Uma das maiores discussões envolvendo o tema da Diversidade e Inclusão no mundo corporativo é que muitas empresas afirmam já estarem alinhadas com as boas práticas do compliance, mas o que aplicam, na verdade, é apenas ‘perfumaria’.

E por que isso acontece?

A resposta pode estar num olhar mais profundo para seus departamentos de Recrutamento e Seleção.

Se você atua nessa área, vale analisar a seguinte situação:

. Quando recebe de um gestor da empresa a solicitação para contratar um novo funcionário, qual perfil de profissional lhe vem à mente? Um que possa agregar ideias diferentes ao departamento em que vai trabalhar ou alguém com características semelhantes às de quem será seu chefe?

A opção ‘A’ significa, muito provavelmente, que o departamento de Recrutamento e Seleção da sua empresa está pronto para aplicar um processo seletivo pautado na diversidade e inclusão. Já a alternativa ‘B’ quer dizer que a sua visão, como profissional de RH, ainda não está treinada para isso.

E a má notícia é que, se uma pesquisa for aplicada nos departamentos de RH, a maior parte vai assinalar a segunda opção. Isso porque, muito embora, hoje, grande parte das empresas já esteja aberta à contratação dos chamados grupos minorizados, os processos seletivos ainda são, por assim dizer, ‘preconceituosos’.

A começar pela análise dos currículos, que leva em conta o estado civil e o número de filhos do candidato ou candidata – o que deixa as mulheres em desvantagem pela maior responsabilidade que assumem no cuidado das crianças.

Parece óbvio que o ponto de partida para contemplar um quadro de funcionários ‘diverso’ seja recrutar de acordo com políticas de equidade de gênero e raça, mas o que se vê, na prática, é que as áreas de Recrutamento e Seleção ainda não estão preparadas para isso.

Falta, em muitos casos, que os líderes e gestores mostrem a esses profissionais que existe o ‘diverso’ e a importância disso para o crescimento da empresa, já que a diversidade traz a crítica construtiva, a criatividade, o diferente, impedindo que a empresa fique emperrada num pensamento sempre igual.

Para que uma corporação seja capaz de operar de forma diversa e inclusiva é fundamental que esta política se faça sentir em seu ambiente como um todo. Incluindo, especialmente, os profissionais que atuam na ‘porta de entrada’ das empresas – ou seja, os que planejam e executam os processos de recrutamento e seleção.

Esses profissionais precisam participar de treinamentos que envolvam o que é Diversidade e Inclusão para que, assim, consigam ser mais ‘diversos’ na hora de selecionar e contratar alguém.

E ao planejar e executar um processo seletivo, é necessário, por exemplo, que a área de Recrutamento e Seleção tenha em vista a importância de contemplar a equidade de gênero e raça em cada etapa da seleção.

Isso implica prestar atenção para que haja paridade entre mulheres e homens, negros e negras, héteros e LGBTQIA+ tanto no painel de entrevistadores quanto no número de vagas oferecidas pela empresa. Mas, de novo, para que se adquira tal visão, é preciso preparo. E profissionais de RH alinhados com a cultura de D&I da empresa.

Mas, quando se fala em contratar com base em políticas feministas e antirracistas, com certeza nem tudo depende apenas de um processo seletivo diverso e inclusivo. De fato, ainda hoje, o ‘diverso’ não é assim tão fácil de encontrar no mercado de trabalho.

Mesmo assim, profissionais de RH bem preparados serão capazes de incutir na filosofia das empresas que, em muitos casos, para contar com os benefícios de um ambiente diverso e inclusivo, será preciso abrir mão de contratar profissionais com MBA das melhores universidades do país ou que falem inglês e espanhol e investir mais no preparo dos novos talentos.

Na sociedade, assim como no mundo corporativo, um ambiente ‘diverso’ se constrói aos poucos, com paciência. Assim como se cultiva um pomar: não dá para colher a fruta pronta, é preciso cultivar!

Os caminhos para um processo seletivo feminista e antirracistaOs caminhos para um processo seletivo feminista e antirracista

Por Flávia Mello, investidora e mentora de empresas fundadas por mulheres que estejam desenvolvendo soluções para o público feminino e Deives Rezende Filho, fundador e CEO da Condurú Consultoria.

 

 

 

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