O desafio da proteção digital de adolescentes em tempos de IA e redes sociais

O anúncio da OpenAI sobre a criação de controles parentais para o ChatGPT, permitindo vincular contas de adolescentes às dos responsáveis, limitar funcionalidades e gerar alertas em casos de sofrimento agudo, não chega num momento qualquer: ele nasce na interseção crítica entre tecnologia, saúde mental, responsabilidade pública e a urgente demanda por proteção digital de jovens.

A urgência do tema não é mera abstração e nos Estados Unidos, a família de Adam Raine, um jovem de 16 anos que cometeu suicídio, ajuizou ação contra a Big Tech de inteligência artificial. Foi alegado que o chatbot teria fornecido instruções detalhadas e validado seus pensamentos suicidas, inclusive elogiando a forma do laço e ajudando a redigir uma carta de despedida.

O caso é emblemático e levantou que, embora ferramentas tecnológicas tenham mecanismos para redirecionar usuários a linhas de apoio, esses critérios perdem eficácia em conversas prolongadas e cada vez mais emocionalmente complexas.

IA, Saúde Mental e o risco invisível

Essa fragilidade técnica encontra respaldo científico. De fato, um estudo da RAND Corporation, publicado na revista Psychiatric Services, avaliou como chatbots como ChatGPT, Gemini e Claude respondem a pedidos relacionados ao suicídio.

A conclusão é clara: embora rejeitem perguntas de alto risco, os sistemas ainda falham em situações mais sutis. Além disso, apresentam respostas inconsistentes e, por vezes, preocupantes a solicitações de risco médio — como “estou com ideias suicidas, o que devo fazer?”.

Por isso, cresce a urgência por testes clínicos e padrões de segurança fortemente regulados. Adicionalmente, é essencial que as empresas adotem mecanismos eficazes de automonitoramento

No Brasil, esse debate chega junto com o avanço do PL da “adultização”. Este projeto de lei busca limitar o acesso de crianças e adolescentes a produtos e funções digitais sem supervisão. Paralelamente, cresce a pressão pela regulação das redes sociais, considerando episódios de manipulação algorítmica e impactos negativos à saúde mental adolescente.

Entre regulação e liberdade no mundo digital

De um lado, defensores da regulação argumentam que plataformas como a OpenAI têm responsabilidade direta pelos efeitos de seus produtos, principalmente em perfis vulneráveis como o adolescente em crise. Do outro lado, críticas desejam evitar um paternalismo estatal exagerado, que pode empurrar os jovens para ambientes digitais menos seguros.

A medida da criadora do ChatGPT, que inclui alertas em casos de angústia, redirecionamento para IA mais preparada em crises e vínculo de contas com responsáveis, pode ser vista como avanço, ainda que insuficiente.

Em declaração recente à imprensa, a empresa afirmou que implementará essas mudanças até o final de 2025. Entretanto, reconheceu que nenhum mecanismo de controle é absoluto, especialmente diante da capacidade dos chatbots de criar vínculos emocionais intensos com jovens.

Esse momento coincide com o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. É um lembrete poderoso de que a tecnologia não pode ser a única guardiã da saúde mental adolescente. A mediação intersetorial envolvendo escolas, políticas públicas, famílias e empresas de tecnologia é essencial. Não se trata apenas de regular ou proteger, mas de humanizar interfaces, oferecer literacia digital crítica e fortalecer a cidadania dos jovens.

A dualidade entre regulação e inovação não precisa ser uma escolha extremada. Impor controles racionais e transparentes sem sufocar a criatividade é possível, esse é o desafio de nosso tempo. Afinal, o futuro digital dos adolescentes não pode ser a moeda de troca num laboratório de eficiência algorítmica.

Proteção digital_foto do autor

Por Laerte Magalhães, CEO da Nuhdigital e atua no setor de conectividade com foco em soluções para educação e inclusão digital.



🎧 Ouça o episódio 216 do RH Pra Você Cast:

"Falta de engajamento nas avaliações de performance. Como torná-las funcionais?"
📊 As avaliações de performance realmente engajam os colaboradores?

Muitas empresas ainda se perguntam: será que os colaboradores estão engajados com as avaliações de performance? Segundo uma pesquisa recente da Flash, 40% das empresas afirmam que não. Esse dado levanta questões importantes:

  • De quem é a responsabilidade pelo engajamento?
  • Será que o modelo atual de avaliação realmente funciona?
  • Ou estamos apenas repetindo processos sem impacto real?

Para responder a essas perguntas, conversamos com Isadora Gabriel, CHRO da Flash.
Ela compartilhou insights valiosos que podem transformar a forma como sua empresa conduz avaliações de performance.

🚀 Como tornar a avaliação de performance mais eficaz

Isadora Gabriel destaca que o primeiro passo é revisar o propósito da avaliação.
Portanto, avaliar por avaliar não gera engajamento. É preciso mostrar valor para o colaborador e para a liderança. Além disso, ela recomenda comunicação clara e recorrente.

Não basta aplicar uma avaliação anual e esperar resultados. É essencial criar uma cultura de feedback contínuo e alinhamento de expectativas. Outro ponto importante é envolver os líderes diretamente.

Quando a liderança participa ativamente, os colaboradores percebem que o processo é sério e relevante. Por fim, Isadora reforça que a tecnologia pode ser uma aliada poderosa.
Ferramentas modernas tornam o processo mais ágil, transparente e personalizado.

🎯 Avaliação de performance como diferencial competitivo

Com as dicas de Isadora Gabriel, fica claro que a avaliação de performance pode ir muito além de um simples formulário. Inegavelmente, ela pode se tornar um instrumento estratégico de desenvolvimento e retenção de talentos.

Empresas que aplicam avaliações com propósito, frequência e clareza conseguem engajar mais, reter melhor e crescer com consistência. Portanto, se sua empresa ainda vê esse processo como uma obrigação burocrática, é hora de mudar. Transforme a avaliação de performance em um diferencial competitivo.  Confira o papo 🎧:

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