Já há alguns anos, empresas mais tradicionais de diversos setores e seguimentos vêm adotando a chamada “transformação digital”, que visa influenciar a rotina de trabalho com a adoção de novas tecnologias, prometendo otimizar o tempo e aumentar a produtividade, realizando entregas em ciclos menores.

Quando ouvi esse termo pela primeira vez, há cerca de 5 ou 6 anos, imaginava que bastaria trazer novas tecnologias e profissionais desse mercado para dentro das organizações e pronto, teríamos uma empresa digital e competitiva, com todos os fluxos e processos funcionando com um click.

Todos os colaboradores usariam aquelas telas interativas saídas de um filme de ficção científica e todos estariam super engajados com toda essa mudança e inovação. Mas a vida real não é um filme e essa transformação vai além das telas interativas. Na realidade, o “digital” é apenas uma parte – muito pequena – dessa transformação, que é muito mais profunda e complexa. Configura-se assim que a transformação não é só digital

Mas, afinal, o que é então a transformação digital?

Eu não acredito em uma resposta única ou certa para essa pergunta.

Para fazer uma transformação digital, é preciso muito estudo sobre o tema, além de estar atento ao mercado, às novas tendências, aos novos aplicativos. Mas, para além do digital, essa transformação tem a ver também com criatividade, com inovação. Não necessariamente criar ou fazer algo disruptivo a todo momento.

Acredito que o caminho seja a mudança de mindset ou a mudança de comportamento: o modo como vemos, percebemos e interagimos com o meio em que estamos inseridos. Em termos mais práticos, precisamos, enquanto parte integrante de uma organização, repensar nossa forma de executar nosso trabalho. Isso engloba também como nos relacionamos com outros times e como enxergamos nosso cliente, seja ele cliente externo/final ou interno – principalmente no caso de profissionais de RH, ou área de Gente, como prefiro chamar.

Realizar uma mudança de comportamento ou mentalidade não é algo fácil – e muito menos é algo que acontece de uma hora para outra. Exige uma demanda de energia muito grande de todos os envolvidos e uma vontade genuína para que as mudanças aconteçam. Esse sentimento tem que permear todos os níveis, principalmente a liderança e aqueles que têm grande influência na organização.

Área de Gente?

Antes de continuar, vale uma observação para quem não está habituado ao termo “Gente” para nomear a área de RH. Esse é um termo que também tem passado por transformações. Aliás, a nossa área é cheia de termos que mudaram ao longo do tempo: o termo funcionário virou colaborador, equipe virou time, recursos humanos virou Gente. São simples transformações de nome ou as empresas têm mudado o olhar para as pessoas que ali trabalham.

Nós, profissionais de Gente, cuidamos de processos de contratação, pagamento, folha de ponto, benefícios e principalmente apoio no desenvolvimento dos colaboradores – e também, cada vez mais, temos a missão de promover um ambiente seguro para que os colaboradores se sintam encorajados a atingir seus resultados, sejam eles pessoais ou profissionais. O olhar das organizações para nós tem mudado e temos atuado de uma forma muito mais estratégica.

E como os profissionais de Gente podem atuar na transformação digital?

Também não é uma resposta fácil. É necessário um esforço contínuo desse time para que todos os colaboradores da organização entendam por que é importante essa transformação. Manter todos “na mesma página” pode ser algo exaustivamente repetitivo. Mas a repetição contínua do porquê, para onde estamos indo e a transparência da estratégia é essencial para que a organização “compre a ideia”.

Estamos lidando com pessoas, que já têm hábitos de pensamento com os quais estão acostumados. É difícil desaprender algo e aprender algo novo rapidamente. Assim, pensar em programas internos que facilitem e habilitem o colaborador a entender mais sobre as mudanças que estão acontecendo também ajudam – e muito. A aplicação de capacitações voltadas para os temas de inovação e tecnologia, além de muita escuta e conversa, com uma dose grande de paciência e resiliência, também são muito importantes. No dia a dia são essas conversas construtivas que farão mexer o ponteiro da transformação.

Capitanear ou fazer parte da transformação digital não é fácil, afinal a transformação não é só digital. Um caminho, talvez, seja começar repensando fluxos, processos, ferramentas e tecnologias que vão facilitar a rotina de trabalho. E, para que isso aconteça, é preciso promover o ambiente social e mental para que as pessoas se sintam convidadas a dialogar, trazer novas ideias, para repensar toda a forma de trabalho que nos foi ensinada até agora.

E é aqui que o time de Gente entra!

Transformação não é só digital

Por Pricila Moretti, especialista em Gestão de Mudança na Cartão Elo. É formada em Psicologia e MBA em Gestão de Negócios.

 

 

 

Ouça também o RHPraVocê Cast, episódio 126, “Até o ‘bom dia’ vira reunião: é mesmo tão difícil se adaptar à comunicação assíncrona?”. Será que todos os líderes estão, de fato, preparados para se adaptar a um diferente estilo de comunicação? Há solução para as reuniões em excesso deixarem de ser parte do dia a dia?

Para responder a isso e auxiliar no melhor entendimento sobre a importância da comunicação assíncrona, o RH Pra Você Cast traz a neurocientista Ana Carolina Souza, sócia da Nêmesis, empresa de educação corporativa. Clique no app abaixo:

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