Nos últimos dois anos, presenciamos uma aceleração de mudanças significativas na forma como as pessoas vivem, trabalham, compram e socializam, mais do que em qualquer momento nos últimos 70 anos.

À medida que as sociedades se abrem novamente, independentemente dos sinais de recuperação da economia, fica claro que não vamos mais voltar ao que era em 2019.

Nós já estamos vivendo em um novo contexto e precisamos ser ágeis o suficiente para continuarmos a nos adaptar a novos hábitos e comportamentos. Um dos importantes desafios que tais tendências nos trazem é a definição de qual modelo será o mais adequado no Futuro do Trabalho.

Há os que defendem o trabalho 100% remoto e apontam como principais vantagens: a possibilidade de buscar talento em qualquer lugar, proporcionando um leque maior de opções de carreira junto a empresas antes inacessíveis por questões geográficas; menor tempo de deslocamento e redução da ausência do convívio familiar.

No entanto, neste modelo encontramos diversos desafios que vão desde como disseminar os valores da empresa à distância e garantir engajamento e motivação, até mesmo como se fazer “presente” e ser reconhecido pela liderança em momentos de promoção.

Já os que defendem a volta ao trabalho presencial também citam suas vantagens e ressaltam que a convivência é terreno fértil para fortalecer a cultura, reunir times multidisciplinares e gerar novas ideias e aprendizados. Entretanto, sabemos que 15 milhões de profissionais estão pedindo demissão de seus empregos que serão presenciais. (fonte: The Great Attrition)

No modelo híbrido de trabalho tentamos buscar o melhor de ambos os cenários.  Mas até mesmo o conceito do “híbrido” é, por si só, ponto de dúvida.

Híbrido é ter parte do time trabalhando remotamente e a outra parte presencialmente?

Ou híbrido é ter todos os funcionários alguns dias trabalhando remotamente e o restante do tempo na empresa?

Ou, ainda, híbrido é ter o dia a dia em modelo remoto e as grandes reuniões, treinamentos, o onboarding e celebrações no presencial?

Ou seja: também no modelo híbrido, os desafios se mantêm.

Independentemente do modelo a ser seguido, nesse futuro já presente, acredito ser fundamental perguntarmos qual experiência queremos proporcionar para as nossas pessoas. Isso porque mais do que onde e como o trabalho será realizado, será a experiência de fato que irá ou não proporcionar engajamento, colaboração e inovação.

Você pode estar em um trabalho remoto ou híbrido, que se não for conduzido adequadamente, ao invés de trazer flexibilidade, liberdade e autonomia, o seu talento pode experienciar excesso de trabalho, ansiedade por resultados e entregas, sobrecarga e burn-out.

Ou seja, mesmo que haja 100% de comprometimento dos times para conduzir um trabalho eficaz, seja remoto, híbrido ou presencial; nem sempre isso é possível. A ausência de algumas habilidades, métodos e ferramentas de gestão adequados e o despreparo da liderança fazem com que o trabalho, seja o modelo que for, possa se tornar um “caos”.

Nesse mundo distribuído, dinâmico e digital, cheio de incertezas, o RH se vê muitas vezes pressionado a dar as respostas para as perguntas mais difíceis:

  • “Vamos continuar remotos?”;
  • “Existirá diferença no salário dos remotos x presenciais?”;
  • “Os benefícios serão diferentes?”;
  • “Haverá prioridade na promoção daqueles que estiverem no escritório?”;
  • “Como segurar os melhores talentos?”…

No meu entender é papel da área de RH conduzir a organização na busca dessas respostas, não apenas trazendo referências, mas desenhando em conjunto com seus integrantes soluções que façam sentido.

Para isso, aplicar as técnicas do Human Centric Design e das Metodologias Ágeis, certamente ajudará na construção do melhor modelo para a sua organização. Mas será importante ter a dimensão que as soluções podem ser provisórias e será necessário revisitá-las dentro de ciclos contínuos de melhoria.

Híbrido x Remoto: Eu quero a sorte de acordar e não pegar trânsito

Por Paola Klee de Vasconcellos, diretora executiva de RH da Dentsu Aegis Network. Paola conta com 19 anos de experiência como líder de RH para empresas nacionais e multinacionais, com responsabilidade por todos os subsistemas da área no país. Ela também liderou projetos globais de planejamento de força de trabalho e definição da estratégia de talentos para a região da América Latina. Sua paixão é transformar culturas a partir de uma mentalidade de crescimento e dos princípios e valores ágeis, que capacitam indivíduos, equipes e toda a organização a prosperar e entregar valor aos clientes. Ela é bacharel em psicologia com pós-graduação em administração de empresas e se certificou recentemente em Agile HR, Human Centric Design, Agile Coach, Scrum Master, Kanban e iniciou uma pós-graduação em Psicologia Positiva. 

Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 70, “Quais competências não podem mais faltar para um profissional de RH?” com Emanuella Velez, uma das 25 mais influentes vozes do LinkedIn no Brasil. Clique no app abaixo:

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