Na retomada à nova realidade, modelo híbrido de trabalho é tendência carregada de benefícios e desafios.

A crise sanitária causada pela Covid-19 mudou o mundo. Do dia para a noite, os hábitos do “velho normal” tiveram de ser revistos ao mesmo tempo em que todos aprendiam a lidar com a realidade alarmante trazida pela doença, que chegou ao Brasil oficialmente em março de 2020.

Além dos urgentes cuidados de saúde, outra área imensamente afetada foi a das relações trabalhistas.

Com a necessidade do isolamento social, o trabalho remoto – antes privilégio de poucos e, ainda assim, em áreas nichadas – tornou-se realidade mandatória para todas as áreas que não exigiam trabalho presencial, como medida de proteção contra o avanço do vírus.


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Passados mais de dois anos dessa primeira conjuntura, vivemos o momento de retomada da vida como era antes. O avanço da vacinação em todo o país, e a consequente diminuição do contágio e número de vitimados, resultou na volta das atividades econômicas, prejudicadas pelo período de quarentena, e na não obrigatoriedade de distanciamento social e uso de máscaras.

Nesse cenário, a chegada do fim do trabalho 100% remoto comprovou que a medida adotada emergencialmente em 2020 se tornou uma tendência real na preferência dos trabalhadores
por conta dos benefícios de qualidade de vida, ganho de tempo e produtividade.

É o que mostra a pesquisa Redefinindo o Normal, realizada pelo Grupo Adecco. O estudo ouviu 14.800 trabalhadores, entre homens e mulheres de diferentes idades e de diversos países, incluindo o Brasil, entre maio e junho de 2021.

Todos os entrevistados exerciam trabalho presencial em escritórios e tiveram suas rotinas alteradas para o ambiente remoto com a chegada da pandemia.

Os benefícios

A flexibilidade proporcionada pelo modelo híbrido é determinante para o sucesso desse modelo de trabalho. É o que dizem 8 de cada 10 entrevistados pela pesquisa, que preferem passar mais tempo trabalhando de casa (53%) do que no escritório (47%).

O dado é parecido quando se trata de pessoas que têm filhos. Cerca de 51% dos pais e mães entrevistados são favoráveis a passar mais tempo em casa.

Um período maior de atividades remotas proporciona o melhor gerenciamento de tempo, tanto em produtividade nas tarefas profissionais quanto em atividades pessoais.

O estudo também aponta a capacidade inclusiva do modelo híbrido, pois o ajuste na questão da mobilidade pode proporcionar mais oportunidades de empregos a portadores de deficiência (75%) e pessoas de diversas origens e regiões (69%), impulsionando assim a diversidade das empresas.

Burnout: a nova pandemia?

O trabalho remoto se firmou como tendência por mostrar que a produtividade dos trabalhadores não diminuiu com a saída dos escritórios. Cerca de 82% dos entrevistados pelo estudo declararam que sua produtividade permaneceu a mesma ou aumentou nos últimos 12 meses.

Na contramão desse dado, houve também o aumento na jornada de trabalho em 20% dos respondentes. Isso criou um alerta para os cuidados com a saúde mental e casos de burnout, conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional.

De acordo com 32% dos entrevistados da pesquisa relataram que a saúde mental foi afetada nos últimos 12 meses.

O burnout é causado pelo excesso de trabalho, sendo caracterizado por sintomas intensos de exaustão física, além de picos de estresse e esgotamento emocional.

Antes considerada um problema de saúde mental, teve sua classificação alterada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em janeiro de 2022, passando a ser reconhecida como doença do trabalho por meio da CID11 (Classificação Internacional de Doenças).

Na atual conjuntura do trabalho híbrido, em que os trabalhadores permanecem boa parte do tempo no trabalho remoto, é importante o olhar atento dos gestores em seus colaboradores para que seja oferecido o apoio emocional necessário. Cerca de 74% dos entrevistados esperam que as empresas foquem nessa questão.

A realidade, porém, apresenta algo diferente: os líderes (51%) não estão preparados para prestar esse apoio justamente pela dificuldade de identificar nos funcionários sintomas de burnout, enquanto os colaboradores (67%) declaram que suas lideranças não atendem suas expectativas quanto à atenção à saúde mental.

Nova realidade, novas condutas

O fim da pandemia ainda não foi decretado. Mesmo assim, as ações de enfrentamento ao vírus mudaram completamente a realidade das relações – sobretudo as trabalhistas – ao redor do mundo.

Nesse cenário de controle da doença e retomada híbrida, é necessário a busca pela harmonia entre o “velho normal” e o “novo normal”.

Encontrar o equilíbrio que atenda aos colaboradores e gestores, integrar os funcionários nos modelos remoto e presencial e estar atento às demandas da saúde emocional são condutas necessárias para a adaptação e estabelecimento desta nova realidade que se apresenta, em que não existe uma única abordagem padrão no cuidado com o colaborador.

Isso é visão de futuro.

Trabalho híbrido é tendência carregada de benefícios e desafios

Por André Vicente, Diretor-geral da Adecco do Brasil.

 

 

 

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Capa: Deposithphotos