Estamos finalizando o período de férias escolares, por isso vale refletir sobre as repercussões do Decreto no. 53.019 (publicado no dia 7/12/23 no Diário Oficial) acerca da vedação do uso de celulares durante as aulas da rede municipal do Rio de Janeiro. Na prática a regulamentação não mudou nada, pois desde 2008 existe a Lei Municipal no. 4.734 com teor similar.
No entanto, esse é um tema complexo, que exige uma análise aprofundada, tanto que a UNESCO fez um diagnóstico baseado em uma amostra substancial de jovens com idades entre 2 e 17 anos nos Estados Unidos. Esse Relatório de Monitoramento Global da Educação de 2023 demonstrou que um maior tempo de tela estava associado a uma piora do bem-estar; menos curiosidade, autodisciplina e estabilidade emocional; maior ansiedade; e diagnósticos de depressão.” Portanto, verificamos que é uma tendência mundial a proibição dos smartphones e equipamentos tecnológicos nas escolas, com a adesão de vários países.
Mas será que isso resolve?
Existe uma questão de base que é muito mais ampla: o vício em internet e redes sociais e os danos causados pela hiperestimulação cerebral que proporciona. A dependência digital, também conhecida como nomofobia e Transtorno de Dependência de Internet (TDI), também conhecida como nomofobia e dependência digital.
Vale lembrar que apenas parte da população mundial possui acesso à internet (cerca de 40%), mas um estudo da Universidade de Hong Kong afirma que há uma prevalência do vício em internet da ordem de 6% da população mundial.
Proibir o uso de celulares nas escolas pode parecer uma solução simples diante dos desafios que esses dispositivos apresentam. No entanto, a proibição absoluta pode não resolver completamente os problemas e pode até gerar algumas consequências indesejadas.
Enquanto a sociedade avança na busca por relações mais dinâmicas e flexíveis, impulsionada por práticas inovadoras, a escola, por outro lado, encontra-se limitada por uma legislação restritiva. Essa restrição contribui para a obsolescência das práticas educativas no ambiente escolar, impedindo sua adaptação às demandas contemporâneas já que podemos ter um uso funcional da tecnologia, aproveitando seus benefícios.
Entendo que regular o uso do celular no ambiente escolar e em casa é uma alternativa mais viável que promover restrição à liberdade individual, limitando totalmente a autonomia das pessoas para decidirem como e quando usar seus dispositivos já que não permite o aprendizado e construção de uma relação saudável com dispositivos eletrônicos. Como a restrição absoluta pode contribuir para uma utilização equilibrada, considerando os benefícios práticos e a promoção do uso responsável dessas tecnologias?
A vida moderna torna-se uma tarefa desafiadora para mães e pais que necessitam trabalhar de forma intensa pelo sustento da família e, por vezes, enfrentam dificuldades em proporcionar outras formas de entretenimento aos filhos.
Estabelecer limites de tempo de tela, condições e supervisionar o uso de tais equipamentos pode ser muito mais efetivo para contribuir para um equilíbrio saudável entre a vida online e offline. Assim como oferecer outras atividades recreativas, lúdicas, divertidas e que movimentem o corpo, de preferência.
Quais os limites adequados?
A Sociedade Brasileira de Pediatria preconiza algumas diretrizes, como a recomendação de que crianças com menos de 2 anos não sejam expostas a telas. Para crianças entre 2 e 5 anos, a sugestão é que o tempo de exposição não ultrapasse 1 hora por dia, sempre com supervisão de pais, cuidadores ou responsáveis. Na faixa etária de 6 a 10 anos, o tempo máximo permitido é de 1-2 horas diárias, também com supervisão.
Para adolescentes de 11 a 18 anos, a orientação é limitar o tempo dedicado a telas e jogos de videogame a 2-3 horas diárias. Essas recomendações visam evitar a dependência de jogos e vídeos, que são projetados para serem viciantes, e contribuir para o aprimoramento do desenvolvimento físico, psicológico e emocional das crianças, promovendo, assim, uma geração futura de adultos mais saudáveis.
Por Tatyana Azevedo, escritora best-seller, neuropsicóloga vencedora do Prêmio Top of Mind Qualidade Brasil 2024 (INPEQ), pós-graduada em Coaching, Competências e Negócios, MBA em Gestão de Pessoas e Certificações Internacionais de Excelência pelo Cognitive Behavior Therapy (CBI of Miami), Ericksonian Hypnosis(ACT Institute) e Professional & Self Coaching (IBC). É também integrante do Programa Editorial do Linkedin que lhe concedeu o título em sua comunidade: Top Voice em Stress Management (Gestão do Estresse). Coautora do Best-seller “Mulheres que transformam mulheres” e de “As donas da p… toda: Revolution 4.0.donas da p… toda: Revolution 4.0”. Atua em atendimentos clínicos, avaliações no âmbito da Saúde Mental, treinamentos, mentorias, táticas e estratégias eficazes para superar questões emocionais e bloqueios que impedem o teu sucesso pessoal ou profissional.
Ouça o episódio 155 do RH Pra Você Cast, “O impacto da Geração Z nas relações de trabalho“. Pela primeira vez, quatro gerações dividem o mesmo ambiente de trabalho no mundo corporativo. Uma delas, a Geração Z, tem trazido diversas transformações e reflexões ao mercado de trabalho. Mas será que as empresas, líderes e RH conseguem entender o que esses jovens buscam e almejam para suas carreiras? O que tudo isso exige de revisão por parte da gestão de pessoas e como se tornar um “parceiro estratégico” desses profissionais? Neste episódio, conversamos com a doutora especialista em Geração Z, Thaís Giuliani, também consultora, mentora, escritora e criadora da Geração Zimago. Acompanhe:
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