A liderança do futuro tem empatia e escuta como premissas, e não bônus

Durante muito tempo, a liderança foi moldada sob uma lógica quase militar: comando e controle, metas e pressão, autoridade e silêncio. Esse modelo criou gestores eficientes, porém distantes, rígidos e incapazes de estabelecer conexões genuínas com seus times. Hoje, esse formato está em xeque. A liderança do futuro exige empatia, diálogo e colaboração, não por modismo, mas por necessidade.

A cultura organizacional evoluiu. O mercado mudou. As pessoas mudaram. E a liderança, para continuar relevante, precisa mudar também.

Empatia e escuta: competências, não bônus

Empatia não é um agrado, nem um traço “bonito” de personalidade. É uma competência. E como toda competência, pode — e deve — ser desenvolvida. A escuta, da mesma forma, não é gentileza: é ferramenta estratégica. Um líder que escuta é um líder que antecipa conflitos, que compreende nuances, que toma decisões com base em percepções reais e não apenas em dados frios.

Liderança é relação, não só direção

O colaborador de hoje, especialmente os mais jovens, não se conecta com líderes autoritários, inflexíveis ou que evitam conversas difíceis. Eles esperam coerência entre discurso e prática. Valorizam quem sabe se posicionar, mas também quem sabe reconhecer limites. E, acima de tudo, querem ser vistos como pessoas, e não como recursos.

Uma liderança empática é aquela que reconhece as vulnerabilidades do outro sem julgamento. Que entende que um bom resultado depende de um bom ambiente. Que sabe que ouvir, muitas vezes, é mais poderoso do que agir.

Escutar exige preparo emocional

Mas há uma armadilha nessa discussão: a ideia de que liderança empática é passiva, permissiva ou “boazinha”. Pelo contrário. Ela exige mais esforço, mais presença, mais preparo emocional. É muito mais fácil comandar por autoridade do que conduzir por confiança.

Empatia também é colocar limites com respeito. É ter conversas difíceis sem perder o cuidado. É construir um espaço onde as pessoas se sintam seguras para performar, inclusive nos dias em que não estão bem.

E esse tipo de liderança não traz apenas benefícios emocionais, mas resultados concretos. Segundo uma pesquisa da Catalyst, colaboradores que percebem empatia por parte de suas lideranças têm cinco vezes mais chances de se sentirem inovadores e engajados. Já o relatório “State of the Global Workplace, do Gallup, mostra que apenas 21% dos funcionários globalmente se sentem realmente engajados — um sinal claro de que falta conexão real entre líderes e suas equipes. Empatia, portanto, não é custo: é alavanca de performance.

Para que isso aconteça, no entanto, as organizações precisam abandonar a visão de que empatia é “dom” e tratá-la como o que realmente é: um pilar essencial da liderança contemporânea. Programas de desenvolvimento, avaliação de desempenho, políticas de reconhecimento: tudo isso precisa incorporar a escuta e o cuidado como indicadores claros de liderança de sucesso.

Se o líder é o espelho da cultura, então uma empresa que deseja ser mais humana precisa olhar primeiro para quem está no comando.

E se seus líderes estivessem sendo avaliados pelos seus liderados?

A pergunta que fica é: quantos líderes da sua empresa realmente escutam? Quantos são lembrados com respeito, presença e acolhimento, mesmo fora das salas de reunião? Porque, no fim, não é o cargo que define a liderança, mas a memória que ela deixa nas pessoas. E nisso, não há KPI que substitua a confiança.

Liderança do futuro_foto do autor

Por Renato Vechiatto, diretor executivo em estratégia, inovação e experiência de marca na Smollan. Apaixonado por cultura organizacional, clima e performance sustentável. Escreve sobre decisões mais humanas e ambientes onde liderar é cuidar, e crescer é incluir.



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