Como a neurociência das cores pode estimular produtividade e bem-estar no ambiente de trabalho
O brasileiro trabalha, em média, 1.737 horas por ano, o que representa cerca de 20% do tempo da vida de uma pessoa no período de 12 meses (Instituto Akatu/2018).
Considerando que a população passa uma boa parcela de seu dia em atividades laborais, setores de Recursos Humanos passaram a avaliar, cada vez mais, a necessidade de oferecer um ambiente acolhedor que estimule a produtividade, a realização de tarefas e o bem-estar, ao mesmo tempo em que incentiva a contenção de talentos por meio do sentimento de pertencimento à uma companhia.
Pesquisas mostram que a luminosidade, bem como a harmonia das cores e o ambiente podem interferir na capacidade de vitalidade mental e produtividade, até mesmo oferecendo sensação de descanso para executar determinada tarefa. Sinaliza que a neurociência das cores pode estimular produtividade.
Uma meta-análise feita pela Universidade da Califórnia, que avaliava o estado de humor não patológico das pessoas, chegou à conclusão de que existem três grupos de fatores que influenciam o humor, sendo eles genéticos; ocorrências que não podem ser controladas, como lutos, desemprego ou doença na família; e tudo aquilo que está no controle de alguém, como praticar atividade física, ter uma boa alimentação e sono regular.
O local de trabalho está atrelado a esse terceiro fator, visto que se pode escolher como organizá-lo. Ambientes marcantes e organizados podem criar memórias agradáveis que ajudam a experimentar estados mentais de descanso, tranquilidade e paz.
Esses estados mentais permitem que os recursos intelectuais do profissional qualificado sejam direcionados com maior eficiência para sua entrega no trabalho.
Neuroarquitetura e a neurociência das cores pode estimular produtividade
Com base na neuroarquitetura, que estuda como o ambiente físico impacta no cérebro das pessoas, os escritórios passam a ser projetados considerando três importantes conceitos:
- a biofilia, que consiste na conexão da natureza com o ser humano, seja por meio de plantas ou objetos naturais, como um piso em madeira;
- a chamada experiência do usuário (conhecida pelo termo em inglês, user experience), que permite o fortalecimento da marca ao gravar, de forma positiva, aquele ambiente na memória do usuário; e
- a neurociência das cores, que aponta como o cérebro de uma pessoa se comporta diante de informações captadas visualmente.
Na neuroarquitetura, os ambientes de trabalho são planejados de acordo com a atividade que será desenvolvida em cada setor, de forma que essa ação seja influenciada e potencializada. Pesquisas mostram que o cérebro do ser humano recebe estímulos diferentes quando visualiza cores quentes e frias. Enquanto as quentes ativam áreas responsáveis pelo comportamento emocional e instintivo, as frias ativam o lado racional e intelectual.
Cores frias
O roxo, por exemplo, ativa o lobo frontal, área responsável pelo planejamento de ações e imaginação, como atividades de criação. Já o azul e o verde ativam o córtex pré-frontal, responsável pela memória de trabalho, que acessa a memória adquirida e retém a memória da atividade que está sendo executada.
A área pré-frontal é também responsável pela memória cognitiva e por oferecer respostas rápidas em determinadas situações; é o responsável pelo controle das emoções para que possamos agir racionalmente. Inclusive, são estas as partes do cérebro que nos diferenciam dos outros animais.
Portanto, ambientes de foco e concentração, como salas de reunião, podem contar com móveis ou detalhes em azul. E embora os ambientes de staff também exijam concentração, é um local que fornece interação social entre os colaboradores e, para ativar o lado afetivo e estimular a interação de forma harmoniosa, pode ser utilizada a cor verde.
Já o roxo pode ser utilizado nas áreas de brainstorm, visto que ativa a área do cérebro responsável pela criatividade e imaginação e estimula o desenvolvimento de ideias e criatividade em trabalho em grupo.
Cores quentes
Como dito anteriormente, as cores quentes ativam o comportamento emocional e instintivo, os sentimentos e a memória afetiva. No caso do amarelo, será ativado o sistema de recompensa, que é formado por três áreas do cérebro, duas responsáveis pelo comportamento emocional e afetivo, bem como o córtex pré-frontal, que é ativado quando uma ação prazerosa é executada.
Ao atingir o córtex pré-frontal, o cérebro pondera aquela ação e pensa a longo prazo o que aquela ação pode nos trazer.
Nos escritórios, as áreas de convivência e de descompressão pedem cores quentes justamente para ativar o lado emocional, como copas, café lounge e elevadores. É possível explorar mais cores nestes ambientes, como um degradê em amarelo e laranja, assim como em áreas de curta permanência de visitantes e clientes, como o hall de acesso.
Como o amarelo ativa áreas tanto emocionais quanto racionais e o sistema de recompensa, pode ser utilizado em áreas colaborativas e em espaços de trabalho em equipe com bancos amarelos, ou mesmo uma parede com tonalidade suave.
Por Denise Moraes e Érica Prata, sócias da AKMX Arquitetura Corporativa.
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