empresas com a agenda 2030.

Ao estimular o voluntariado entre os seus colaboradores, uma empresa pratica seus valores e tangibiliza, em forma de ação, os seus princípios ESG.

Estamos testemunhando mais um capítulo da evolução do “fazer o bem” dentro das empresas. Em um mundo que enfrenta desafios sem precedentes de mudanças climáticas, desigualdades sociais, crises humanitárias e econômicas, consolidar novos modelos de negócio mais sustentáveis e inclusivos é fundamental. Essa nova maneira de fazer negócios só é possível se for liderada por pessoas mais empáticas e conscientes.

Voluntariado empresarial: elemento fundamental do ESGPor Marcelo Nonohay, referência na área de voluntariado e diretor da MGN Consultoria.

 

 

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