Licença Parental: mais que uma mudança organizacional, um avanço como sociedade. Há alguns dias li uma matéria sobre a história de uma mulher que foi desligada da empresa em que trabalhava, após voltar de uma licença maternidade. Ela organizou tudo o que podia para a nova fase, cuidou dos mínimos detalhes para a sua volta e, como conta em seu relato: “após 10 anos, em 5 minutos fui recebida com uma demissão”.

A ex-colaboradora achou um espaço para o debate no Linkedin e lá, além de conseguir ser ouvida sobre a sua história, pôde entender que são incontáveis os casos como o dela. Embora seja um tema bastante comum, por mais triste que isso seja, a história viralizou.

Lendo a matéria, pensei sobre um tema do qual cada vez tenho mais convicção. Uma questão que, como gestora e estrategista de RH, já venho refletindo há algum tempo: a licença parental.

Transição Carreira

A ideia da licença parental vai muito além de tentar equalizar o direito e os deveres de homens e mulheres quando passam a ter um novo membro na família. A licença parental mostra que, naquela empresa, a mulher não deve ser vista com um olhar diferente do homem, profissionalmente falando, porque ambos terão o mesmo tempo afastados, no caso desta licença. O recado está dado e a mensagem é clara. Não há espaços para perguntas maliciosas sobre idade, vontade de construir família ou tempo de relacionamento na intenção de se descobrir nas entrelinhas o quão perigosa será aquela colaboradora futuramente.

Os dados só comprovam histórias como a que li no jornal. Uma pesquisa da FGV sobre licença-maternidade e seus efeitos na empregabilidade mostrou que aproximadamente 50% das mulheres que retornam ao trabalho após a licença-maternidade são demitidas até dois anos depois. Ou seja, a licença parental é sim um passo importante para essa equalização.

Um dos primeiros homens que usou este benefício na Pipo comentou comigo um tempo depois de retornar, sobre seus sentimentos quando soube que precisaria ficar todo aquele tempo de licença, assim como as mulheres. Segundo ele, era um misto de alegria com receio. Assim como ele achava incrível ter aquele tempo a mais com a sua família, ele temia por seu emprego. Por ser substituído. Por ser descartado. Por perder oportunidades. Ele sentiu na pele. Ele com certeza será uma exceção, porque a maioria dos líderes não passou e nem passará por isso e nunca entenderá.

O curioso é que o colaborador contou ainda que ouvia comentários e brincadeiras dos próprios familiares e dos amigos sobre o seu longo afastamento. Depois desse caso, entendi que não é apenas uma mudança de cultura na empresa. É uma mudança de cultura da sociedade.

Há tempos o RH deixou de ser uma área meramente administrativa para ser um setor fundamental para o sucesso dos negócios. Mas, muito além disso, para ser vanguardista e precursor de movimentos que nos moldem como uma sociedade mais justa e equalizada.

Licença Parental: um avanço organizacional e social

Por Marcela Ziliotto, Head de People da Pipo Saúde e mãe de dois meninos, Gabriel e Leonardo.

 

 

 

Ouça o episódio 185 do podcast RH Pra Você Cast, “A relação do mercado de trabalho com as mulheres está mesmo evoluindo?“. Segundo dados de um estudo realizado pela Think Olga, 86% das mulheres sentem que sua carga de responsabilidade é muito alta, enquanto quase 60% têm a responsabilidade de cuidar de alguém. Diante de um mercado de trabalho já desafiador para o público feminino, uma vez que muitos tabus ainda estão distantes de serem quebrados em algumas empresas, a jornada dupla de trabalho se soma como mais um enfrentamento para as profissionais brasileiras. o RH Pra Você Cast convidou duas grandes referências em inclusão para debater ações que o RH pode tomar para garantir o bem-estar das mulheres em ambiente de trabalho. Jorgete Lemos, sócia fundadora da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços, e Maíra Liguori, Diretora das organizações da Think Eva, trouxeram uma importante discussão sobre as melhorias que podem ser promovidas. Confira!

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Foto: Depositphotos