Como as mudanças no mundo pós-pandemia afetaram as taxas de retenção de funcionários?
Uma das principais mudanças trazidas pela pandemia da Covid-19 foi a adoção em massa do trabalho remoto pelas empresas, transformando o home office no “novo normal” e inaugurando uma nova era do trabalho.
De repente, o “futuro” finalmente havia chegado e modificado tudo para sempre. De um lado, escritórios vazios, de outro, funcionários mais satisfeitos com suas novas rotinas, menos horas no trânsito e mais qualidade de vida. Depois de quatro anos, porém, essa não é mais uma convicção das empresas: os modelos de trabalho híbrido e presencial têm ganhado força.
Como aumentar a retenção de funcionários?
Em contrapartida, observa-se entre os empregados uma grande adesão da vida fora do escritório e um grande apego ao estilo de vida recriado desde 2020. Diante disso:
- como evitar o turnover nas empresas e aumentar a retenção de funcionários?
- o que mudou nos últimos quatro anos? e
- quais os cenários futuros para atração e retenção de talentos em uma cultura de trabalho reimaginada?
Os percentuais de turnover diferem por área de trabalho, setor de mercado e nível de carreira, mas as variações dos últimos 5 anos não foram grandes. Embora tenha ocorrido uma oscilação maior no setor de tecnologia entre os anos de 2021 e 2022, esses indicadores já se estabilizaram desde então. Hoje, as transições de carreira nessa área também não estão aceleradas.
De acordo com o estudo global EY Work Reimagined 2023, 68% dos empregadores concordam que uma economia desacelerada deve reduzir a propensão de saída de seus funcionários.
Já para os empregados, a perspectiva é diferente: mesmo diante de uma piora na economia, 37% deles afirmam que a propensão de deixar um emprego permanece a mesma.
Essa dicotomia é uma questão de visão de mundo. Nem sempre aquilo que se deseja é possível ou viável, pelo menos a curto prazo.
Organizações demandam uma volta aos escritórios
O que percebemos no dia a dia é que as organizações que estão demandando uma volta aos escritórios seguem com uma taxa de turnover baixa. Independente das previsões de turnover e favorabilidade de saída de empregados a curto prazo, a flexibilidade veio para ficar. Está claro que os modelos de trabalho estão sendo questionados e motivando profissionais a reavaliarem suas posições e estilos de vida.
Do lado dos empregadores, é preciso assimilar de modo perene os aprendizados dos últimos anos para manter a sustentação empresarial a longo prazo, sem reagir às mudanças de modo refratário. O único porém é que flexibilidade não é sinônimo de trabalho remoto.
Trabalho remoto, revisto?
A tendência é que a ideia do trabalho remoto seja revista. Igualmente, as empresas precisam criar novos incentivos e melhorar os benefícios oferecidos onsite para atender às demandas por flexibilidade, garantindo a satisfação do colaborador enquanto ele trabalha no espaço físico da empresa.
Na percepção dos empregados, os horários/turnos flexíveis (34%) estão entre as três mudanças mais citadas em termos de flexibilidade. Os outros dois pontos mais prevalentes são: alimentação no local (30%) ou benefícios de mobilidade/transporte ou remuneração (27%).
Solução: benefícios diferenciados promovem a retenção de funcionários?
Segundo os empregadores, entre as melhorias e benefícios oferecidos para estimular a volta ao trabalho presencial estão creches e serviços de acolhimento aos filhos de funcionários (43%), mais dias de férias ou folgas remuneradas (34%) e horários/turnos flexíveis (34%).
Pensar no futuro do trabalho e dos negócios também passa por ouvir as pessoas, captar a visão dos grupos, dos times e dos clientes para tomar decisões mais acertadas, de modo menos randômico e mais intencional.
É importante organizar as agendas para que as pessoas ajam com consciência, autonomia e confiança dentro das empresas, aliando alta performance e retenção de talentos.
Há pesquisas que reportam que muitos colaboradores preferem o trabalho remoto para ficar mais longe de gestores tóxicos ou de um ambiente de “bagunça corporativa”, sem clareza, com acúmulo de tarefas que parecem sem sentido e com muito desperdício de tempo.
A tão citada Síndrome de Burnout deriva dos excessos: precisamos entender que a nossa capacidade cognitiva de consumo de informação é muito menor do que a velocidade com que tamanha rede de informação é criada. Menor ainda é nossa capacidade de transformar tudo isso em conhecimento.
Essa sensação de esgotamento é legítima e cabe às empresas e gestores levá-las a sério, permitindo que as pessoas tenham foco no que mais importa, sendo mais produtivas e felizes no trabalho, se desenvolvendo ao mesmo passo em que cooperam para o progresso da organização.
Por Oliver Kamakura, Sócio de Consultoria em Gestão de Pessoas da EY para o Brasil.
Chronoworking: O Que É Isso? Chegou Para Ficar?
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Você já ouviu falar em chronoworking? Este é um dos assuntos mais discutidos no RH atualmente. Embora ainda não seja popular no Brasil, está ganhando força em outros países.
O Que é Chronoworking?
Chronoworking é uma jornada de trabalho baseada no “ritmo biológico” dos colaboradores. Mas será que é realista pensar em adotar essa prática?
Especialista Fátima Motta Explica
Para entender se o chronoworking vai pegar ou não, ouvimos Fátima Motta. Ela é colunista do RH Pra Você, especialista em gente e gestão, e Sócia-Diretora da FM Consultores. Confira o papo completo no podcast!
Não perca este episódio para saber mais sobre chronoworking e suas implicações no mundo do RH.