Qual impacto da crise e da pandemia na ética do profissional brasileiro?

Adotar condutas éticas nas empresas se tornou uma bandeira nos últimos anos. Unir os valores e as crenças pessoais ao fortalecimento dos programas de compliance, reforçados por iniciativas como a criação da Lei Anticorrupção, assim como a exposição histórica da Lava Jato, mostraram uma tendência positiva em relação à diminuição da flexibilidade moral dos profissionais nos últimos dez anos.

Com o passar dos anos, o perfil profissional reconhecido como predador, ou seja, aquele que detém uma percepção moral pouco rígida e que desconsidera normas, além de agir de forma irregular – características que apontam para um colaborador de alta flexibilidade moral.

Porém, se por um lado vemos esse indicador positivo ocorrendo nas organizações, por outro temos acompanhado nesses últimos dez anos uma maior concentração do perfil flexível, ou seja, aquele que “dança conforme a música” e não demonstra um comportamento ético por convicção.

Arrisco dizer que o predador migrou para esse perfil que analisa a situação e age de acordo com seus interesses, o que se torna um ponto de atenção para as organizações, que precisam ser proativas para influenciar o comportamento deste grupo na direção da conformidade e da ética, o que não é um trabalho simples.

Quando analisamos os movimentos do mercado, como o desaquecimento de ações como a Lava Jato, assim como uma desorganização política e econômica e, na sequência, a eminência de uma pandemia global, concluímos que esses eventos contribuíram para o crescimento deste perfil.

O medo de perder o emprego, a instabilidade de prover a família em um cenário econômico de dificuldade, assim como a dúvida de lidar com pressões situacionais, somado à falta de sustentação dos programas de compliance, que ainda estão em evolução, são os principais indicadores para esse cenário.


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Há dez anos víamos uma maior disposição do profissional para denunciar atos antiéticos, porém, o cenário apresentado nos últimos quatro anos tem mostrado uma ponderação muito maior e certa dúvida sobre delatar ou não algo incorreto.

Vemos que a insegurança reflete não apenas na ação do próprio indivíduo, mas também no aumento da probabilidade de ser conveniente com as irregularidades, sentindo-se muitas vezes duvidoso para comunicar um desvio ético por não saber como isso pode impactar em seu emprego.

O suborno, fruto dessa flexibilidade moral, também segue a mesma característica. Antes, os profissionais analisavam a situação para aceitá-lo ou não, cenário que foi impactado após o início da pandemia, assim como a apropriação indébita, que também tem apresentado o mesmo quadro.

A conclusão que chegamos nesses últimos dez anos é que o profissional está mais consciente do que é certo e errado, fruto do trabalho executado pelas companhias com ações focadas em conformidade.

Porém, as constantes instabilidades econômicas e políticas do País remontam este cenário, forçando as pessoas a viverem dilemas éticos que desconstroem a jornada moral das empresas.

Qual impacto da crise na ética do profissional?

Por Heloisa Macari, diretora executiva da ICTS Protiviti: empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.

 

 

 

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O que significa a sigla ESG?

E por que essas três letrinhas têm o potencial de proporcionar uma ruptura no mercado de trabalho como conhecemos?

Para debater a “nova tendência” e explicar os motivos que tornam o investimento em iniciativas com esse viés tão importantes atualmente para as empresas aumentarem a sua competitividade – além de falar sobre quais são as missões do RH diante disso, o CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e o jornalista Bruno Piai conversaram com Alan Kido, Gerente de Diversidade e Inclusão da TIM. Confira o bate-papo clicando AQUI ou diretamente pelo app abaixo:

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