Para quem lida com gestão de pessoas nas empresas, desde micro até grandes corporações, já ficou claro há muito tempo que os colaboradores levam muitos fatores em conta, além do salário, quando o assunto é permanecer ou não em um emprego. Cada vez mais, as pessoas procuram por qualidade de vida, bem-estar e saúde física e mental. Por isso, para quem deseja reter talentos, mantendo uma equipe engajada e feliz, é necessário lidar com os funcionários com um olhar mais humano.
Um dos pontos mais importantes e que deve ser sempre levado em consideração é a saúde mental do colaborador. Obviamente, muitos fatores que possuem relação com o ambiente de trabalho, ou não, podem afetar o psicológico de uma pessoa. Um dos mais comuns e, ao mesmo tempo, mais preocupantes, é o estresse financeiro.
Uma pesquisa realizada em 2019, pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostrou que 67% das pessoas não conseguem poupar o salário e nem planejar o futuro.
Entre os brasileiros mais pobres, das classes C, D e E, o percentual é ainda maior: 71%. Já nas classes A e B, o percentual de não-poupadores é de 54%. São números preocupantes, ainda mais em um momento de crise econômica, já que os próximos passos da vida da maioria das pessoas parecem tão incertos.
Quando uma pessoa está passando por uma situação de estresse financeiro, a primeira questão é que, certamente, ela não conseguirá produzir e performar de maneira satisfatória no trabalho. Além disso, terá dificuldade de conciliar emprego e lazer, o que, consequentemente, refletirá na sua saúde mental, física e financeira.
Os prejuízos são gigantes para quem está vivendo uma situação traumática como essa – e a empresa também é prejudicada.
A questão que fica para a empresa é: como eu posso ajudar os meus colaboradores a não chegarem em uma situação de estresse financeiro? Sim, é muito melhor prevenir do que remediar, pois, quando a pessoa já está vivenciando a situação, será muito mais difícil ajudá-la a se reorganizar.
Posso dizer que existem diversas maneiras de olhar para o funcionário e auxiliá-lo a evitar problemas relacionados ao dinheiro. Um caminho é oferecer treinamentos e ferramentas de planejamento financeiro, por exemplo – além de mostrar que se preocupa com o bem-estar financeiro do colaborador, você o ajudará a ter mais noção deste universo das finanças e, consequentemente, ele poderá se organizar melhor com o salário que recebe.
Outra maneira de ajudar é em relação aos benefícios corporativos do colaborador. Não dá mais para ficar apenas no salário e vale-refeição. É necessário estudar o que pode oferecer além daquele ‘basicão’. Isso pode ser feito em conjunto com os funcionários, para entender o que eles gostariam de ter como benefício.
Muitas pessoas podem precisar de um empurrãozinho como um desconto para continuar os estudos, enquanto outras precisam de uma ajuda mais completa para reduzir as despesas e colocar as contas em dia. Hoje, é possível pensar e oferecer benefícios de todos os tipos.
É importante que as empresas comecem a perceber que gerir pessoas não é apenas pagar os seus funcionários em dia, organizar as férias e admitir ou demitir novos colaboradores. A preocupação genuína com o bem-estar é o caminho para todas as corporações que desejam alcançar o sucesso e continuar crescendo. As pessoas não aceitam mais estar em um local onde não se sentem respeitadas, valorizadas e olhadas com atenção.
Por isso, a minha dica é: olhe para o seu funcionário com cuidado e ouça cada um deles para entender como a sua empresa pode ajudá-los. Sabemos que nem sempre será possível agradar a todos, porém, abrir para o diálogo é um primeiro passo para o sucesso quando o assunto é gestão de pessoas e bem-estar do colaborador.
Por Gustavo Antonelli, co-fundador da Allya, HR tech com foco em benefícios corporativos e bem-estar financeiro.
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