A 48ª edição do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas não poderia ter chegado em melhor hora. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos, aconteceu entre os dias 18 e 20 de abril, em São Paulo, e contou com painéis, palestras e debates sobre um tema profundo: “Pessoas, Gestão e Negócios – É hora de acolher e ampliar horizontes”.
Definitivamente, é um assunto que rende – e rendeu – uma infinidade de discussões importantes, que vão ditar os rumos do mercado e do futuro profissional no Brasil.
Entender as pessoas no ambiente de trabalho é uma missão urgente nos dias de hoje, em que uma pandemia global nos fez repensar o cenário corporativo como um todo.
A corrida por novas tecnologias precisou ser acelerada e a dinâmica entre colaboradores repensada conforme o CEO da WorldAtWork, Scott Cawood, comentou em uma das apresentações no evento: “O mundo mudou e foram criadas novas formas de se fazer as rotinas de trabalho funcionarem“, disse o empresário.
E, de fato, não há como não nos debruçarmos de cabeça sobre esse novo futuro que se mostra certeiro.
No que se refere a novas tecnologias, o congresso trouxe alguns conceitos extremamente atuais para as rodas de discussão, como web 3.0, robótica, metaverso, inteligência artificial, IoT (Internet of Things) e o número cada vez maior de nativos digitais.
A chamada 4ª Revolução Industrial já está entre nós, trazendo todos esses aspectos e muitos outros que vêm se transformando em primordiais para o dia a dia dos colaboradores das empresas.
A agilidade está tomando o lugar da velocidade.
Plataformas digitais são estruturadas com o objetivo de facilitar a função dos profissionais que a utilizam, e não a rapidez em alcançar lucros mais altos.
Vamos colocar esse panorama em um exemplo prático: um funcionário é contratado para tarefas administrativas, que poderiam ser resolvidas com um clique.
É um cenário completamente inviável para a atualidade, porque não há como não ter um resultado pessoal e corporativo diferente desse: um colaborador insatisfeito com a sua função mecânica, que demora para resolver questões simples e que não cresce na carreira.
Esse foi um dos debates mais produtivos do CONARH 2022, que provou que a desburocratização de processos com recursos práticos não é um sinônimo de mecanização.
Pelo contrário, eles podem ser aliados da personalização do ambiente corporativo. Para isso, é preciso enxergar o planeta como uma fonte de talentos, ao invés de um reduto de mão de obra sem identidades e rostos.
Não à toa, de acordo com pesquisas trazidas pelo próprio Cawood em sua fala, CEOs que buscam trabalhar a questão social no cenário profissional obtiveram um aumento de 40% a 60% no engajamento dos colaboradores.
Além disso, ele constatou que 67% das pessoas que estão buscando um emprego também procuram um empregador com valores semelhantes aos seus.
Ou seja, está claro que aquele velho esquema tradicional em que um trabalhador bate o ponto para entrar e sair, realiza a sua função automaticamente dia após dia, recebe ordens de um chefe que não se importa com ele, não tem perspectivas concretas de crescimento na empresa e ainda por cima torce para um aumento cair do céu não faz parte do futuro dos negócios.
A felicidade e a inclusão do colaborador é fundamental para um planejamento estratégico moderno, pois traz a motivação necessária para ele querer crescer junto com a empresa.
O CONARH 2022 mostrou que o bem-estar corporativo só vem com a experiência, mas não a que está relacionada ao tempo em si, e sim a novas formas de engajar.
O modo de recompensar o funcionário para além do salário – com shows, viagens e almoços especiais, por exemplo -, uma duração menor do expediente, o aumento de oportunidades e a redução do intervalo para receber méritos fazem com que o indivíduo se sinta parte de um todo, ao invés de uma pequena engrenagem desconhecida.
Consequentemente, a cultura da aprendizagem e da personalização de programas pode ser incentivada com precisão, gerando equipes mais bem preparadas e motivadas.
Basta voltar de onde começamos: “Pessoas, Gestão e Negócios”. A realidade atual mostra que nenhum desses três itens existe sem os outros em uma organização moderna e que vislumbra o crescimento em todos os âmbitos.
Se continuarmos buscando formas de acolher, como aquelas discutidas no congresso, não há dúvidas de que iremos ampliar horizontes.
Por Richard Vasconcelos, CEO da LEO Learning, uma das principais empresas de educação corporativa digital, e reconhecido por implementar estratégias inclusivas dentro do ambiente de trabalho. Mestre em Tecnologias Educacionais pela University of Oxford, atuou na implantação do ensino a distância na Universidade Estácio de Sá até 2009. Fundador e investidor de outras startups de tecnologia educacional, foi CEO e sócio da rede de escolas de inglês Britannia, vendida para a Cultura Inglesa em 2018.
Ouça o PodCast RHPraVocê Cast, episódio 97, “CGO: o segredo por trás da sigla que impulsiona o crescimento” com Breno Riether, CGO, e Mariá Menezes, Diretora de Pessoas e Cultura, ambos da Sankhya. Clique no app abaixo:
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