Nascemos e crescemos acreditando em uma história, em fatos que fomos assimilando no decorrer da nossa existência. Tudo que sentimos, vimos e ouvimos faz parte da construção dessa história.

A questão é que grande parte dela pode ter sido mais dolorosa do que o esperado, formando em nós, feridas que ainda não cicatrizaram.

Quando nos limitamos a acreditar que o que somos se resume ao que aprendemos na infância, deixamos de acessar o potencial latente que existe escondido por traz de todas as ideias limitantes.

Gosto de comparar esse conjunto de crenças limitantes a um elefante criado em cativeiro, acreditando que uma simples cordinha amarrada no seu pé é capaz de limita-lo a sair do lugar.

O fato de ele acreditar nessa condição, não torna isso realidade, mas enquanto ele pensa dessa forma, a manifestará como real, impedindo a si mesmo, qualquer movimento que expresse sua verdadeira força.

É fato que, grande parte dessas experiências e informações negativas, foram as responsáveis por assimilar essas crenças de inferioridade que nos impediram de acessar os valores plenos.

Os estímulos positivos foram poucos ou quase nulos, dependendo da realidade em que cada pessoa estava inserida.

Mas o lado bom de tudo isso, é poder descobrir que existem possibilidades de ressignificação e transformação, pois qualquer realidade, por mais dura que tenha sido, pode ser reconhecida, acolhida e curada a ponto de não interferir mais no momento presente.

Não é esquecimento, já que esquecer é amnésia – produto do cérebro, mas é o desenvolvimento da capacidade de olhar para traz, lembrar da experiência e não sentir mais o incômodo que antes ela gerava.

É poder até mesmo reconhecer o grau de aprendizado que ela proporcionou, e ver que mesmo não sendo agradável, ela pode ter sido positiva em muitos aspectos.

Renascer dentro da vida é reconhecer esses fatores que marcaram nossa história e que nos fazem acreditar em incapacidade, desvalor, inferioridade que basicamente não existem quando se olha de um prisma mais ampliado para a realidade da existência.

É passar a se reconhecer além da personalidade, ou seja, dos papéis representativos que cada um de nós assume no momento presente.

Além desses papéis existe um Ser ímpar, totalmente único do ponto de vista da individuação. E por sermos individualmente únicos, carregamos nessa particularidade um potencial que não pode ser encontrado em outra pessoa.

Não me refiro aqui a capacidade material, pois podemos fazer muitas coisas iguais apesar de termos aptidões diferentes. O que me refiro é sobre o potencial essencial, o que não é medido simplesmente pela profissão, condição física ou financeira.

Para que uma pessoa possa renascer de verdade, ela precisa estar disposta a abandonar simbolicamente sua história de vida, ou seja, abrir mão de acreditar no que aprendeu a próprio respeito ou no nos eventos infelizes que vivenciou, e começar uma construção, ou reconstrução de si mesmo, baseando-se em valores essenciais e não somente materiais.

O que dizer de uma pessoa que passou a vida acreditando que não era merecedora de amor, respeito, carinho. Que não foi estimulada a aprender o próprio valor durante sua vida, mas ao contrário, tantas vezes foi diminuída, agredida, humilhada sem saber que tudo aquilo era uma grande mentira, mas que aprendeu por assimilação?

Será possível compreender que tudo o que ela aprendeu a respeito de si mesma está baseada na dor e na dificuldade de outras pessoas feridas que também não foram curadas?

Como os pais, tutores, amigos ou até a própria a sociedade, e entender que todos, somente transmitiram aquilo que tinham na intimidade, a ponto de poder começar a abrir mão da ideia que faz de si mesmo e começar a estimular sua capacidade, acessando sua realidade como Ser essencial?

É basicamente como reconhecer: Eu não sou o que disseram a meu respeito, eu não sou a minha história de vida, eu sou muito mais do que a minha história e mesmo que ainda ecoe em mim, eu sei que posso me libertar dessa ilusão a meu respeito e começar uma trajetória de encontro com a minha verdadeira capacidade.

E essa capacidade a que me refiro, já vem como um programa de série intrínseco em cada Ser humano, pensando e arquitetado para que em algum momento da vida, a partir do próprio despertar de consciência, passamos a sentir o anseio de colocá-lo em funcionamento.

Muitos de nós já estamos cansados de sofrer, de carregar fardos e acreditar em mentiras, de viver uma vida de ilusão, de competição desenfreada consigo e com o mundo buscando a auto sobrevivência.

Não estamos aqui para sobreviver, mas para viver, para descobrir nosso verdadeiro potencial e mesmo que de início, não acessemos a felicidade em plenitude, possamos experimentar a leveza e a paz que existe em se reconhecer exatamente como se é.

Eis o processo de renascer dentro de uma mesma vida, a mágica do auto encontro.

Renascer em uma mesma vida: eis a magia do autoencontro

Por Danieli Santos, terapeuta transpessoal consciencial. Autora do livro “A luz em minha vida”, pela Literare Books International.

 

 

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