Na última quinta-feira (18) fomos pegos de surpresa com a notícia de que a matriz (EUA) da Microsoft havia desligado o seu time de diversidade e inclusão alegando “não ser mais um tema crítico para o negócio”. Foram dezenas de postagens de influencers e profissionais da pauta ressaltando preocupações com a retração da DEI (diversidade, equidade e inclusão) nos negócios.

É sabido que muitas práticas e políticas corporativas são espelhadas naquelas implementadas pelos norte-americanos, principalmente considerando que as matrizes das maiores organizações estão situadas lá, no entanto, dentro da pauta de DEI, eles não deveriam ser a nossa referência, simplesmente por estarem em um cenário político e sociodemográfico distinto do nosso.

De acordo com o U.S Census Bureau, pessoas negras representam menos de 15% da população norte-americana, enquanto no Brasil são a maioria (55%). Apesar disso, essa população não está presente na mesma proporção nos ambientes de trabalho e nas decisões políticas, o que torna o trabalho de inclusão primordial no nosso país. 

Refugiados

Já o que vemos nos EUA é um movimento que discorda de esforços afirmativos para a inclusão de uma minoria, com alguns considerando-as “discriminatórias”.

Cenário político e iniciativas governamentais

Nos últimos dois anos, políticos de partidos conservadores iniciaram um movimento para barrar ações afirmativas nos Estados Unidos. Grandes empresas como PwC, John Deere e Meta foram pressionadas a cancelarem suas ações afirmativas como bolsas de estudo, vagas e estágios baseadas em raça. Esse é o principal movimento por trás da retração da pauta de DEI por lá.

Enquanto isso aqui no Brasil, duas novas leis foram aprovadas, sendo uma obrigando a coleta de dados de raça pelos empregadores e outra visando o avanço da igualdade salarial entre gêneros e eliminação da discriminação e assédio. 

Além disso, no cenário financeiro, vemos a CVM exigindo que as empresas listadas na bolsa reportem seus números de diversidade e, não parando por aí, em 2026 passará a exigir que as organizações tenham membros de grupos sub-representados no conselho.

Diversidade e inclusão como necessidade de negócio nas empresas Brasileiras

Mulheres são a maioria no Brasil, pessoas negras também. Pessoas com mais de 50 anos já são 28% e o envelhecimento populacional nos mostra que o número só aumentará, enquanto que os jovens talentos reduzem ano a ano. Pessoas com deficiência são 9% da população total, mas entre aquelas em idade para trabalhar, apenas 27% estão ocupadas.

Não é preciso ser bom em matemática para entender que essa conta logo não vai fechar. Não olhar para a inclusão destes e outros grupos minorizados é escolher ignorar uma crise de talentos que custará caro.

Um novo estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) trouxe dados alarmantes sobre a redução da taxa de nascimentos no mundo. De acordo com o estudo, a taxa ideal para manter populações constantes seria de 2,1 filhos para cada mulher e o índice em 2022 já estava em 1,5. A expectativa é que, em menos de 100 anos, apenas 6 países terão crianças suficientes para manter suas populações estáveis. 

A tendência é que esse cenário nos leve à uma escassez de mão de obra, aumentando consideravelmente a disputa e os salários, tornando o assunto sobre pessoas totalmente inflacionário.

Ignorar a diversidade e a inclusão é negligenciar a sustentabilidade do negócio

Esses dados destacam a importância crítica da diversidade e inclusão. Empresas que permanecerem de olhos fechados para este cenário, investindo e contratando majoritariamente o grupo privilegiado (que hoje é minoria do país), claramente estarão colocando à prova a sustentabilidade de seus negócios e apostando alto na sua capacidade de atrair e reter talentos frente à sua concorrência.

Sim, diversidade e inclusão são críticas para o negócio

Por Erika Vaz, CEO e Co-founder da to.gather, startup de People Analytics para diversidade e inclusão. Formada em tecnologia com MBA em inovação, possui experiência de mais de 12 anos em consultorias de RH.  Empreendedora, apaixonada por inovação, tecnologia e mundo gamer!  Acredito de verdade no poder e impacto da diversidade e da flexibilidade nas relações de trabalho. Também tenho convicção de que a inovação e a tecnologia vão impulsionar essas transformações, este é o motivo pelo qual eu já desenvolvi uma!

 

Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast, “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)“. Como você se enxerga daqui a cinco ou dez anos? O questionamento, que já deve ter sido feito a muitos de vocês durante algum processo seletivo ao longo da carreira, nem sempre traz consigo uma resposta fácil. Especialmente para um público que, diante de tantos estereótipos e preconceitos, sequer sabe como será o dia de amanhã em sua vida profissional. A cada nova geração que entra no mercado, uma anterior se vê diante do dilema de ficar para trás e ver cada vez menos portas se abrirem.

O panorama, todavia, não só precisa como deve ser mudado. Pesquisas revelam que o tão falado “choque geracional” é extremamente benéfico não só a profissionais de todas as idades, mas também às empresas. E, afinal, se não olharmos para o público 50+ com atenção, como será quando chegar a nossa vez de lutar por espaço com os mais jovens? Para falar sobre as vantagens de mesclar gerações e como desenvolver mecanismos de inclusão, o RH Pra Você Cast traz Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Confira o papo clicando no app abaixo:

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Capa: Depositphotos