Ansiedade excessiva, isolamento social, dificuldade de concentração são apenas alguns dos sintomas de uma lista enorme que indicam problemas de saúde mental. Dados do Ministério da Previdência Social mostram que só em 2024 quase meio milhão de afastamentos, o maior número em pelo menos dez anos, estão relacionados à saúde mental.
E a pergunta que fica aqui é: como nós, profissionais de recursos humanos, podemos contribuir para que esse assunto seja cada vez mais discutido e defendido dentro das organizações?
Vivemos um tempo em que os desafios humanos, sociais e climáticos se apresentam de forma cada vez mais urgente, e não há como separar o sucesso de um negócio da saúde do planeta ou do bem-estar das pessoas que nele habitam. É por isso que eu acredito que o futuro das organizações depende de um compromisso firme: dizer SIM a um modelo de desenvolvimento que conecta pessoas, planeta e propósito, e que esses pilares estejam no centro das atenções.
Ambientes humanos constroem futuro sustentável
Esse SIM não é um slogan, é uma escolha diária. Ele nos guia na criação de ambientes de trabalho mais humanos, na valorização da diversidade de vozes e talentos e na consciência sobre o impacto que deixamos no mundo.
Muito se fala sobre políticas de ESG, mas nem todas as empresas de fato integram esses valores ao seu DNA. Essa mudança constrói culturas fortes e atrativas, capazes de engajar pessoas que desejam trabalhar com sentido e contribuir para algo maior, não apenas para si mesmas, mas também para a sociedade e para as próximas gerações.
Quando falamos em pessoas, é indispensável que as empresas priorizem o bem-estar emocional e físico de seus colaboradores. Isso significa ir muito além de programas pontuais, construindo um ambiente de trabalho seguro, acolhedor e emocionalmente saudável, onde cada indivíduo se sinta valorizado e apoiado. Sinto orgulho quando vejo iniciativas de saúde mental sendo abraçadas, traduzindo o compromisso com um espaço onde sonhar e realizar é possível, sem comprometer a integridade emocional.
Acredito que a verdadeira inovação e a construção de soluções robustas surgem da pluralidade de ideias e experiências. Por isso, dizer SIM também à diversidade é abrir as portas para diferentes perspectivas e talentos, garantindo que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento, independentemente de suas características individuais. É criar um ambiente onde cada voz é ouvida, respeitada e valorizada, fortalecendo o alicerce social que nos impulsiona a ir além.
Compromisso coletivo por um futuro sustentável
Esse mesmo cuidado precisamos ter quando o assunto é o nosso planeta. Dizer SIM à sustentabilidade é um compromisso diário de inovar para além dos muros da organização. Isso exige ampla consciência sobre nosso papel e impacto em toda a cadeia de valor.
Por consequência, o investimento e a promoção de energias renováveis tornam-se cruciais para construir um futuro mais verde e resiliente. Com isso, reafirmamos a determinação em reduzir a pegada de carbono e incentivar soluções que beneficiem o meio ambiente a longo prazo. É também um convite para que clientes, colaboradores, parceiros e a sociedade em geral se unam nessa jornada de transformação.
Para que isso aconteça, é importante não se perder na busca pelo propósito maior. Esse propósito está justamente em compreender que o cuidado com as pessoas e a responsabilidade ambiental precisam ser construídos a muitas mãos.
Adicionalmente, é fundamental assumir o compromisso de ser uma empresa boa não apenas para os negócios ou para seus colaboradores. Acima de tudo, é preciso ser uma empresa boa para o mundo.
Pessoas no centro de um futuro sustentável e inclusivo
Este SIM que tanto falo é, antes de tudo, abrir nossa mente para o que já estamos vivendo. A partir daí, é construir junto o futuro que desejamos viver. Além disso, é deixar esse futuro como legado para as próximas gerações.
Afinal, trata-se de um mundo de sonhos possíveis, onde o sucesso empresarial caminha lado a lado com o bem-estar coletivo e a saúde do planeta.
E, no centro de tudo isso, estão as pessoas. Devemos considerar não apenas aquelas que compõem nossas equipes e impulsionam nossos resultados. Ademais, é essencial incluir as comunidades ao redor, os parceiros, os clientes e, em última instância, cada indivíduo impactado pelas nossas ações.. O verdadeiro sucesso de uma agenda ESG reside na capacidade de olharmos para cada ser humano com cuidado genuíno.
Outrossim, é fundamental reconhecer sua dignidade, suas necessidades e seu potencial. É um olhar humano e cuidadoso que transcende os muros da organização, compreendendo que o bem-estar coletivo é a base para qualquer futuro verdadeiramente sustentável. Afinal, não há planeta saudável sem pessoas saudáveis, e não há prosperidade duradoura sem inclusão e equidade para todos.

Por Brenda Donato, Diretora de Pessoas & Resultados da Embracon. Psicóloga pela Universidade Braz Cubas, com especializações em Gestão Estratégica de Pessoas (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Psicodrama (Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama) e Coaching Executivo (Sociedade Brasileira de Coaching). Possui MBA em Gestão Empresarial (FGV), formação em Design Thinking (Echos – Escola de Inovação) e é Conselheira de Inovação Profissional pela Gonew.
Ouça o podcast RH Pra Você Cast, no episódio 214:
"Saúde mental nas empresas: Os direitos trabalhistas que você ainda não conhece"
O RH Pra Você Cast traz um tema urgente para empresas e trabalhadores: o crescente afastamento por questões de saúde mental e atitudes de procrastinação.
Entenda o impacto das doenças mentais no ambiente de trabalho
Nos últimos anos, os casos de licenças médicas por estresse, Burnout, ansiedade e depressão cresceram de forma alarmante. Ao mesmo tempo, muitas empresas — ainda que sem intenção — acabam contribuindo para esse adoecimento emocional por meio de ambientes tóxicos ou práticas exaustivas.
Além disso, o Brasil figura entre os países com maior número de registros dessas condições mentais. Diante desse cenário preocupante, torna-se indispensável conhecer os direitos dos trabalhadores e, sobretudo, preparar líderes e organizações para lidar com essas situações de maneira responsável.
Nesse sentido, ouvir especialistas não é apenas recomendável — é um passo decisivo para promover mudanças reais e sustentáveis no ambiente corporativo. Afinal, transformar a cultura organizacional exige escuta, ação e compromisso contínuo.
Por que as empresas precisam agir agora
A saúde mental no trabalho deixou de ser um tema periférico. Dessa forma, tornou-se um fator estratégico, que impacta engajamento, produtividade, clima organizacional e retenção de talentos.
Ao negligenciar esse aspecto, as empresas correm riscos jurídicos, financeiros e reputacionais. Por outro lado, ao priorizar o bem-estar, constroem ambientes mais sustentáveis e humanos.
Para nos guiar nessa conversa, o episódio conta com a participação do Dr. Márcio Coelho, referência em direito trabalhista. Ele foi presidente da Comissão de Acidentes do Trabalho da OAB-SP e traz insights valiosos para empregadores e empregados. Confira abaixo:
Não se esqueça de seguir nosso podcast e interagir nas redes. Assim, sua participação fortalece a comunidade e mantém o conteúdo relevante. Portanto, acompanhar sem engajar é perder a chance de fazer parte da conversa. Em resumo: seguir e interagir são gestos simples que geram impacto real: