Silêncio também é dado na comunicação eficaz: a importância de ouvir o que não está sendo dito

Nem todo dado se traduz em número, e nem toda informação aparece nos dashboards. Algumas das mensagens mais importantes dentro das empresas chegam em silêncio — e, por isso mesmo, passam despercebidas por quem ainda não compreende que comunicação eficaz também envolve ouvir o que não é dito com clareza.

Um time que já não opina. Uma câmera fechada nas reuniões. Um grupo que costumava contribuir, mas agora apenas executa. Um talento que antes se engajava, e hoje só cumpre. Todos esses comportamentos comunicam. E comunicam muito. O silêncio é, muitas vezes, o grito de quem cansou de tentar.

Escuta ativa não é escutar tudo. É perceber o que falta

No ambiente corporativo, escuta ativa precisa ser entendida como habilidade de gestão. Não basta ouvir o que é dito: é preciso estar atento ao que está ausente. Às entrelinhas. Às pausas. Aos olhares desviados. Aos relatórios que não chegam. Às perguntas que deixaram de ser feitas.

O silêncio, nesse contexto, pode ser sintoma de desalinhamento, frustração, insegurança ou medo. E não há software ou métrica que substitua a sensibilidade do líder atento. Quando uma equipe se cala, ela está dando um sinal: o de que já não vê espaço para se expressar. Que perdeu a confiança. Que não acredita mais que sua voz terá consequência real.

Segundo o relatório State of the Global Workplace, do Gallup, cerca de 79% dos trabalhadores no mundo estão desengajados. Esse número, por si só, já evidencia o que muitos gestores não querem enxergar: há mais desconexão do que se supõe — e ela não acontece de um dia para o outro. O afastamento emocional é gradual, mas plenamente perceptível para quem está presente de verdade.

O líder que enxerga o que não está dito

Liderar é, acima de tudo, estar disponível. Para orientar, para acolher, para provocar, mas também para perceber. O líder que desenvolve essa escuta ampliada tem mais chances de antecipar crises, reverter cenários de insatisfação e fortalecer vínculos com o time. Cria um espaço onde o colaborador se sente seguro para falar, mas também confortável para se calar sem desaparecer.

Em muitas empresas, o erro está em tratar comunicação como ação pontual: uma campanha interna, uma reunião mensal, uma pesquisa anual. Mas comunicação, no dia a dia, é feita nos detalhes. No tom de voz. No tempo de resposta. Na disposição em ouvir, mesmo quando a resposta não é fácil. E em não evitar conversas difíceis.

O desafio que fica para as lideranças é simples, porém profundo: você está ouvindo mesmo quando ninguém fala? Consegue identificar quando o silêncio deixou de ser pausa, e passou a ser ausência?

É preciso entender: as pessoas não se desconectam da empresa de uma vez. Elas vão se calando aos poucos. Primeiro deixam de participar, depois de sugerir, por fim, de acreditar. E quando a organização finalmente percebe o silêncio, muitas vezes já é tarde: quem ainda está presente no crachá já não está presente de verdade. Escutar o que não é dito é, talvez, o maior diferencial competitivo de uma liderança preparada para o futuro.

comunicação eficaz_foto do autor

Por Renato Vechiatto, diretor executivo em estratégia, inovação e experiência de marca na Smollan. Apaixonado por cultura organizacional, clima e performance sustentável. Escreve sobre decisões mais humanas e ambientes onde liderar é cuidar, e crescer é incluir.



🎧 Ouça o episódio 211 do RH Pra Você Cast:

“Escritórios cheios: dá para voltar ao presencial sem perder talentos?”

A volta para os escritórios é uma tendência que cresce cada vez mais. De fato, diversas plataformas de vagas já identificam um aumento significativo nas oportunidades presenciais. Por outro lado, as opções híbridas e remotas não mantêm o mesmo ritmo de antes.

Mas, diante desse cenário de mudança, será que os profissionais estão realmente satisfeitos com essa decisão? Empresas têm suas razões para trazer equipes de volta ao ambiente físico. No entanto, o impacto dessa medida no engajamento dos talentos merece atenção.

Como a volta ao presencial afeta o engajamento dos profissionais

Para entender melhor esse cenário, então, conversamos com Raissa Florence, Cofundadora e Diretora de Growth da Koru. Sua análise, aliás, traz insights valiosos sobre como os profissionais estão lidando com a transição para o trabalho presencial. Portanto, não deixe de ouvir o episódio completo!

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