Quais as dores do seu cliente?
Essa é uma pergunta básica no mundo do marketing. Pessoalmente, ao me lançar em um empreendimento de impacto social, voltado para a inclusão de estudantes e profissionais de perfil minoritário no mercado de trabalho, acreditava que a dor das pessoas era a dificuldade de acesso a oportunidades de desenvolvimento e vagas de emprego.
A princípio, esse entendimento não está errado. O problema é que ele enxerga apenas a ponta do iceberg, haja visto que apenas uma minoria, entre jovens universitários negros e de baixa renda, está efetivamente pronta para receber uma oportunidade de capacitação e trabalho para decolar na carreira.
Ocorre que há outras dores. Vou destacar aqui aquela que me parece a principal, e que é tema deste artigo: o não pertencimento.
“Pertencer” é ter a sensação de fazer parte de uma comunidade, de estar integrado a um grupo, de manter uma conexão emocional com um ambiente. A noção de pertencimento está muito ligada ao reconhecimento e a como a pessoa tem respeitadas sua dignidade, sua cultura e suas diferenças.
É um sentimento de se identificar com algo ou alguém, sentindo-se valorizado, acolhido e, portanto, parte integrante disso, via laços sociais profundos, positivos e recompensadores.
A grande questão é que, aspectos estruturantes da nossa cultura, como o machismo, sexismo, racismo, capacitismo, etarismo, homofobia, aporofobia, entre outros, somados ao processo brutal de desigualdades e exclusão, retiram da pessoa o senso de pertencimento que é indispensável para abraçar uma oportunidade de inclusão profissional.
Na verdade, tudo é uma questão de perfil. Sim, existe o perfil diamante, daquele jovem com brilhos nos olhos e faca nos dentes, que sabe o quer, corre atrás das oportunidades, tem sonho grande e senso de pertencimento. Mas quantos deles estão por aí?
Um segundo perfil bastante comum é daquela pessoa que quer melhorar de vida, entretanto está muito perdida, sem inspiração, sem confiança em si mesmo e, principalmente, sem o sentimento de pertencimento. Pois é exatamente a dor dessa pessoa que precisamos tratar.
O conceito de pertencimento é fundamental quando se trata de diversidade, equidade e inclusão, uma vez que ele enfatiza a importância de criar ambientes onde todas as pessoas se sintam acolhidas, valorizadas e integradas, independentemente de suas diferenças.
Ao fomentar um senso de pertencimento, organizações e sociedades podem ajudar a diminuir sentimentos de isolamento entre indivíduos que porventura se sintam marginalizados ou sub-representados.
Além disso, quando as pessoas sentem que pertencem a um grupo e que suas opiniões são ouvidas e respeitadas, há uma maior tendência à colaboração efetiva. Isso pode levar a melhores resultados em projetos corporativos, porque impacta na satisfação do colaborador e em sua produtividade.
Alimentar o sentido de pertencimento em um ambiente, seja ele um local de trabalho, uma comunidade ou um grupo social, envolve ações conscientes e contínuas. Um verdadeiro líder inclusivo deve se certificar de que todos se sintam bem-vindos e incluídos.
Isso pode ser feito por meio de políticas inclusivas, práticas de contratação equitativas, comunicação aberta e espaços de trabalho acessíveis.
Portanto, reconheça e celebre as diferenças entre as pessoas, apreciando a variedade de culturas, experiências e perspectivas. Afinal, não há inclusão sem pertencimento.
Por Leizer Pereira, fundador e diretor executivo da Empodera, uma plataforma pioneira na construção de negócios inclusivos e preparação de carreira e conexão de jovens com organizações que valorizam a diversidade. Também é palestrante e consultor especialista em estratégias para promoção da diversidade e inclusão nas empresas.
Ouça o episódio 190 do podcast RH Pra Você Cast, “Como eu venci a Síndrome do Impostor“. De acordo com um estudo da KPMG, divulgado em 2023, 75% das executivas brasileiras já enfrentaram a Síndrome do Impostor.
Marcada por sentimentos que vão da baixa autoestima ao perfeccionismo excessivo, a condição impacta não só a vida profissional, como também pode deixar sequelas na rotina pessoal. Para falar mais sobre a síndrome e, principalmente, entender como ela pode ser prevenida e combatida, convidamos a mentora e palestrante Thereza Cristina Moraes, que já sentiu na pele o que a Síndrome do Impostor pode causar. Confira!
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