Mindfulness e Física Quântica: uma nova perspectiva para a Gestão e Liderança
Vivemos em uma época caracterizada pela complexidade e por mudanças constantes. As organizações modernas enfrentam desafios cada vez maiores: atrair e reter talentos, gerenciar a diversidade e promover a inclusão, manter alta a motivação e garantir a sustentabilidade, tudo isso em um contexto de crescente incerteza, onde práticas como a mindfulness podem ajudar a enfrentar esses desafios com maior equilíbrio e consciência.
É nesse cenário que surge a necessidade de uma mudança de paradigma na gestão e na liderança. Uma mudança que nos leva a explorar horizontes menos convencionais.
Os conhecimentos aparentemente complexos da física quântica estão, hoje, ao alcance de todos nós. Quando nos tornamos conscientes de como eles se integram à prática da mindfulness, percebemos que esses conceitos representam uma ferramenta essencial para uma abordagem mais consciente e inovadora, capaz de guiar os Diretores de RH em um caminho de bem-estar pessoal e profissional.
A Física Quântica como metáfora do trabalho moderno
A física quântica nos ensina que tudo está interconectado. Princípios como o emaranhamento, o colapso da função de onda e o multiverso podem parecer distantes do nosso dia a dia profissional, mas, na verdade, servem como poderosas metáforas para compreender as dinâmicas organizacionais.
- O emaranhamento destaca como as relações entre indivíduos estão intrinsecamente conectadas: o bem-estar de uma pessoa influencia diretamente os outros e, consequentemente, toda a organização. O trabalho não pode ser visto como algo separado da vida pessoal; em vez disso, devemos considerar as organizações como ecossistemas interdependentes, onde o bem-estar individual é a base do sucesso coletivo.
- O colapso da função de onda demonstra como nossa observação determina a realidade ao nosso redor. O físico David Bohm explicava que a realidade manifesta-se a partir de um “ordenamento implícito”, o que significa que, se quisermos mudar algo que não nos agrada no mundo externo, devemos primeiro voltar nossa atenção para dentro de nós mesmos, tornando-nos a mudança que queremos ver no mundo. Só assim essa transformação poderá se concretizar.
- O multiverso nos ensina que existem diferentes possibilidades de manifestação da realidade, ressaltando que não há um único caminho “certo” ou “errado”, mas sim realidades que se formam de acordo com nossas escolhas e nosso modo de ser. Esse conceito reforça a importância da inclusão e da diversidade, reconhecendo que cada indivíduo percebe e vivencia o mundo de maneira única, a partir de suas experiências, emoções e conhecimentos. Assim, não podemos cometer o erro de acreditar que nossa percepção deve ser a mesma para todos.
Mindfulness: uma ferramenta concreta para lidar com as mudanças
Nesse contexto, a mindfulness se apresenta como uma ferramenta prática e eficaz para enfrentar os desafios do trabalho contemporâneo. Técnicas como respiração consciente, reformulação de pensamentos, visualizações guiadas e até atividades físicas como o yoga ajudam as pessoas a gerenciar o estresse, melhorar a concentração e fortalecer a resiliência.
Os dados são claros. De acordo com a OCDE, a OMS e o instituto Gallup:
- 50% dos trabalhadores sob estresse crônico enfrentam dificuldades em suas relações familiares;
- 66% das pessoas sobrecarregadas no trabalho não conseguem “desligar” nem mesmo no tempo livre;
- 25% das ausências prolongadas no trabalho na Europa estão relacionadas a problemas pessoais.
Esses números não são apenas estatísticas: representam histórias de pessoas, organizações que perdem produtividade e sistemas que falham em atender às necessidades humanas fundamentais.
Da Work-Life Balance à criação de uma cultura de bem-estar
As políticas tradicionais de equilíbrio entre vida pessoal e profissional (Work-Life Balance – WLB) não são mais suficientes. Uma transformação cultural é essencial para incorporar práticas inovadoras e acessíveis.
Entre essas, destacam-se momentos de escuta ativa, pausas para mindfulness e espaços de relaxamento. Além disso, atividades como "mindful walking" e yoga também desempenham um papel relevante nesse cenário.
O propósito não se limita ao cumprimento de normas de segurança e saúde ocupacional, como previsto em regulamentos, incluindo o artigo 2087 do Código Civil e o Acordo Europeu sobre Estresse Relacionado ao Trabalho. Mais do que isso, é fundamental criar um ambiente de trabalho que incentive hábitos saudáveis e sustentáveis.
Liderança Consciente: rumo a organizações mais humanas
Para que essa mudança aconteça, é essencial uma liderança consciente, capaz de enxergar o trabalho não apenas como um espaço de produção, mas também como um ambiente de crescimento pessoal e coletivo. Os Diretores de RH precisam compreender que o capital humano é o coração pulsante de suas organizações, reconhecendo a interconexão entre a esfera pessoal e profissional.
Essa visão pode parecer utópica. No entanto, ela representa uma estratégia essencial para criar organizações evolutivas, frequentemente denominadas "Teal". Essas empresas integram inovação, consciência e impacto positivo na sociedade. Além disso, o trabalho assume um papel como expressão autêntica de quem somos. Em um ambiente assim, a contribuição de cada indivíduo reforça, simultaneamente, o tecido organizacional e o sucesso coletivo.
Uma reflexão para o futuro
Precisamos repensar o trabalho não apenas como uma função produtiva, mas como uma oportunidade de conexão e realização. Investir em práticas como a mindfulness e adotar princípios mais conscientes não é apenas uma escolha ética, mas uma estratégia eficaz para melhorar o desempenho e o bem-estar de todos.
Einstein dizia: “Insanidade é continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”
Portanto, o caminho a seguir é nos permitirmos olhar além das aparências e nos abrirmos para essa nova consciência, que certamente trará resultados inimagináveis.
Por Michela Dal Maso, Gerente de Projetos com atuação na área de formação, tanto em termos organizacionais quanto como instrutora em habilidades comportamentais (soft skills). Sempre apaixonada por estudos, há muitos anos se interessa pela física quântica aplicada ao bem-estar e desenvolveu competências com renomados formadores. Em 2017, obteve o título de Health Coach. Artigo publicado originalmente em 2025 na HR ONLine da AIDP – ‘Associazione Italiana per la Direzione del Personale‘.
🎧Ouça o Episódio 181 do Podcast RH Pra Você Cast:
“A Saúde dos Trabalhadores Está em Risco?”
A abordagem das empresas em relação à saúde dos colaboradores traz otimismo. Inegavelmente, desde a pandemia, o bem-estar e a qualidade de vida passaram a ser assuntos obrigatórios nas organizações para que elas se mantenham competitivas.
A Prática é Tão Positiva Quanto o Debate?
Contudo, será que a prática é tão positiva quanto o debate? Com efeito, segundo uma pesquisa recém-realizada pela Alice, ainda identificamos muitos gaps que precisam ser corrigidos.
Pesquisa da Alice Revela Gaps na Saúde dos Trabalhadores
Para falar mais sobre o estudo e também a respeito do cenário da saúde do trabalhador para 2024, batemos um papo com Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice. Assim sendo, confira abaixo:
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