Experiência do Colaborador no Brasil: desafios e oportunidades pós-pandemia
São muitas as mudanças profundas ocorridas no mercado de trabalho no Brasil e no corporativo do mundo inteiro desde a pandemia de 2020 até os dias de hoje.
Da mesma forma, incluem-se as novas modalidades de trabalho como por exemplo:
- o trabalho remoto e o híbrido,
- a chegada avassaladora de novas tecnologias como a IA Generativa,
- além das novas demandas por habilidades técnicas e comportamentais e
- uma das mais importantes é ao crescimento de uma agenda de wellbeing (bem-estar) fortemente conectada à experiência do colaborador.
Aumentando a motivação
Garantir uma experiência positiva ao colaborador certamente aumentará sua motivação, seu engajamento e sua disposição para abraçar tantas demandas, reduzindo o turnover.
Por isso mesmo é que hoje surgem novos desafios para as lideranças e para os liderados na delicada troca de expectativas, realidades, e das reivindicações possíveis e impossíveis para ambas as partes.
Na mesma lógica da preocupação com a experiência do cliente, as empresas agora se preocupam em ter funcionários felizes, que funcionem como promotores, não como detratores da marca empregadora.
Ferramenta NPS
Por exemplo, usar o NPS - Net Promoter Score, que agora se aplica a colaboradores, considerando:
- indicadores do ambiente de trabalho, oportunidades de crescimento;
- salário e benefícios;
- diversidade e inclusão;
- ferramentas tecnológicas;
- flexibilidade do modelo de trabalho,
- entre tantos outros pontos de satisfação ou insatisfação.
Ao mesmo tempo, salas de descompressão, gincanas com brindes, festas caras no final do ano, rodadas de pizza no escritório para quem trabalha até mais tarde, vouchers de aplicativos de transporte para quem vai aos happy hours da empresa. Isoladamente, nada disso é realmente relevante na agenda do wellbeing (bem estar).
Felicidade e bem-estar conectados
Portanto, nada disso é tão relevante assim na experiência do colaborador. Em primeiro lugar, felicidade e bem-estar devem estar conectados com as condições de performance e produtividade oferecidas a cada profissional.
Encontrar um bom balanço entre as demandas e garantir uma boa qualidade de vida está na lista de demandas básicas da maioria das pessoas. Assim, segundo o estudo EY Work Reimagined 2023, hoje, 83% dos empregadores acreditam que seus funcionários têm uma carga de trabalho balanceada. Entretanto, 74% dos funcionários têm a mesma percepção sobre o seu volume de trabalho, denotando disparidade de percepções.
Saúde mental
Na pesquisa, também salta aos olhos que 30% dos empregadores e 39% dos empregados ouvidos pelo estudo afirmam que o investimento em saúde mental é a iniciativa de wellbeing mais importante de suas empresas. Respectivamente, o bem-estar financeiro e o bem-estar físico também aparecem na sequência das prioridades para ambos os grupos.
Entre as principais queixas para a insatisfação com o trabalho estão:
- a falta de sintonia com a vida e os gostos pessoais;
- má remuneração e benefícios pouco atrativos;
- falta de flexibilidade em temas como os modelos de trabalho presencial, híbrido e remoto;
- baixo horizone de crescimento;
- falta de alinhamento e clareza sobre os rumos da empresa;
- sentimento de desconexão entre seu papel atual e as necessidades e objetivos do negócio;
- expectativas irreais de desempenho e produtividade e
- falta de abertura e confiança nos líderes.
Aprimorando a experiência do colaborador
Aprimorar a experiência do colaborador não passa somente por garantir atualizações tecnológicas e ferramentas adequadas de trabalho, mas também de processos, organização, gargalos e demandas. Não há uma fórmula única ou mágica para todas as empresas.
De todas as habilidades técnicas e comportamentais em voga, quais são realmente necessárias e devem ser priorizadas para cada indivíduo, cada time, cada meta anual, por exemplo?
Como apoiar o colaborador na sua capacitação pessoal e profissional em busca de uma maior produtividade e do atingimento dos resultados esperados?
De que forma desonerar agendas extremamente ocupadas, reduzindo backlogs e focando nos compromissos e entregas que realmente importam, com prazos plausíveis de realização?
De que maneira trazer as pessoas para a tomada de decisão sem criar uma verdadeira bagunça em suas prioridades e metas?
Quantos casos de burnout poderiam ser evitados todos os anos por essas ações efetivas em resposta a essas dores, sem recorrer a meras cosméticas?
Deve-se buscar um entendimento transparente
Cada gestor, não somente em RH, precisa se fazer as perguntas acima e tentar respondê-las com sinceridade, inclusive assumindo quando ele não tem todas as respostas. Em suma, deve buscar entendimento transparente entre líderes e liderados para chegar a uma equação que faça sentido.
Só assim será possível melhorar a experiência do colaborador na prática, notando uma felicidade verdadeira e um engajamento genuíno com o propósito da empresa.
Como resultado aumentará significativamente as chances de elevar a performance, bater metas e reduzir o turnover das empresas.
Por Oliver Kamakura, Sócio de Consultoria em Gestão de Pessoas da EY para o Brasil.
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