Precisamos nos questionar sem medo sobre o presente e o futuro do trabalho. Com o moto contínuo do dia a dia, é comum entrarmos no piloto automático e relegar a relação entre trabalho e realização pessoal, tornando o labor algo menor, como se a atividade fosse apenas um caminho para a conquista de recursos e a satisfação de necessidades básicas ou – talvez – de algumas supérfluas.
Deixar de pensar sobre o trabalho, porém, não nos fará passar ilesos à revolução em curso na área. Se a primeira Revolução Industrial produziu a fuligem enegrecida cuspida pelas chaminés com a força dos motores, a segunda nos trouxe comodidades e até hoje relaciona-se às tomadas que temos nas paredes e que nos dão eletricidade de forma simples.
Já a terceira onda nos deixou o microprocessador eletrônico e definiu uma nova era de novas noções de velocidade. Agora, em meio à quarta revolução, vivemos uma combinação única, com a emergência de novas tecnologias digitais, biológicas e físicas. Não por outro motivo, somos sempre alertados sobre o potencial dessa ser a mais transformadora de todas as revoluções.
Meu ponto aqui é o quanto isso suscita de questões, dúvidas e especulações, muitas delas paralisantes, para todos aqueles que trabalham. E isso tudo ocorre sem que tenhamos renunciado a modos de viver do passado longínquo. A despeito de toda a evolução pelas quais passamos, ainda há atualmente atividades de caçadores-coletores em certos territórios do mundo.
Hoje, o advento da Inteligência Artificial estimula e encanta alguns tanto quanto mete medo em outros. Tudo isso por não termos clareza do seu alcance ou mesmo da sua capacidade de tornar obsoleto o trabalho humano.
O ponto é o quanto isso impacta a perspectiva para o mundo do trabalho no médio prazo, como os próximos cinco anos. São questões desafiadoras e cujas respostas não estão claras. Mas estamos diante delas e de outras relevantes, como o aumento da longevidade da população e a relação disso com trabalho e realização pessoal.
Se não temos as respostas por que fazer as perguntas?
Penso ser absolutamente relevante expor essas questões. Elas não são monopólio meu. Estão na mente de muitos, amplificando fantasias e medos.
Devemos falar mais delas – no ambiente de trabalho ou não – para que elas deixem de ter efeito paralisante e possam ser a gênese de cenários melhores no futuro, ao invés da sombra que hoje propaga temor.
Por Carlos Iacia, advogado e contador especializado pela FGV-SP, além de conselheiro de administração e consultivo formado pelo IBGC. Liderou a área tributária da PWC no Brasil e na América Latina, onde foi Partner e, em mais de 20 anos na posição, tornou-se membro do Tax Global PWC e um dos organizadores do Doing Business in Brazil. É membro do comitê executivo da Câmara de Comércio Brasil/Canadá, membro da Câmara de Comércio França/Brasil e fundador do GETAP – grupo de estudos tributários aplicados.
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