Caminhando rumo a uma saúde mais inclusiva: reflexões sobre um movimento necessário
A inclusão social é um tema que transcende setores, mas no ecossistema de saúde, ela assume um papel crucial. No Brasil, números expressivos reforçam a necessidade de uma saúde inclusiva: segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho, o país conta com cerca de 545.940 pessoas com deficiência ou reabilitadas pelo INSS empregadas formalmente, sendo que 93% dessas estão em empresas com mais de 100 funcionários.
Além disso, um estudo da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp) aponta que 2% da população adulta brasileira — cerca de 3 milhões de pessoas — são transgênero ou não-binárias, evidenciando uma diversidade que exige atenção urgente dos setores de saúde corporativa e suplementar.
A Lei 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas, exige que empresas com 100 ou mais funcionários reservem de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência, variando conforme o tamanho do quadro funcional.
A fiscalização intensificada desde 2008 aumentou as contratações em 64%, com 142.618 admissões em 2023. Desse total, 30.189 ocorreram por intervenção direta do Ministério do Trabalho e 112.429 pela adesão espontânea das empresas, sob pena de multas que podem chegar a R$ 300 mil.
Esses dados, ainda que robustos, mostram um panorama que reflete desafios concretos. O mercado formal e o sistema de saúde, incluindo operadoras de planos e prestadores, frequentemente falham em adaptar-se às necessidades dessas populações. A ausência de políticas inclusivas e humanizadas resulta em barreiras de acesso, subutilização de serviços e, muitas vezes, na invisibilidade de segmentos inteiros.
A saúde como vetor de inclusão
Nesse contexto, a saúde corporativa e o ecossistema de operadoras desempenham papéis fundamentais. Garantir um atendimento inclusivo não se trata apenas de um direito; é também uma estratégia para melhorar a qualidade de vida e a produtividade dos trabalhadores.
Empresas inclusivas e sistemas de saúde humanizados contribuem diretamente para um ambiente laboral mais saudável, refletindo-se em menores taxas de absenteísmo e maior engajamento.
Diante desse cenário, iniciativas estruturadas para incluir populações marginalizadas são mais que necessárias; são urgentes. Foi com esse propósito que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em parceria com um grupo de diretores de RH e de Diversidade & Inclusão, do qual tive o privilégio de liderar, elaborou uma carta de intenções.
Este documento reflete o compromisso de promover mudanças efetivas e construir um sistema de saúde mais acolhedor e alinhado às necessidades de todos.
Transformando intenções em ações concretas
Entre os compromissos assumidos está o desenvolvimento de ferramentas essenciais para a inclusão. Um exemplo é o formulário de adesão inclusivo, que permitirá a coleta de dados detalhados sobre os beneficiários, como deficiências e preferências relacionadas à identidade de gênero e orientação sexual.
Essas informações ajudarão a direcionar não apenas o atendimento médico, mas também a comunicação e os recursos de acessibilidade.
Em breve, realizaremos uma pesquisa ampla e profunda para entender quais projetos já estão em andamento e obter um panorama detalhado sobre o que realmente as operadoras estão fazendo para se tornar mais inclusivas em relação às pessoas beneficiárias.
Outro marco é a criação de uma cartilha educativa, destinada a profissionais de saúde, para aprimorar o acolhimento de pessoas LGBTQIAPN+ e com deficiência (PCDs). Essa abordagem busca não apenas atender às demandas legais, mas também criar um ambiente de cuidado que reconheça e respeite a individualidade de cada paciente.
Por que este movimento é essencial?
Os dados falam por si. O Brasil tem 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, segundo o IBGE, sendo que 12,7 milhões enfrentam limitações severas.
Além disso, questões de identidade de gênero e orientação sexual frequentemente levam à exclusão ou discriminação no acesso à saúde. A invisibilidade dessas populações não é apenas uma falha ética; é uma falha estratégica para o setor.
Ao participar desse movimento, firmamos nosso compromisso em liderar por meio da ação. Como executiva, acredito que o impacto dessa iniciativa vai além das operadoras e RHs. Trata-se de criar um legado que influencie todo o ecossistema de saúde, incluindo hospitais, clínicas e profissionais.
Essa é apenas a primeira de muitas etapas, mas é um começo promissor. Nosso objetivo é claro: construir um sistema que não apenas trate doenças, mas também respeite, acolha e valorize as pessoas em toda a sua diversidade.
Por Tania Machado, CEO da TM Jobs.
🎧 Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast: “Inclusão 50+: Oportunidades e Desafios para o Futuro do Trabalho”
O episódio 143 do RH Pra Você Cast mergulha no tema da inclusão etária no ambiente profissional. Com o título provocativo “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)”, exploramos como a coexistência de diferentes gerações pode ser uma força motriz para empresas e profissionais.
O Dilema das Gerações
- O Questionamento Pessoal: Imagine-se daqui a cinco ou dez anos. Essa reflexão, frequentemente feita em processos seletivos, não é simples. Especialmente para o público 50+, que enfrenta estereótipos e incertezas quanto ao futuro profissional.
- O Choque Geracional: Pesquisas indicam que a interação entre gerações é benéfica para todos. Contudo, como garantir que os profissionais mais experientes não sejam deixados para trás?
Mudando o Panorama
- Inclusão como Prioridade: Precisamos mudar a narrativa, pois a inclusão de profissionais 50+ não é apenas uma questão de justiça social. Inegavelmente é também estratégica para as empresas.
- Vantagens da Mescla Geracional: A diversidade etária traz criatividade, resiliência e diferentes perspectivas. Como podemos aproveitar esses benefícios?
Conversa com um Especialista
Neste episódio, tivemos a honra de entrevistar Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Com efeito, ele compartilhou insights sobre como desenvolver mecanismos de inclusão e promover um ambiente de trabalho que valorize todas as idades.
🎧 Clique no app abaixo e ouça o episódio completo! Assim, descubra como a inclusão 50+ é uma oportunidade para todos nós construirmos um futuro profissional mais rico e diversificado.
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