Garantir uma boa experiência ao candidato é chave para um processo seletivo de sucesso. Fazer com que o talento se sinta à vontade e valorizado aumenta as chances de acertar na escolha do melhor perfil para a vaga.
Todo processo de seleção pressupõe esforços e expectativas das partes envolvidas. Do mesmo modo que o candidato se prepara a fim de passar uma impressão positiva e mostrar aos avaliadores que merece uma oportunidade de estágio, cabe ao recrutador buscar proporcionar ao candidato uma jornada que o encante e faça desejar ser parte da empresa contratante.
O que parece simples é, na verdade, um trabalho complexo, que vai além de simplesmente encontrar alguém para preencher uma vaga.
Durante a seleção, é importante se concentrar em entender o que incomoda e agrada os participantes de um processo seletivo e fazer adaptações para que eles se sintam seguros e respeitados em um momento tão marcante de suas vidas.
Nesse processo, ter empatia é fundamental para entender quais são os sentimentos e emoções que afetam o candidato sendo avaliado, como alguém nessa posição gostaria de se sentir e que tipo de ambiente contribuiria para que ele conseguisse se expressar com espontaneidade e revelar suas potencialidades.
Por mais embasada que seja, a decisão de contratar um profissional não deixa de ser uma aposta. O que está em nossas mãos, como especialistas em gestão de pessoas, é a responsabilidade de rever e adaptar constantemente nossos métodos e critérios na missão de selecionar os candidatos ideais para cada posição.
Quanto mais afinados esses pontos estiverem, mais condições teremos de fazer escolhas assertivas.
Algumas práticas são capazes de tornar o processo seletivo uma experiência enriquecedora para o candidato e produtiva para o recrutador, como:
Enxugar as etapas do processo
Algumas jornadas incluem entrevistas com o recrutador, com o gestor de RH, com o líder da área e, ainda, com o CEO da empresa.
Mas será que todos esses passos são mesmo indispensáveis?
E, em tempos de processos 100% online, seria necessário, por exemplo, pedir que o candidato envie um vídeo após a entrevista?
Processos seletivos extensos podem ser cansativos para o RH e desmotivador para o candidato, o que pode significar perda de talentos para a concorrência.
Além disso, sabemos que, em um mundo cada vez mais digital, experiências negativas podem rapidamente cair na rede e prejudicar a reputação das empresas.
Pensando nos estagiários, que estão em busca de experiência e aprendizado, uma sugestão seria substituir testes de habilidades técnicas por avaliações de soft skills (competências comportamentais) relevantes para o tipo de negócio e a posição a ser ocupada.
É uma forma de entender se o perfil do candidato está alinhado com o da empresa – isso, sim, é imprescindível.
É claro que, ao cortar etapas do processo, é preciso ter cuidado para não prejudicar sua essência e função, que é avaliar adequadamente os candidatos.
Mas é preferível, por exemplo, contar com três etapas consistentes a submeter o aspirante estagiário a muitas mais, algumas sem propósito.
Fazer com que o candidato se sinta importante no processo
Mantê-lo informado de tudo o que deve acontecer desde o início da seleção até a possível contratação é o básico. Mas é preciso, também, que o tempo de resposta seja eficiente.
Afinal, sentir-se por fora do processo, esquecido ou rejeitado traz angústia num momento que, por si só, é angustiante.
Deixar a pessoa a par dos procedimentos e dos próximos passos nessa jornada terá efeito positivo.
Caso conquiste a vaga, há grandes chances de o selecionado começar a trabalhar mais motivado a dar o melhor de si por se sentir reconhecido e valorizado.
Dar feedback sempre
Muitos candidatos reclamam da falta de retorno sobre seu desempenho durante as etapas da seleção.
Como profissionais que lidam com pessoas, é preciso encontrar formas de apoiar o candidato – sendo ele futuramente escolhido ou não – ao longo de todo o processo, de preferência indo além do sim ou não como resposta.
É tarefa do recrutador apontar, em forma de toques e dicas, quando algum comportamento tiver deixado uma impressão negativa para evitar outros processos seletivos.
Por exemplo, se o candidato tiver falado mal de uma empresa em que trabalhou anteriormente, pode-se dizer algo como: “Isso não conta a seu favor.
Prefira levar o que aprendeu no período em que esteve lá e foque-se nas coisas boas”.
Ou “Não foi dessa vez, mas a empresa estará aberta e, no futuro, pode surgir uma oportunidade ideal pra você” para alguém que acabou não sendo escolhido para a vaga.
Os candidatos costumam receber de forma positiva quando falamos o que deve ser dito de modo sincero e com delicadeza. Oferecer essa ajuda é parte da nossa missão como gestores de pessoas, além de um exercício para nosso próprio crescimento como profissionais e indivíduos.
Criar um clima leve para entrevistas
Candidatos tensos e sentindo-se pressionados não mostram o melhor de si. Ao contrário, ficam travados, perdem a espontaneidade e não conseguem falar o que gostariam ou do modo como gostariam.
Com isso, têm a autoconfiança abalada e, dependendo da pessoa, podem evitar novos processos seletivos para não se sentirem desconfortáveis. Para as empresas, o risco é acabarem perdendo talentos ou fazendo escolhas equivocadas.
Por incrível que pareça, existem recrutadores que escolhem mostrar alguma autoridade no momento da entrevista ou reforçar que estão ali para avaliar o talento. Esses – e, consequentemente, as organizações para as quais trabalham – só têm a perder com esse tipo de atitude.
Por que, em vez de rigidez e demonstrar pressão ou autoridade, não tentar deixar a conversa descontraída, mostrando interesse e abrindo espaço para que o candidato fale de si sem medo?
Perguntar sobre interesses que vão além do lado profissional, como filmes, música, viagens ou pets, ou mesmo rir juntos de alguma situação engraçada que venha a ser contada, é permitido no contexto de um processo seletivo.
Quando a pessoa se sente à vontade para agir com naturalidade é quando conseguimos absorver o máximo dela, entender qual é o seu perfil para além do que ela mesma diz e, principalmente, se tem conexão com a empresa.
Em algum lugar na nossa consciência, precisamos nos lembrar que estamos lidando com um sonho e, de alguma maneira, influenciando a vida de pessoas e suas famílias, a empresa e até o país.
Lembre-se sempre: os processos seletivos impactam vidas.
Por Jéssica Gondim, Gerente de Projetos da Companhia de Estágios, uma das empresas líderes de recrutamento e seleção de estagiários e trainees e onde atua há oito anos. Com formação em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Metodista de São Paulo, possui pós-graduação em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas e especialização em Recursos Humanos pela mesma instituição.
Ouça também o PodCast RHPraVocê Cast, episódio 99, “Dois anos de pandemia: o que mudou no universo corporativo?” com Rafael Ricarte, líder de produtos de carreira da Mercer Brasil e André Vicente, Diretor Geral da Adecco no Brasil. Clique no app abaixo:
Não se esqueça de seguir nosso podcast e interagir em nossas redes sociais: