Uma coisa é certa: sairemos da pandemia bem diferente de como entramos. Mudamos a nossa forma de agir, pensar, consumir, e, claro, trabalhar. Segundo uma pesquisa do da EDC Group, mais de 60% dos profissionais viveram a sua primeira experiência de trabalho remoto por conta do isolamento social.

E, se essa mudança abrupta assustou no início, com o passar dos meses, ela se tornou a favorita de grande parte da população, conforme mostrou uma pesquisa da USP realizada em julho de 2020. Segundo o estudo, 70% dos brasileiros preferiam permanecer no formato home office.

Podemos listar inúmeros fatores que fizeram com que o formato caísse no gosto dos profissionais, por exemplo, mais tempo com a família, menos desgaste com o trajeto e trânsito, redução de gastos com a alimentação e por aí vai. Entretanto, com o passar do tempo, o modelo antes tão benéfico começou a mostrar o seu contraponto, o lado B.

A falta de um espaço físico preparado para o trabalho, a mistura do escritório com a casa e a incapacidade de se desligar do trabalho são fatores que começaram a pesar para os trabalhadores. Essas e outras dificuldades trazidas pelo home office dificultaram a estabilidade emocional, deixando os profissionais mais propensos a problemas como ansiedade e depressão. Uma pesquisa realizada pelo linkedin apresentou dados muito pertinentes e que comprovam essa tese.

Segundo a análise, 39% das pessoas entrevistadas afirmam sentir-se solitárias devido a falta de interação; 30% afirmaram estar mais estressados pela falta de momentos de descontração; 43% deixaram de se exercitar. Ainda de acordo com o estudo, 68% desses profissionais estão trabalhando pelo menos uma hora a mais por dia

O que tudo isso nos diz? Que se, no primeiro momento, o home office se mostrava benéfico para a maioria dos trabalhadores, com o passar do tempo ele começou a despertar problemas ainda desconhecidos. Ou seja, apontando a tendência de um futuro híbrido de trabalho, onde é possível equilibrar o “home” e o “office”.

Uma pesquisa recente da JLL, empresa especializada em serviços imobiliários, nos mostra um resultado bem diferente que o levantado em 2020, quando 70% dos trabalhadores afirmavam querer apenas o home office. Dessa vez, enquanto 10% dos usuários querem voltar ao escritório e 24% querem permanecer remotamente, 66% dos entrevistados optaram pelo modelo de trabalho híbrido – com trabalho presencial, no máximo, durante dois dias na semana.

O formato híbrido oferece a versatilidade necessária para uma vida profissional equilibrada

A modalidade proporciona o equilíbrio necessário para que as coisas voltem ao “novo normal” com mais benefícios na vida dos trabalhadores. É como uma espécie de melhor dos dois mundos. Afinal, por meio do modelo híbrido é possível permanecer com mais contato familiar, redução de custos e menos estresse com o trânsito.

Por outro lado, ainda é possível aproveitar da interação com os colegas, a separação do ambiente do trabalho e, claro, a opção de trabalhar fora de casa, o que nos ajuda a sermos mais criativos e produtivos.

O modelo já tem sido, inclusive, a realidade para um grande número de pessoas, conforme adiantou uma pesquisa global da Accenture. Segundo os dados do levantamento, que contou com 9,6 mil entrevistados, 60% afirmaram que seu empregador mudou ou pretende mudar o modelo de trabalho pata o modelo híbrido.

Quem ganha com isso? Tanto os profissionais, por conta dos motivos já citados, mas também as empresas, que vão poder reduzir custos, otimizar os espaços e contar com um time multidisciplinar em diferentes regiões do mundo (?).

Outro setor que ao que tudo indica será beneficiado por esse novo modelo de se trabalhar é o de coworkings, que enfrentou uma redução drástica durante a pandemia. Estima-se que o mercado global de escritórios sob demanda diminuiu de US$ 9,27 bilhões em 2019 para US$ 8,24 bilhões em 2020. Com a movimentação do mercado na adesão do modelo híbrido, porém, o setor deve se recuperar e alcançar US$ 11,52 bilhões em 2023, segundo o site coworkingbrasil.org.

Dessa maneira, podemos concluir que, se entramos na pandemia com pouca experiência do trabalho remoto, sairemos dela com grande expertise no tema. Inclusive, compreendendo os pontos negativos e positivos do formato, mas, sobretudo, encontrando um novo caminho. Uma possibilidade que proporciona o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Quanto tempo dura a movimentação do mercado até todas as empresas aderirem o formato?

Bom, não é possível saber, mas de uma coisa eu tenho certeza: o formato de trabalho híbrido veio para ficar.

O lado B do home office impulsiona modelo híbrido

Por Diogo Cortês, fundador do OOND.

 

 

 

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