Ao analisarmos as principais transformações ocorridas nas relações entre colaboradores e empresas durante a pandemia, percebemos que o modelo não presencial provocou mudanças profundas em estruturas e culturas organizacionais, mesmo nas companhias que ainda não estavam buscando se adaptar a novos formatos.
Afinal, nos últimos anos, houve uma aceleração da transformação digital de seis anos no mundo do trabalho, como aponta o estudo “Covid-19 Digital Engagement Report”, produzido pela Twillio, e a palavra-chave principal foi “adaptação”.
O fato é que as organizações que já estavam se preparando, disponibilizando recursos e estruturas para acolher e impulsionar seus profissionais de maneira mais assertiva, saíram na frente nesse período. Em contrapartida, as pessoas vislumbraram um novo modo de trabalhar e de poder buscar novas oportunidades de emprego sem sair da cadeira de casa.
Essas transformações culturais vieram para ficar. O trabalho remoto mostrou, para empresas e profissionais, a possibilidade de se trabalhar de qualquer lugar, de maneira mais autônoma e, ainda assim, atingir as metas. Para 95% dos CEOs entrevistados em pesquisa realizada pela Indeed, a autogestão é uma das habilidades que o profissional deve desenvolver no futuro do trabalho.
As lideranças tiveram que se atualizar para dar conta desse novo desafio: gerenciar pessoas de forma remota e, às vezes, bem distantes, promovendo modelos de equipes mais horizontais. O trabalho colaborativo se tornou ainda mais dinâmico, digital e produtivo. De acordo com a pesquisa O Futuro do Trabalho no Brasil, realizada pela IDC, a pedido do Google Workspace, 82% dos profissionais afirmam terem sido produtivos ou muito produtivos durante o período remoto.
Por consequência, o uso de recursos na nuvem aumentou. Dados da Gartner Consultoria mostram que o armazenamento na nuvem cresceu 40,7% em 2020, se comparado com o ano anterior. As empresas de soluções cloud tiveram que se adaptar para atender ao aumento exponencial da demanda. Features novas foram lançadas e recursos que já existiam foram aprimorados, contribuindo para um ambiente mais inclusivo, tanto em espaços geográficos quanto em pessoas.
Essa nova dinâmica em que fomos inseridos nos fez sair da nossa zona de conforto e nos desenvolver, tanto como profissionais quanto como seres humanos. Abrimos nossas câmeras para o dia a dia das nossas casas, com famílias, pets, vulnerabilidades e limitações. Junto aos benefícios do trabalho remoto, algumas consequências negativas também surgiram.
A Síndrome de Burnout teve uma alta de 21% nos diagnósticos, em comparação ao período pré-pandemia. Ansiedade e depressão também tiveram seus números ampliados em até três vezes, de acordo com o psiquiatra Wagner Gattaz, diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
A empatia está no cerne de um futuro do trabalho mais produtivo. E essa é apenas uma das perspectivas a que devemos estar atentos. Os profissionais estão em busca de ambientes que sejam mais inclusivos, acolhedores, horizontais – ou seja, que destoam do modelo clássico.
Ainda segundo a pesquisa O Futuro do Trabalho no Brasil, 78% dos entrevistados cuja empresa não definiu um modelo pós-pandemia sugeriram o formato híbrido ou 100% remoto. E, segundo levantamento da Gartner Consultoria, 4 em cada 10 funcionários correm o risco de pedir demissão caso o modelo seja o presencial.
O mundo mudou e as transformações chegaram. As perspectivas são amplas e dinâmicas. O grande diferencial para o sucesso de uma organização no futuro é estar atenta aos seus colaboradores. Para as empresas alcançarem maior produtividade e excelência em suas operações, é imprescindível continuar ajustando seus processos e investimentos em metodologias e tecnologias com foco em pessoas.
Por Felipe Schütz, team leader de CS na ilegra, empresa global de inovação, design e software.
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