Seu plano de carreira precisa ser um trevo de quatro folhas, você sabia?
Em um daqueles momentos em que a vida nos convida a saborear uma pausa, percebi a essência de um plano de carreira. Foi curioso, pois não estava refletindo sobre isso naquele dia. Buscava apenas uma brisa suave, o calor do sol nos cabelos, um alívio das pressões cotidianas e muitas fotos.
Foi durante uma visita a Holambra, a encantadora cidade das flores, que a epifania ocorreu. Descobri a existência de sementes do mítico trevo de quatro folhas. Fiquei fascinada. O tão falado e misterioso trevo, afinal, era real e tangível.
Enquanto observava aquelas sementes, um pensamento brotou: é possível plantar a própria sorte. Podia regar, cuidar e vê-la florescer. E, assim, compreendi algo fundamental: até “a sorte” exige protagonismo – ou você a cultiva, ou ficará eternamente em uma busca infrutífera. Eu esperava encontrar o trevo de quatro folhas e a vida me presenteou com suas sementes.
Tempos depois, ao contemplar o comportamento dos meus trevos, notei que eles se fecham à noite, como quem vai dormir, e se abrem pela manhã, despertando para um novo dia. Logo pensei: até os trevos respeitam seu tempo de descanso, reconhecendo a importância das pausas tão necessárias. Eles não brincam com a própria sorte!
Mas, como essa metáfora se aplica à vida profissional? Percebo que esperamos pronto o que precisa ser construído. Assim como não se julga um livro só pela capa, não devemos julgar uma empresa apenas por seu tamanho ou alcance global. Nem todas possuem um plano de carreira estruturado. Surpreendentemente, algumas grandes multinacionais carecem de um plano definido.
As aparências enganam, e frequentemente associamos grandeza corporativa com um bom plano de carreira, o que nem sempre é verdade. Acredite: por trás de uma grande empresa, nem sempre haverá uma estrutura de carreira. Segundo uma pesquisa da plataforma Futuros Possíveis realizada em fevereiro de 2023, ter um plano de carreira dentro das empresas é uma prioridade para muitos profissionais, mas ainda não é para todas as empresas.
Portanto, se você almeja crescimento e novas responsabilidades que impulsionem seu desenvolvimento profissional, é vital avaliar cuidadosamente as empresas onde pretende trabalhar. Não é apenas a organização quem nos avalia, nós também podemos e precisamos examinar se ela corresponde aos nossos valores e expectativas.
É comum ouvir queixas sobre culturas organizacionais retrógradas ou a ausência de mulheres na diretoria. Tais características podem ser percebidas antes mesmo de aceitar a oferta de emprego. Contudo, ainda é raro vermos profissionais adotando uma postura proativa ao avaliar se a empresa possui o perfil desejado. Neste contexto, ter clareza sobre suas expectativas é crucial, pois para quem não sabe onde quer chegar, qualquer empresa serve.
Outro ponto essencial é o que chamo de carreira passiva, onde o colaborador se propõe a realizar um excelente trabalho e transfere à empresa o poder de decidir sobre sua trajetória, deixando indiretamente sua promoção nas mãos do gestor. Você pode ser um profissional exemplar, com grandes entregas, mas se seu plano de carreira estiver nas mãos de terceiros, seu crescimento poderá ser retardado. A participação ativa de ambos os lados é indispensável nesse processo, transformando a empresa em uma parceira, os gestores em aliados e você em personagem principal. A carreira é sua, e isso requer autorresponsabilidade.
O desejo de deixar uma área ou atividade não deve superar o desejo de ingressar em outra específica. Motivações baseadas apenas na fuga podem levar à perda de direção. Saber o que não gosta, o que não quer é útil, mas não deve ser o único critério para uma mudança.
Ter clareza sobre seu plano de carreira faz toda a diferença. Quando se sabe o que busca, até uma movimentação lateral pode ser estratégica e valiosa, mesmo sem promoção de cargo ou melhorias salariais, pois estando alinhada com seus objetivos te fortalece para. Em contrapartida, uma promoção que te leva a um projeto ou atividade que não combina com você pode ser prejudicial, mesmo com um aumento de salário e/ou mudança de cargo. Movimentações motivadas apenas pelo financeiro podem desconfigurar sua trajetória e comprometer sua autoestima por não serem coerentes com suas aspirações.
Acredite: a direção é, de fato, o mais importante; e como é conversando que nos entendemos, dialogue sobre sua vida profissional com pessoas de confiança; invista no autoconhecimento; observe como se sente realizando determinadas atividades e participando de certos projetos.
Avalie-se regularmente. Sua carreira precisa ter a sua marca pessoal. As informações mais significativas sobre seu destino profissional estão dentro de você. A vida e a sua história vão te dar pistas importantes. Os quatro trevos do seu plano de carreira são: protagonismo, intencionalidade, identidade e pausas; essa última, para que todas as outras sejam possíveis.
Lembre-se, assim como os trevos, respeite seus tempos, cuide do seu crescimento e seja protagonista plantando a sua própria sorte. O mundo corporativo também só oferta as sementes.
Por Letícia de Oliveira Alves, psicóloga, palestrante e Idealizadora e Gestora do Projeto Café com os Psicólogos que atuam no SUAS (Sistema Único de Assistência Social).
Ouça o PodCast RHPraVocê, episódio 78, “Quando é o momento de mudar de carreira (e como fazer isso)?”. A decisão de mudar de carreira (seja a mudança de profissão, setor ou área) é sempre acompanhada por muitas dúvidas e reflexões. Há um momento certo para isso? Há algum sinal para identificarmos que esse momento chegou? O CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com Dani Verdugo, empresária, headhunter e CEO da THE Consulting e Hugo Capobianco, especialista de carreira da Consultoria Global Lee Hecht Harrison (LHH), sobre o processo de mudança de carreira e qual o planejamento para isso. Confira o papo player abaixo:
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