Polêmica = masculinização da mulher

Nos últimos dias, uma declaração polêmica do empresário Tallis Gomes, fundador da G4 Educação, Easy Taxi e Singu, ganhou notoriedade nas redes sociais. Em resposta a uma pergunta sobre se relacionar com uma mulher que ocupa a função de CEO, Tallis afirmou que isso resultaria na “masculinização” da líder e que liderar sua vida familiar seria deixada em segundo plano.

Como CEO de uma empresa de marketing e à frente de uma equipe talentosa, não posso deixar de me posicionar sobre esse tipo de visão retrógrada que prejudica a nossa ascensão no mercado de trabalho.

RH TopTalks

Quando uma mulher chega a uma posição de liderança, como CEO de uma empresa, ela enfrenta desafios que vão muito além da gestão empresarial. Decerto, muitas vezes, é necessário lidar com preconceitos velados, ou até explícitos, que questionam sua capacidade de equilibrar o trabalho com a vida pessoal.

Para liderar, devo realmente escolher?

Essa ideia de que é preciso escolher entre o sucesso profissional ou a construção de uma família está enraizada em estereótipos ultrapassados. Inegavelmente não reconhecem a capacidade que nós temos de lidar com múltiplos papéis.

Ser CEO não é uma questão de gênero, mas sim de competência, estratégia e visão de negócios. No meu caso, além de liderar a Kipiai, uma agência de marketing digital, também sou mãe e esposa.

Eu, como tantas outras mulheres, sei o que é equilibrar e liderar as demandas do trabalho com as responsabilidades em casa. Entretanto, o que muitos não percebem é que essa capacidade de multitarefa nos dá uma vantagem no mercado, uma habilidade inata de gerir prioridades e encontrar soluções criativas sob pressão.

Ah, as barreiras invisíveis!

Infelizmente o mercado de trabalho ainda impõe barreiras invisíveis àquelas que buscam cargos de liderança. Portanto, os comentários de Tallis refletem um preconceito que muitas vezes não é explicitado, mas está presente no dia a dia corporativo.

A ideia de que nós “não estamos preparadas” ou “não podemos lidar com a pressão” de cargos de alta gestão é um mito. Pelo contrário, estudos indicam que empresas com mais diversidade de gênero em cargos de liderança tendem a ser mais criativas e inovadoras.

Como líder de uma empresa em crescimento, afirmo com convicção que as mulheres têm o poder de transformar o ambiente de negócios. Ademais, nós trazemos uma visão de inclusão, de empatia e de colaboração que é essencial para o sucesso a longo prazo.

Assim, ao contrário do que foi dito por Tallis, não vejo a liderança como uma “masculinização”, mas sim como uma oportunidade de expandir nossas capacidades e de mostrar ao mundo do que somos capazes.

Não abrir mão da sua essência para liderar

As mulheres não precisam “abrir mão de sua essência” para liderar. Precisamos, sim, de mais oportunidades. Precisamos que as portas sejam abertas e que os preconceitos sejam superados, pois a liderança feminina não é exceção, mas uma realidade cada vez mais presente e essencial para o mercado de trabalho contemporâneo. Empresas que reconhecem e promovem essa diversidade colhem os frutos de uma equipe mais motivada e de um ambiente de trabalho mais equilibrado.

A liderança feminina não deveria ser vista como uma exceção ou uma ameaça. Com efeito, ela é uma realidade que veio para ficar. E eu, como mulher, mãe e CEO, tenho orgulho de fazer parte dessa transformação.

Liderar

Por Fernanda Cunha Lima, sócia e CEO da Kipiai, agência de marketing digital, e defensora da igualdade de gênero no mercado de trabalho.

 

 

 

 


🎧 Podcast RH Pra Você Cast: A Evolução da Relação das Mulheres com o Mercado de Trabalho

No episódio 185 do Podcast RH Pra Você Cast, mergulhamos na fascinante evolução da relação das mulheres com o mercado de trabalho. Afinal, esse é um tema crucial e repleto de nuances. Assim, explorararemos os dados, desafios e oportunidades que moldam essa trajetória.

Responsabilidades e Desafios

Segundo um estudo realizado pela Think Olga, 86% das mulheres enfrentam uma carga de responsabilidade considerável. Além disso, quase 60% delas têm a incumbência de cuidar de alguém. Em suma, essa realidade persiste mesmo em um mercado de trabalho que, embora tenha avançado, ainda carrega tabus e desafios para o público feminino.

A Jornada Dupla de Trabalho

Profissionais brasileiras frequentemente enfrentam a chamada “jornada dupla”: equilibrar as demandas do trabalho com as responsabilidades domésticas e familiares. Afinal, esse malabarismo é uma realidade que merece atenção e soluções práticas.

Especialistas em Inclusão Compartilham Insights

Com o propósito de discutir como o setor de Recursos Humanos pode contribuir para o bem-estar das mulheres no ambiente de trabalho, o “RH Pra Você Cast” convidou duas especialistas em inclusão:

  1. Jorgete Lemos: Sócia fundadora da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços, trazendo sua vasta experiência em análise de dados e tendências.
  2. Maíra Liguori: Diretora das organizações da Think Eva, com insights valiosos sobre as melhorias que podem ser promovidas para apoiar as profissionais.

Ouça o episódio completo e, dessa forma, descubra como podemos construir um ambiente de trabalho mais igualitário e portanto mais acolhedor para todas as mulheres! 🎧

Não se esqueça de seguir nosso podcast bem como interagir em nossas redes sociais:

Facebook
Instagram
LinkedIn
YouTube

Foto: Depositphotos