Trabalho Híbrido vs. Remoto: adaptação e desafios no contexto brasileiro

Diante da análise de resultados relacionados à produtividade, performance profissional e adesão à cultura das organizações, muitas empresas estão chamando seus times de volta aos escritórios, sendo que o modelo híbrido é o que mais ganha força diante do 100% remoto e do 100% presencial.

Há ainda as empresas que passaram a investir em rituais presenciais periódicos para equipes “remote first”, o que antes não era previsto em muitos casos.

Dilema do trabalho híbrido versus o trabalho remoto

Tudo isso nos leva à pergunta: no dilema do trabalho híbrido versus trabalho remoto, quais serão os principais desafios do contexto brasileiro e como superá-los? 

Cada empresa tem o seu universo, cultura e contexto, o que deve ser analisado com o devido cuidado para recalcular a rota e encontrar o melhor modelo nesse exercício de trabalho reimaginado. 

A primeira certeza é de que a flexibilização do trabalho é o futuro, mas que ela não é sinônimo de uma atuação 100% remota. Há pelo menos 5 cenários prevalentes: 100% remoto, 100% presencial, totalmente híbrido, híbrido com prevalência presencial, ou prevalentemente remoto com alguns encontros presenciais.

Trasição de carreira

A segunda certeza é que tanto os objetivos do negócio quanto o bem-estar dos colaboradores precisam ser levados em consideração, tendo os indicadores de produtividade e desempenho sempre no centro das decisões. Essa necessidade de maior diálogo entre reivindicações aparece na pesquisa global EY Trabalho Reimaginado (2023), que aponta que a correlação de poder entre funcionários e gestores também mudou, inclusive no Brasil. 

Produtividade, formação e integração de times, adesão à cultura

O levantamento aponta que, atualmente, menos da metade (47%) dos empregadores acreditam que detém mais poder que os empregados em termos de influência sobre benefícios, retenção e modelos de trabalho, entre outros temas.   

Os principais desafios enfrentados com o trabalho 100% remoto nas empresas têm a ver com produtividade, formação e integração de times, adesão à cultura e inovação. 

Mesmo com as estatísticas mostrando uma preferência maior pelo remoto entre os colaboradores, cabe às empresas detectar esses gargalos e melhorar seus motivos para trazer as pessoas de volta ao trabalho presencial em grupo.

Mudanças de estilo de vida

Isso passa por compreender as mudanças de estilo de vida e maior equilíbrio entre o trabalho e o tempo fora dele, além do grande impacto na vida das pessoas desde 2020. 

Ao mesmo tempo, questões como o ambiente competitivo de cada mercado, resultados atuais, metas estabelecidas e até mesmo a transformação digital precisam ser consideradas para chegar a um modelo consolidado e bem escolhido. 

Outro desafio está nas empresas que já nasceram remotas ou que foram muito veementes ao transicionar para esta posição durante a pandemia, como se fosse uma decisão eterna, ou pelo menos de longo prazo. Afinal, boa parte da atração e da retenção de talentos nessas companhias passa por essa premissa. 

Muitas das empresas nativas digitais que já nasceram remotas montaram equipes espalhadas geograficamente pelo país, e até pelo mundo, gerando até mesmo uma multiculturalidade maior. 

Quando e como fazer a transição entre remoto e híbrido?

Um dos primeiros pontos a serem avaliados é a real necessidade do trabalho presencial e os reais motivos para ter as pessoas juntas no mesmo ambiente. A escolha não pode ser randômica, e sim, bem estudada.

Afinal, a jornada entre casa e escritório pode ser demorada e reduzir o tempo de descanso, assim como o ambiente do escritório pode ser improdutivo em caso de excesso de estímulos e reuniões, interrupções constantes, gestores com trato ruim ou que pressionam demais no contato pessoal, sem contar as demandas que não fazem sentido. 

Esses fatores podem gerar uma sensação de bagunça, que por sua vez pode levar ao estresse e ao burnout. Embora o ambiente doméstico também possa estar cheio de distrações improdutivas, é preciso fazer valer a presença das pessoas e tirar o melhor proveito dos encontros, mantendo claros os objetivos da interação e as ações esperadas com cada uma delas.

Oferecer ambientes favoráveis

Só assim é que as empresas conseguirão propiciar ambientes favoráveis para a alta performance dos funcionários, em linha com as metas e necessidades do negócio. Fora dessa ordem, não adianta em nada mudar o modelo de trabalho.

Com uma contabilidade precisa sobre os prós e contras de cada modelo dentro da realidade e dos anseios específicos da organização, dos seus colaboradores e do mercado, é hora de tomar a decisão.

Uma vez que isso aconteça, é importante estabelecer e comunicar com transparência um passo a passo para essa transição. Devem ficar claros os motivos para isso e criando canais para que as pessoas tirem suas dúvidas e se sintam ouvidas e respeitadas nesse processo. 

Trabalho Híbrido vs. Remoto: desafios no Brasil

Por Oliver KamakuraSócio de Consultoria em Gestão de Pessoas da EY para o Brasil.

 

 

 

🎧 Ouça o Episódio 180 do Podcast RH Pra Você Cast: A cada ano que passa, mais voltamos para o “velho normal”?

No episódio mergulhamos nas tendências que moldam o mundo do trabalho neste ano. Enquanto alguns colaboradores resistem a abandonar o trabalho híbrido ou o home office, muitas organizações anseiam pelo retorno ao “velho normal” – a jornada 100% presencial. Mas será que o “novo normal” está perdendo força?

O Debate: “Velho Normal” versus “Novo Normal”
  • Trabalho Híbrido e Home Office: A resistência persiste. Alguns colaboradores adoram a flexibilidade do trabalho remoto, enquanto outros anseiam pelo ambiente do escritório. Como equilibrar essas preferências?
  • Organizações e a Busca pelo Equilíbrio: As empresas estão reavaliando suas estratégias. O que é mais eficiente? O retorno total ao escritório ou uma abordagem híbrida? Luciana Carvalho, CEO e Fundadora da Chiefs.Group, compartilha insights valiosos.
  • Alertas para Gestores: Além das questões de formato de trabalho, Luciana destaca outros desafios que os gestores enfrentam. Como manter a produtividade, a saúde mental e a conexão entre equipes?

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