Saúde mental no trabalho: como a Teoria Polivagal e a nova NR-1 impulsionam ambientes mais saudáveis
A saúde mental no trabalho está no centro do debate sobre qualidade de vida e produtividade no Brasil. Em 2024, o país registrou 472 mil afastamentos relacionados a transtornos mentais, um aumento de 68% em comparação com o ano anterior, segundo dados do Ministério da Previdência Social. O número alarmante escancara a urgência de estratégias organizacionais sólidas voltadas ao bem-estar emocional dos colaboradores.
A Teoria Polivagal, criada pelo neurocientista Stephen Porges, oferece um recurso essencial para entender como o sistema nervoso responde às interações sociais e ao ambiente corporativo. Pressões constantes, insegurança e falta de suporte emocional ativam o estado de alerta permanente.
Como consequência, os profissionais enfrentam estresse crônico, ansiedade e até burnout. Por outro lado, empresas que fortalecem a segurança psicológica, incentivam o apoio emocional e cultivam relações saudáveis promovem a regulação do sistema nervoso. Assim, criam um ambiente organizacional mais equilibrado e produtivo.
Saúde mental e segurança psicossocial no trabalho
O cenário regulatório evoluiu além das iniciativas individuais das empresas. Em agosto de 2024, a Portaria MTE nº 1.419 atualizou a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), trazendo novas exigências para o ambiente corporativo.
A partir de maio de 2025, as empresas deverão identificar e mitigar riscos psicossociais. Essa medida busca reduzir impactos negativos na saúde mental dos profissionais e melhorar o clima organizacional.
A norma exige que as corporações avaliem fatores como sobrecarga de trabalho, assédio, insegurança no emprego e pressão emocional. Essas questões afetam diretamente o bem-estar dos colaboradores e a produtividade da equipe.
Com essa mudança, a legislação estabelece uma nova cultura empresarial e jurídica. Agora, a saúde mental passa a ser reconhecida como responsabilidade institucional e prioridade na gestão de pessoas.
Empresas que já investem em programas estruturados estão um passo à frente. Aquelas que ainda não avançaram precisarão agir com rapidez para atender às novas exigências legais e sociais. Integrar os conceitos da Teoria Polivagal com as exigências da NR-1 permite transformar positivamente o ambiente de trabalho, por meio de práticas como escuta ativa, comunicação transparente, suporte emocional e desenvolvimento de lideranças empáticas.
Saúde mental como pilar da gestão de pessoas
Minha experiência de 17 anos na área de gestão de pessoas mostrou que pequenos passos podem levar a grandes transformações. No início, contávamos com apenas três profissionais dedicados à saúde mental, mas, ao longo do tempo, conseguimos estruturar uma cultura organizacional mais acolhedora e resiliente.
Esse processo não apenas reduziu os afastamentos por questões emocionais, mas também fortaleceu o engajamento e a satisfação dos colaboradores.
O aumento expressivo dos afastamentos por transtornos mentais evidencia que o tema não pode mais ser negligenciado. Adotar uma abordagem preventiva e estruturada não apenas evita penalizações legais, mas também fortalece a marca empregadora, amplia a retenção de talentos e sustenta o crescimento do negócio a longo prazo.
A saúde mental dos colaboradores deve ser encarada como um investimento estratégico. O futuro das organizações dependerá cada vez mais da capacidade de equilibrar performance e bem-estar, garantindo que as pessoas possam produzir com qualidade, mas sem comprometer sua saúde emocional.
Por Brenda Donato, Diretora de Pessoas da Embracon. É psicóloga pela Universidade Braz Cubas, com especializações em Gestão Estratégica de Pessoas (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Psicodrama (Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama) e Coaching Executivo (Sociedade Brasileira de Coaching). Possui MBA em Gestão Empresarial (FGV), formação em Design Thinking (Echos – Escola de Inovação) e é Conselheira de Inovação Profissional pela Gonew.
🎧Ouça o Episódio 209 do Podcast RH Pra Você Cast:
"Gestão de saúde nas empresas: O que não pode mais ficar de fora das políticas de bem-estar"
Nos últimos anos, as empresas brasileiras passaram por mudanças significativas na promoção do bem-estar. Essa transformação foi essencial para melhorar a qualidade de vida dos profissionais e fortalecer o engajamento no ambiente corporativo.
Para que saúde e bem-estar se tornem parte da cultura organizacional, é fundamental ir além de iniciativas isoladas. Assim, políticas bem estruturadas, programas estratégicos e benefícios eficazes são essenciais para gerar impactos reais no negócio e na vida dos colaboradores.
Estratégias para implementar programas de bem-estar
Para fomentar um ambiente saudável e produtivo, as empresas devem investir em ações concretas. Dessa forma, algumas estratégias incluem, por exemplo, a promoção do bem-estar dos colaboradores. Além disso, é essencial incentivar a comunicação aberta entre equipes, o que, por sua vez, fortalece o espírito de colaboração. Do mesmo modo, adotar práticas de reconhecimento e valorização do trabalho contribui para um clima organizacional positivo. Por outro lado, é importante estabelecer metas claras e realistas, garantindo que todos tenham um direcionamento adequado. Em suma, ao implementar essas iniciativas, a empresa cria um ambiente mais equilibrado e eficiente:
- Incentivo à saúde mental e física por meio de programas personalizados
- Criação de espaços que promovam interação e qualidade de vida
- Educação e treinamentos voltados à conscientização sobre bem-estar
RH Pra Você Cast: conheça as melhores práticas
O RH Pra Você Cast traz insights valiosos sobre o desenvolvimento de programas de bem-estar corporativo. Ademais, neste episódio, o CEO do Wellhub, Ricardo Guerra, compartilha sua experiência sobre a implementação de iniciativas eficazes.
Descubra como criar estratégias que impactam positivamente os colaboradores e elevam a produtividade. Além disso, confira o episódio e explore as melhores práticas para transformar o bem-estar em um diferencial competitivo!
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