Em nossa empresa identificamos características de liderança que podem se tornar tóxicas se não forem abordadas corretamente pela gestão. Nem todos os traços são negativos à primeira vista. Alguns podem parecer positivos ou até mesmo ser valorizados em cargos operacionais. No entanto, essas mesmas características podem se revelar tóxicas quando o colaborador é promovido a uma posição de liderança. Aqui estão três traços-chave a serem observados em relação a uma potencial gestão tóxica.
A cautela pode parecer uma boa característica em um líder, pois presume-se que eles são ponderados e racionais. Mas nem sempre é o caso, e o traço pode ser muito mais limitante do que benéfico. Líderes cautelosos podem ser tóxicos, pois seu medo de cometer erros pode paralisar projetos e empresas.
Esses líderes tendem a ter uma mentalidade pessimista, focando na ideia de que nada está certo. Isso resulta em uma relutância em tentar coisas novas e tomar decisões ousadas, interrompendo projetos e afetando negativamente seus subordinados, que acabam precisando contornar essa situação para concluir suas tarefas diárias.
Indivíduos imaginativos são altamente criativos e adoram participar de sessões de brainstorming, o que pode ser um sinal positivo, pois significa que sempre há espaço oferecido por seus gerentes para que suas ideias e sentimentos sejam ouvidos. No entanto, como líderes, eles podem se entediar facilmente com tarefas e atividades diárias, o que pode ser contraproducente para o sucesso de um negócio.
Líderes imaginativos são facilmente distraídos por seus próprios pensamentos e têm potencial para se desviar de suas tarefas, resultando em uma abordagem caótica e desorganizada. Isso pode isolar ou prejudicar os membros de sua equipe que tendem a prosperar quando há uma abordagem mais estruturada em seu trabalho.
Sua abordagem de liderança tem o potencial de se tornar tóxica, uma vez que tendem a complicar excessivamente os problemas e a encontrar maneiras não convencionais ou novas de resolvê-los. Como nem todo desafio requer que o líder “reinvente a roda”, sua insistência em ser inventivo e criativo pode levar seus colaboradores a percebê-los como líderes dispersos e impraticáveis, o que pode minar sua autoridade e contribuir ainda mais para a confusão em seu estilo de gestão.
Líderes audaciosos podem ser inspiradores, corajosos e confiantes. Suas equipes, de fato, podem aprender muito com eles e sua trajetória de sucesso dentro das organizações, mas também pode ser um desafio trabalhar para e sob eles. Esse perfil de liderança soa arrogante, já que se recusa a reconhecer seus defeitos e erros ou assumir a responsabilidade por suas falhas com medo de perder a credibilidade.
Acreditando que são infalíveis, ou pelo menos insistindo que sejam reconhecidos assim, eles costumam atribuir a culpa por quaisquer problemas às suas equipes. Isso pode levar a uma falta de confiança e ressentimento entre liderados e gestores, criando um ambiente de trabalho tóxico.
Enquanto os líderes audaciosos às vezes demonstram falta de responsabilidade, também tendem a aproveitar qualquer oportunidade para se elogiarem, chegando ao ponto de receber crédito por quaisquer conquistas da equipe, independentemente do nível de envolvimento deles.
Esses líderes frequentemente têm dificuldade em reconhecer o trabalho árduo de seus colaboradores, optando por destacar apenas suas próprias realizações para seus superiores. Essa falta de solidariedade com a equipe, bem como a ausência de incentivo, pode ser desmoralizante e levar ao descontentamento, falta de empenho e motivação.
Esses insights mostram que, ao promover colaboradores a posições de liderança, é crucial avaliar cuidadosamente esses traços e seu impacto potencial no ambiente de trabalho. Afinal, a liderança deve inspirar e guiar, não criar obstáculos e desmotivação.
Por Ryne Sherman, Diretor Científico da Hogan Assessment Systems, possui um B.A. em Psicologia e História pelo Monmouth College e um Ph.D. em Psicologia da Personalidade/Social pela University of California, Riverside. Em seu cargo atual, gerencia o departamento de ciência de dados, incluindo análises de talento, inovação de produtos, inteligência de negócios e infraestrutura de pesquisa.
Ouça o episódio 149, “Líder, já colocou a empatia no seu currículo?“. Na busca por uma gestão mais humanizada e em um momento em que o perfil das lideranças vem passando por transformações, a empatia surge como uma habilidade-chave para os líderes. Mas o que significa, na prática, ser um profissional empático? Como desenvolver essa habilidade? A pandemia e os períodos de crise também evidenciam a importância das soft skills no ambiente organizacional. Como o RH pode contribuir para que esse conceito faça parte da cultura da empresa? Conversamos com Vivian Laube, Especialista em Liderança e Comportamento Organizacional, e Priscila Monaco, Diretora Senior de RH da Visa. Acompanhe!
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