A urgência da liderança empática frente à crise de Saúde Mental
Estive no Festival Iguassu Inova, o ponto de encontro entre ciência, tecnologia e negócios, que reuniu líderes, especialistas e profissionais de diferentes setores para discutir inovação, tecnologia e o futuro das organizações.
Foi uma oportunidade incrível de observar tendências, trocar experiências e refletir sobre os desafios que vivemos no mundo corporativo, especialmente no que diz respeito à saúde mental, engajamento e liderança.
Os dados sobre saúde mental no trabalho mostram uma realidade preocupante e reforçam que o tema não é mais opcional, é urgente. Em 2019, o Brasil foi considerado o país com o maior número de pessoas ansiosas do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) conviviam com o transtorno quando os dados foram analisados.
Liderança empática diante do avanço da crise emocional no trabalho
Um estudo da International Stress Management Association (Isma), revelou que, atualmente, o Brasil ocupa o segundo lugar em número de casos diagnosticados de Burnout, doença ocupacional reconhecida e classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022. O País está atrás apenas do Japão, onde 70% da população é afetada pela doença.
O Brasil é o quarto país mais estressado do mundo, de acordo com o relatório global "World Mental Health Day 2024", divulgado pelo Instituto Ipsos.
Dados do Ministério da Previdência Social mostram que, em 2024, foram registrados quase meio milhão de afastamentos do trabalho, o maior número em pelo menos dez anos. Ao todo, foram 472.328 licenças médicas concedidas, o que representa um aumento de 68% em relação ao período anterior.
Já em 2025, os dados do INSS e do Ministério da Previdência Social mostram que, somente no primeiro semestre, 267.690 afastamentos foram concedidos aos trabalhadores.
Os dados sobre saúde mental no trabalho mostram uma realidade preocupante: o aumento expressivo de afastamentos, diagnósticos de estresse e ansiedade evidencia o impacto direto das pressões cotidianas e da sobrecarga sobre os trabalhadores. Mais do que números, esses indicadores sinalizam que é urgente repensar a forma como estruturamos nossos negócios e conduzimos nossos times, criando ambientes mais saudáveis e sustentáveis.
Liderança empática exige regeneração e flexibilidade
Diante desse cenário, fica claro que medir produtividade apenas por horas trabalhadas ou manter estruturas rígidas já não funciona. Precisamos de flexibilidade, autonomia e protagonismo, dando espaço para que as pessoas se desenvolvam de maneira equilibrada, sem comprometer os resultados.
Durante o festival, assisti à palestra do biólogo Guilherme Gennari. Ela reforçou a urgência de repensarmos nossas relações humanas e profissionais. Somos seres coletivos, parte da natureza, que prospera pela interdependência e colaboração. Gui propôs que líderes aprendam com a natureza para atuarem de forma regenerativa, fortalecendo uma cultura de liderança empática. Isso inclui criar ambientes colaborativos, resilientes e alinhados ao bem-estar das pessoas e da vida.
Então, olhando para tudo isso, a pergunta que fica é: como reconstruímos nossos times diante desses desafios? Um dos pontos centrais é a capacitação da liderança. Preparar quem está à frente das equipes para entender, apoiar e guiar seus times torna-se essencial para criar ambientes mais resilientes, produtivos e capazes de enfrentar os desafios do dia a dia com mais equilíbrio e eficiência.
Para que o líder desenvolva essa musculatura emocional, é preciso:
- Identificar e desenvolver empatia, reconhecendo quando alguém está ansioso, deprimido ou passando por fragilidade socioemocional.
- Praticar autonomia e flexibilidade, criando um ambiente em que cada pessoa se sinta apoiada, compreendida e capaz de entregar seu melhor.
Práticas de liderança empática para fortalecer os times
Veja algumas práticas essenciais para fortalecer a liderança e o time:
- Acolhimento como base da confiança: para que o time se sinta seguro e confiante na gestão, é preciso criar um ambiente de escuta genuína.
- Segurança psicológica: a confiança é o primeiro passo para desenvolver segurança psicológica, essencial para inovação, criatividade e engajamento.
- Escuta ativa do time: entender quem são as pessoas, seus sonhos, medos, traumas, estágio de vida e hábitos (como terapia) permite criar intervenções realmente significativas.
- Musculatura emocional: desenvolver essa habilidade tanto na liderança quanto no time é crucial para enfrentar desafios e fortalecer relações internas.
- Produtividade consciente: ninguém produz bem ou cria de forma efetiva sem sentir confiança e segurança no ambiente de trabalho.
- Flexibilidade e autonomia: promover autonomia e adaptar estruturas de trabalho contribui para um time mais resiliente, equilibrado e produtivo.
Por Raphael Rezende, Advogado dos Direitos Humanos e Sociais, especializado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Executivo de RH. Palestrante sobre Saúde mental na perspectiva de negócios e tecnologia, eleito Top 100 influenciadores de RH 2025, TOP 100 People 2024, Vozes Visionárias LGBT+ TikTok 2024, Linkedin Top Voice 2024. Criou a metodologia Dona do Emprego, já aplicada em projetos de empregabilidade feminina.
🎧 Ouça o RH Pra Você Cast, episódio 212 sobre as mudanças na NR-1 e os Impactos e Desafios para Empresas e RH
O que muda na NR-1 e por que isso importa?
As alterações na NR-1 estão entre os temas mais discutidos no momento. A partir de 26 de maio, novas diretrizes entram em vigor, exigindo que as empresas prestem mais atenção aos riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Muitas organizações já possuem práticas avançadas de saúde mental. No entanto, algumas ainda enxergam essa nova norma com preocupação.
Como a NR-1 impacta as empresas?
A implementação da nova NR-1 exige uma abordagem mais estratégica para a gestão de pessoas, sobretudo no enfrentamento dos riscos psicossociais que afetam o ambiente corporativo. Isso significa que as empresas devem revisar suas políticas e adotar medidas que protejam o bem-estar dos colaboradores. Em contrapartida, marcas que já investem na saúde mental podem se destacar ao se antecipar às mudanças. Assim, a regulamentação pode ser vista tanto como um desafio quanto como uma oportunidade.
O que esperar dessa transformação?
Embora algumas organizações vejam as mudanças como complexas, elas também podem representar um avanço significativo para o mercado de trabalho. Além disso, a NR-1 pode impulsionar uma cultura corporativa mais saudável e alinhada com as necessidades dos profissionais.
Confira a visão de especialistas
Para explorar mais a fundo esse tema, o RH Pra Você Cast trouxe Elaine Regina Ferreira, diretora Executiva de Gestão de Pessoas e ESG da Rede Santa Catarina. No episódio 212, ela analisa o impacto dessas mudanças e o que as empresas devem considerar para se adaptar com sucesso.
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